Capítulo 12

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A viagem de volta para casa foi tranquila, com Victor ao volante e o porta-malas cheio das compras que fizemos no shopping. Enquanto ele dirigia, olhei para ele pelo canto dos olhos, planejando a próxima vez em que tentaria lhe dar algum presente. A ideia me deixava animada, mesmo sabendo que ele era teimoso demais para aceitar.

Chegamos em casa e Victor saiu do carro, pronto para pegar todas as sacolas sozinho.

— Espera aí, eu ajudo. — Saí rápido para pegar algumas sacolas, mas ele não deixou.

— Pode deixar, senhorita. Esse é meu trabalho. — Ele disse, sempre sério.

— Mas pelo menos aceita minha ajuda. — Falei com um tom quase de súplica, tentando convencê-lo.

Ele olhou para mim com uma leve expressão de cansaço, mas logo assentiu, entregando-me apenas uma sacola pequena. Revirei os olhos, rindo, mas já era um começo.

Entramos em casa e deixamos as sacolas na sala. Eu estava exausta, mas antes de subir para o meu quarto, me virei para ele, com uma idéia fixa.

— Victor, eu queria te agradecer por hoje. De verdade. — Ele franziu a testa, um pouco confuso.

— Só fiz o meu trabalho. — Respondeu, tentando manter o tom distante.

— Mesmo assim. Você me fez companhia e me deu bons conselhos. — Sorri, querendo quebrar um pouco daquele ar de segurança impassível que ele sempre mantinha.

Ele abriu um meio sorriso, quase imperceptível.

— Fico feliz em ajudar. Agora suba, tome um banho e desça para comer alguma coisa. O jantar já passou.

— Quer jantar comigo?

— Desculpa, senhorita, mas terei que recusar, planejei de ajudar meus pais com a janta em casa. Obrigado por hoje, até amanhã. — Ele se vira e some ao atravessar a porta.

Amanhã mesmo voltarei ao shopping para comprar algo pra ele, ele que me aguarde.

Enquanto pensava sobre oque daria a Victor, mamãe apareceu atrás de mim, parada na escada cobrida com sua manta de cetim vinho.

— Boa noite querida, achei que demoraria mais. Estava com Victor, né? — Ela diz descendo as escadas e vindo até mim.

— Sim mãe, falando nisso, quero pedir uma coisa pra você e pro papai.

— Pode pedir.

— Deixa Victor ser meu segurança? — Sou direta, a deixando confusa.

— Mas por que meu amor? Você está correndo perigo? Está sendo ameaçada?

— Claro que não mãe, eu só...sei lá, Victor precisa de uma companhia, eu notei que ele é bem deprimido, pode ser impressão, mas ele é sempre tão sério.

— Tudo bem filha, ele pode sim ser seu segurança, de agora em diante, Victor irá andar apenas com você. Vamos contratar outro motorista para mim e seu pai. — Dou pulinhos animada e corro abraçá-la.

— Obrigado mamãe você é demais! — Corri para o sofá e peguei as diversas sacolas de compra que havia feito. Está bem pesado, nossa.

Dei boa noite para minha mãe e subi para o meu quarto.

A idéia de ter Victor como segurança exclusivo me deixava animada, e eu sentia que, aos poucos, conseguiria quebrar aquela muralha de seriedade dele. Era quase um desafio pessoal fazer com que ele baixasse um pouco a guarda.

Tranquei a porta do meu quarto e larguei as sacolas no chão.

Vou testar um creme corporal de banho que comprei, tem cheiro de frutinhas vermelhas, parece muito bom.

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