Ligados pela Honra, Kim Namjoon.

Capítulo 7, Jung Nabi POV

A sala de estar da suíte foi decorada para o chá de panela. Eu esperava ser poupada dessa tradição, mas minha mãe insistiu que seria uma afronta às mulheres da família de Namjoon, se elas não pudessem me conhecer antes do casamento.

Eu alisei o vestido social verde, usei  pra trazer boa sorte, mas sabia que minha interpretação do que seria boa sorte neste momento, diferia muito da interpretação de Kim Namjoon e do meu pai.

Dohee não foi autorizada a participar do chá de panela porque era considera jovem demais, mas Areum brigou pelo seu direito de ficar, embora eu me preocupasse que pudesse haver outra razão por trás da
aceitação de minha mãe.

Areum faria dezessete anos em poucos dias, isso significava que ela estava quase em idade suficiente para casar também. Empurrei o pensamento de lado, eu podia ouvir a minha mãe e Areum discutindo no quarto sobre o que ela tinha que vestir
quando ouvi uma batida na porta da suíte.

Era um pouco cedo, os convidados deveriam começar a chegar apenas em dez minutos.
Eu abri a porta.

Yuna estava na minha frente, Junoh atrás
dela. Ela era minha prima, cinco anos mais velha que eu. A mãe dela e
a minha eram irmãs.
Ela sorriu, desculpando-se.

— Eu sei que estou adiantada. 

— Está tudo bem.

Eu disse, dando um passo para trás para
que ela pudesse entrar. Junoh recostou-se na cadeira do lado de fora da minha porta. Eu realmente gostava de Yuna, então eu não me importei de passar algum tempo a sós com ela. Ela era alta e graciosa,
morena, cabelo quase preto e olhos profundos.  Ela usava um vestido preto de saia lápis que atingia os joelhos. Seu marido Lee Min-ho havia morrido há seis meses, e meu casamento seria a primeira vez que ela usaria algo diferente de preto.

Às vezes era esperado das viúvas, especialmente quando eram mulheres
mais velhas, que vestissem luto por um ano após a morte do seu marido, mas Yuna tinha apenas vinte e três anos.
A idade de Namjoon.

Eu me peguei desejando que o marido dela tivesse morrido mais cedo, assim ela poderia ter se casado com Namjoon, mas depois me senti horrível, eu não deveria estar pensando assim.
Hongjong pairava ao lado da janela.

— Você poderia esperar lá fora? Um chá de panela não é lugar para um homem. 

Ele inclinou a cabeça e depois saiu sem dizer mais nada.

— Seu marido lhe enviou o seu próprio guarda-costas?

Perguntou Yuna.

— Ele não é meu marido ainda. 

— Não, não é. Você parece triste.

Disse ela com uma expressão
de conhecimento enquanto se sentava no sofá. Champanhe, refrigerantes e uma série de petiscos foram colocados em uma mesa atrás de nós.
Engoli em seco.

— Assim como você.

Falei e me senti imediatamente
estúpida por dizer algo assim.

— Meu pai quer me casar de novo.

Disse ela, torcendo a aliança de casamento. Meus olhos se arregalaram.

— Mas assim, já? 

— Não de imediato. Aparentemente, ele já está falando com alguém. 

Eu não podia acreditar.

— Você não pode dizer não? Você já foi
casada. 

— Mas foi um casamento sem filhos, e eu sou muito jovem para ficar sozinha. Eu tive que voltar a morar com a minha família. Meu pai insistiu em me proteger.
 
Nós duas conhecíamos o código. As mulheres sempre precisavam de proteção do mundo exterior, especialmente se elas estivessem em uma idade de casar.

— Sinto muito.

— É o que é. Você sabe tão bem quanto eu. 

Eu ri amargamente.

— Sim. 

— Eu vi o seu marido quando visitei a mansão da Famíglia com meus
pais ontem. Ele é... Imponente. 

— Terrível.

Acrescentei calmamente. A expressão de Yuna suavizou, mas nossa conversa foi interrompida quando mamãe e Areum saíram do quarto, e logo depois mais convidadas chegaram.

Ganhei todo tipo de presente, desde roupa íntima e jóias até um dia em um spa de luxo.
A lingerie foi o pior, porém, e quando eu abri o presente da madrasta de Namjoon, Kim Mirae,  tive dificuldade em manter uma cara séria.
Levantei a camisola branca e sorri com esforço, ela era tão curta que nem sequer cobria muito minhas pernas.
Embaixo dela, dentro da caixa de presente, havia uma peça ainda menor : uma calcinha de renda branca que revelaria a maior parte da minha bunda e que era presa por um simples fio na parte de trás.

Um coro de murmúrios apreciativos veio das mulheres em torno de mim.
Eu fiquei boquiaberta com a lingerie. Areum passou os dedos discretamente contra sua têmpora.

— Isto é para sua noite de núpcias, — disse Kim Mirae com um brilho calculista nos olhos.

— Eu aposto que Namjoon vai adorar desembrulhar você. Precisamos agradar nossos maridos. Namjoon certamente espera algo ousado. 

Eu balancei a cabeça.
— Obrigada. 

Será que Namjoon pediu para sua madrasta me dar isso? Eu não ia
usar isso diante dele, não depois de ele ter me dado pílulas anticoncepcionais. Meu estômago revirou com preocupação, e ficou ainda pior quando as mulheres começaram a falar sobre sua noite de
núpcias.

— Eu estava tão envergonhada na hora da apresentação dos lençóis!

— A prima de Namjoon, Choi Yejin, sussurou.

— Apresentação dos lençóis?

Perguntei e o sorriso de Kim Mirae foi condescendente quando ela disse:

— Sua mãe não explicou isso para você? 

Olhei para minha mãe, que apertou os lábios quando duas manchas vermelhas aparecem nas suas bochechas.

— É uma tradição siciliana que a Famíglia orgulhosamente mantém por gerações.

Explicou Kim Mirae com os olhos fixos no meu rosto.

— Depois da noite de núpcias, as mulheres da família do noivo vão à suíte do casal para recolher os lençóis que eles passaram a noite. Depois esses lençóis são apresentados aos pais dos noivos e quem mais quiser ver a prova de que o casamento foi consumado e que a noiva era pura. Quando os primeiros homens da Coréia foram aceitos na Famíglia, trazendo da Itália para cá nosso império, eles também trouxeram as tradições do nosso "clã".

Kim Mirae contou isso com a cabeça erguida, pelo jeito estava contando uma história secular, daquelas que passam de mãe para filha. Seu momento foi interrompido por Choi Yejin que deu uma risadinha:

— Também chamada de tradição dos
lençóis ensanguentados por esse motivo.
 
Meu rosto estava congelado.

— Isso é uma tradição bárbara! Mãe, você
não pode permitir isso.

Areum falou mais alto do que deveria.
Minha mãe colocou a mão em seu ombro:

— Não cabe a mim.

— Está certo. Nós não vamos abandonar nossas tradições. E pelo que eu sei, você está bem protegida de atenção masculina, então não há nada a temer,  os lençóis vão
provar a sua honra. 

Kim Mirae falou com firmeza olhando pra mim. Os lábios de Areum se contraíram, mas tudo que eu conseguia pensar, era que esta tradição significava que eu  definitivamente tinha que dormir com Namjoon.