Pós-traumático ( pt. 2

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Após sair do banheiro, Soobin enfrentou um corredor apinhado de gente, pessoas famintas e sem paciência, empurrando-se para todos os lados sem qualquer noção de espaço. Sentia-se sufocado, incapaz de se mover livremente; era como estar preso entre versões diferentes de sua mãe e Beomgyu — frias, brutas, indiferentes ao que ele sentia. Ele continuou andando, apoiando-se nas paredes e ignorando os olhares de quem o via passar, pálido e hesitante.

Finalmente, chegou na sala antes que o professor entrasse, soltando um suspiro de alívio. Ao adentrar o ambiente, percebeu a presença de Yeonjun, o garoto que vira no primeiro dia, sentado em uma das fileiras do meio. Desta vez, ele estava imerso em seu sketchbook preto, desenhando com uma expressão focada, quase indiferente ao redor. Soobin, sem querer chamar atenção, achou fácil ignorar a presença dele. Afinal, ele já estava acostumado a passar despercebido, então manter-se na própria bolha era quase uma rotina.

A sala logo começou a encher, e o barulho aumentava conforme os alunos se acomodavam e conversavam, mas Soobin mal conseguia distinguir uma voz da outra, seu corpo ainda dolorido e tenso demais para relaxar. Pouco depois, o professor Lee entrou, carregando uma pilha de papéis e, sem perder tempo, anunciou que passaria um trabalho em dupla, já no segundo dia de aula.

— Vocês podem escolher suas duplas, mas sejam rápidos — informou o professor, abrindo uma pasta em cima da mesa.

Ao ouvir isso, Soobin sentiu o estômago revirar e murmurou baixinho, quase como um desabafo:

— Merda...

Ele sabia, com uma certeza pesada e quase rotineira, que acabaria sozinho. As pessoas ao redor dele mal faziam questão de disfarçar o quanto evitavam qualquer interação. Era irritante, mas ele já estava cansado demais para contestar ou pedir por uma mudança.

As duplas foram se formando rapidamente, amigos se unindo quase que automaticamente, enquanto ele continuava no canto, como esperado. Para sua surpresa, no entanto, viu que Yeonjun ainda estava sozinho. Por um momento, hesitou, mas, antes que pudesse pensar muito, Yeonjun se aproximou e começou a falar sobre o trabalho, sugerindo ideias e uma divisão de tarefas sem esperar uma resposta muito elaborada de Soobin.

— Então, cada um faz sua parte e depois a gente junta tudo, beleza? — propôs Yeonjun, a voz casual e prática.

Soobin, ainda desconfiado de tudo e todos, apenas assentiu, temendo demais qualquer tipo de aproximação, ainda mais vinda de alguém com o mesmo sobrenome. A recente aversão que sentia pelo próprio nome era quase um peso físico; Choi representava, para ele, tudo de pior que ele já havia sofrido. Por conta disso, cada palavra de Yeonjun parecia mais um teste que ele precisava passar, uma prova para ver até onde ele poderia confiar.

Para manter as coisas seguras e sem muita exposição, sugeriu que, após a divisão, pudessem juntar as partes na cafeteria próxima à delegacia — um local neutro e movimentado, onde ele se sentiria menos vulnerável.

Logo após a breve conversa com Yeonjun, a atenção de Soobin foi novamente puxada pelo professor Lee, que começava a ditar os detalhes do trabalho. Ele explicou que a tarefa deveria ser feita à mão, com pelo menos quatro páginas preenchidas sobre a matéria abordada. O professor falava sem parar, como se não se importasse com o cansaço visível nos rostos dos alunos, especialmente no de Soobin.

A notícia de que teria que dedicar horas a um trabalho escrito fez o estômago de Soobin revirar ainda mais. Ele mal conseguia ficar acordado, a cabeça latejava de maneira incessante, cada palavra do professor soava como um martelar constante em sua mente já exausta. E aquilo era apenas o começo: ele teria que suportar mais quatro aulas inteiras antes de finalmente poder ir para casa.

Sob o Peso do Nome - YeonbinOnde histórias criam vida. Descubra agora