A viagem de volta para casa foi tranquila, com Victor ao volante e o porta-malas cheio das compras que fizemos no shopping. Enquanto ele dirigia, olhei para ele pelo canto dos olhos, planejando a próxima vez em que tentaria lhe dar algum presente. A ideia me deixava animada, mesmo sabendo que ele era teimoso demais para aceitar.
Chegamos em casa e Victor saiu do carro, pronto para pegar todas as sacolas sozinho.
— Espera aí, eu ajudo. — Saí rápido para pegar algumas sacolas, mas ele não deixou.
— Pode deixar, senhorita. Esse é meu trabalho. — Ele disse, sempre sério.
— Mas pelo menos aceita minha ajuda. — Falei com um tom quase de súplica, tentando convencê-lo.
Ele olhou para mim com uma leve expressão de cansaço, mas logo assentiu, entregando-me apenas uma sacola pequena. Revirei os olhos, rindo, mas já era um começo.
Entramos em casa e deixamos as sacolas na sala. Eu estava exausta, mas antes de subir para o meu quarto, me virei para ele, com uma idéia fixa.
— Victor, eu queria te agradecer por hoje. De verdade. — Ele franziu a testa, um pouco confuso.
— Só fiz o meu trabalho. — Respondeu, tentando manter o tom distante.
— Mesmo assim. Você me fez companhia e me deu bons conselhos. — Sorri, querendo quebrar um pouco daquele ar de segurança impassível que ele sempre mantinha.
Ele abriu um meio sorriso, quase imperceptível.
— Fico feliz em ajudar. Agora suba, tome um banho e desça para comer alguma coisa. O jantar já passou.
— Quer jantar comigo?
— Desculpa, senhorita, mas terei que recusar, planejei de ajudar meus pais com a janta em casa. Obrigado por hoje, até amanhã. — Ele se vira e some ao atravessar a porta.
Amanhã mesmo voltarei ao shopping para comprar algo pra ele, ele que me aguarde.
Enquanto pensava sobre oque daria a Victor, mamãe apareceu atrás de mim, parada na escada cobrida com sua manta de cetim vinho.
— Boa noite querida, achei que demoraria mais. Estava com Victor, né? — Ela diz descendo as escadas e vindo até mim.
— Sim mãe, falando nisso, quero pedir uma coisa pra você e pro papai.
— Pode pedir.
— Deixa Victor ser meu segurança? — Sou direta, a deixando confusa.
— Mas por que meu amor? Você está correndo perigo? Está sendo ameaçada?
— Claro que não mãe, eu só...sei lá, Victor precisa de uma companhia, eu notei que ele é bem deprimido, pode ser impressão, mas ele é sempre tão sério.
— Tudo bem filha, ele pode sim ser seu segurança, de agora em diante, Victor irá andar apenas com você. Vamos contratar outro motorista para mim e seu pai. — Dou pulinhos animada e corro abraçá-la.
— Obrigado mamãe você é demais! — Corri para o sofá e peguei as diversas sacolas de compra que havia feito. Está bem pesado, nossa.
Dei boa noite para minha mãe e subi para o meu quarto.
A idéia de ter Victor como segurança exclusivo me deixava animada, e eu sentia que, aos poucos, conseguiria quebrar aquela muralha de seriedade dele. Era quase um desafio pessoal fazer com que ele baixasse um pouco a guarda.
Tranquei a porta do meu quarto e larguei as sacolas no chão.
Vou testar um creme corporal de banho que comprei, tem cheiro de frutinhas vermelhas, parece muito bom.
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Além Do Tempo
RomanceDesde a infância, Katherine e Adrian eram inseparáveis, devido serem vizinhos e seus pais terem empresas associadas. Brincadeiras no quintal, segredos compartilhados e sonhos de um futuro juntos marcaram seus primeiros anos. Mas, como o tempo e a vi...