Capítulo 15

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Pov Soraya

Quando vi Simone ontem na minha porta, não acreditei no estado em que ela estava. Parecia tão abatida, tão distante de si mesma. Meu coração apertou ao vê-la assim.

Me senti estranha depois de quase ter a beijado num momento tão delicado. Eu já tinha me declarado antes, mas ontem, passei um pouquinho dos limites. Agora estou aqui, na cozinha, preparando um café da manhã reforçado, tentando compensar o deslize.

Fui tirada dos meus devaneios pela sua voz suave:

— Bom dia.

— Bom dia — respondi, tentando disfarçar a ansiedade. — Dormiu bem?

— Sim, eu tomei a liberdade de usar seu banheiro e algumas coisas, obrigada pela roupa — disse ela, enquanto se aproximava.

— Que isso, pode ficar à vontade. Sinta-se em casa. — Lhe entreguei uma xícara. — Preparei um chá pra você. Sei que não é fã de café.

— Obrigada, Soraya. Não precisava.

— Eu queria cuidar de você — soltei, sem pensar muito, o que a fez me olhar por um momento.

Sorri, meio sem jeito, tentando aliviar a tensão do momento.

— Vem, vamos sentar — convidei, apontando para a mesa já posta.

Simone hesitou por um momento, mas acabou se juntando a mim. Pegou a xícara de chá, mas não me olhava diretamente. A tensão entre nós ainda era palpável.

— Simone — comecei, com a voz suave, mas séria. — Eu quero te pedir desculpas mais uma vez por não ter contado quando soube sobre a Marta. Eu deveria ter sido sincera desde o início.

Ela suspirou, colocando a xícara de lado e finalmente me olhando nos olhos.

— Soraya, não foi só você — respondeu com a voz um pouco cansada. — Parece que todo mundo ao meu redor decidiu me esconder alguma coisa.

— Eu sei — falei, sentindo o peso do que ela estava dizendo. — Mas eu me sinto responsável também. Eu sabia como isso ia te afetar e ainda assim, fui covarde. Eu só... não queria te magoar mais ainda.

— Magoar? — Ela deu uma risada amarga. — Eu já estava magoada, só não sabia ainda.

— Eu sei que não vai ser fácil recuperar sua confiança — continuei, olhando diretamente para ela. — Mas estou disposta a fazer o que for preciso pra consertar isso.

Simone abaixou a cabeça, mexendo na xícara.

— Eu não sei se isso pode ser consertado — murmurou, a dor evidente em suas palavras.

Meu coração apertou ao ouvir aquilo. Eu queria tanto abraçá-la, tirar toda a dor que estava pesando sobre seus ombros. Mas sabia que, agora, tudo o que podia fazer era estar ali, do jeito que ela precisasse.

— Eu vou te dar o tempo que você precisa — disse, tentando manter a calma. — Mas, por favor, saiba que eu estou aqui... de verdade, pra você.

Simone permaneceu em silêncio por alguns instantes, os olhos fixos na xícara de chá, como se estivesse procurando respostas ali. Eu não queria pressioná-la, mas a cada segundo de silêncio, a angústia crescia dentro de mim.

— Eu... não sei se consigo confiar em alguém agora — ela finalmente quebrou o silêncio, sua voz baixa, quase um sussurro. — Tudo desmoronou. Me sinto tão perdida, Soraya.

Aquela confissão me cortou profundamente. Ela estava machucada, e eu sabia que nada do que dissesse poderia aliviar essa dor imediatamente.

— Eu entendo — falei suavemente, tentando conter a emoção na minha voz. — E não espero que as coisas voltem ao normal de uma hora pra outra. Só quero que você saiba que não está sozinha. Mesmo que eu tenha falhado antes, eu estou aqui... e sempre vou estar.

Império Tebet's - Passado de Simone TebetOnde histórias criam vida. Descubra agora