Um Dia Infernal na Vida de Choi Soobin (pt. 1

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Os primeiros raios de sol entravam pelas cortinas finas, desenhando padrões de luz e sombra pelo quarto de Soobin. Deitado na cama, ele observava as partículas de poeira que flutuavam no ar, perdendo-se por alguns segundos naquele movimento lento e tranquilo. Ele sabia que a paz daquele momento era frágil, uma calma passageira antes da tempestade.

O alarme tocou, rasgando o silêncio com um som estridente que ressoava como um lembrete cruel do que o aguardava. Ele estendeu a mão com pressa, desligando o aparelho e sentando-se devagar. O reflexo no espelho lhe mostrava o rosto abatido, com as olheiras marcadas pelo sono agitado da noite anterior. Seu cabelo platinado, contrastando com o uniforme escuro, parecia uma afirmação ousada, mas ele sabia que era apenas uma das poucas formas de expressar o que sentia por dentro - uma mistura de fragilidade e coragem silenciosa.

Ele ajeitou o colarinho da camisa e desceu as escadas com passos lentos, como se esperasse que cada degrau prolongasse a calma antes de encontrar sua mãe.

Quando Soobin entrou na cozinha, encontrou sua mãe, Choi Jihye, em pé ao lado da mesa, com uma expressão séria e fria. Ela segurava uma xícara de café, soprando o vapor com a mesma impaciência que parecia dedicar ao filho. Ele sentiu o peso daquele olhar, que parecia atravessar sua pele, vasculhando cada detalhe de sua aparência como se procurasse falhas.

- Demorou para descer, Soobin - ela começou, sem esconder a irritação. - Como espera ser alguém na vida se nem consegue acordar direito? - Ela bufou, apertando os lábios em uma linha fina. - Eu sinceramente esperava que fosse tomar jeito agora que está indo para uma nova escola. Pensei que pudesse, pelo menos, agir como um homem.

As palavras dela atingiam Soobin como pequenas punhaladas, e ele, instintivamente, abaixou o rosto, fixando o olhar no chão. Sentia uma mistura de vergonha e ressentimento, mas sabia que qualquer resposta apenas prolongaria a discussão.

- Olhe para mim, Soobin! - exigiu Jihye, aproximando-se mais, com um tom ainda mais severo. - Esse seu jeito... fraco, patético, só te trouxe problemas. Você foi expulso da última escola por culpa própria! Só faz as pessoas te olharem como um fracote, um alvo fácil.

Ele respirou fundo, tentando conter as lágrimas que ameaçavam se formar. Sabia que não adiantaria chorar ali, não com ela. Mesmo assim, a tristeza misturada à vergonha era quase insuportável. A mão dela tocou seu ombro, mas não com carinho, e sim para obrigá-lo a levantar a cabeça e encará-la.

- Vai chorar agora? - ela zombou, um sorriso cruel surgindo em seu rosto. - Isso é tudo o que consegue fazer? Ser uma menininha chorona?

Ele mordeu o lábio, sentindo o rosto começar a esquentar, mas manteve-se calado, tentando manter o controle. No entanto, Jihye, ao ver o brilho úmido em seus olhos, perdeu a paciência e ergueu a mão com força, desferindo um tapa tão forte que o som ecoou pela cozinha.

O impacto fez sua cabeça se virar, e ele sentiu a ardência se espalhar pela pele, cada segundo intensificando a dor. O gosto metálico em sua boca era um lembrete de que a realidade era ainda mais dura do que ele gostaria de admitir.

- Você é um homem, Soobin! - ela exclamou, seu tom cortante. - Comece a agir como tal, ou vai acabar sozinho, como o inútil que parece ser.

Ele não respondeu. A dor física era pequena diante do peso emocional. Sua garganta estava apertada, os olhos ardiam, mas ele manteve a cabeça abaixada, saindo da cozinha em silêncio.

Soobin andou rápido, tentando afastar-se de casa o mais rápido possível, como se o ar lá fora pudesse aliviar a dor que latejava no rosto e no peito. Ele sabia que aquele colégio não seria fácil, mas ao menos era uma chance de começar de novo - ou ao menos era o que ele esperava.

Sob o Peso do Nome - YeonbinOnde histórias criam vida. Descubra agora