Capítulo 15
Gabriel suspirou, sentindo o peso da frustração em seus ombros. Já se passavam quase dois meses desde que ele começara a procurar Jussara, mas ela parecia ter sumido da face da terra. Aquela mulher realmente não queria ser encontrada, e embora a esperança fosse cada vez menor, ele não queria desistir. Sentia que precisava, ao menos, tentar vê-la uma última vez e, se possível, explicar tudo. No fundo, ainda tinha a ilusão de que poderia consertar o que havia feito.
Enquanto estava perdido em seus pensamentos, a porta do escritório foi aberta com um toque hesitante. Era seu filho, Marcos, que entrou com uma pilha de documentos.
— Pai, aqui estão os papéis para você assinar — disse Marcos, parecendo ligeiramente nervoso, o que chamou a atenção de Gabriel.
Gabriel olhou para os documentos apenas por alguns segundos antes de assinar, sua mente ainda dispersa. Notou, de relance, o sorriso aliviado e animado do filho ao assinar, mas não pensou muito sobre isso.
— Obrigado, pai! — Marcos disse, apressado e alegre, antes de sair.
Gabriel suspirou novamente. Decidido a clarear a mente, levantou-se, pegou o paletó e o vestiu. A monotonia e a obsessão pela busca já estavam sufocantes, e ele precisava de uma pausa. Então, saiu da sala avisando a secretária que voltava em breve.
No elevador, ele ergueu uma sobrancelha ao ver quem entrava: a mesma funcionária que, semanas atrás, tinha tentado seduzi-lo com um movimento provocante. Ela evitou seu olhar, ficando num canto do elevador, visivelmente desconcertada, o que ele ignorou sem dificuldades. Não queria alimentar ilusões ou mal-entendidos.
Ao chegarem ao térreo, Gabriel andou até uma cafeteria próxima, sentindo o ar fresco e, aos poucos, deixando a mente clarear. Algumas pessoas o olhavam discretamente enquanto ele caminhava. Sabia que ainda era um homem atraente, mesmo com mais de quarenta anos.
Gabriel entrou na cafeteria e foi direto para o balcão.
— Um café mocha, por favor — pediu ao atendente.
Enquanto aguardava, seu olhar ficou perdido na rua através do vidro da cafeteria. Em sua mente, revivia alguns momentos com Jussara, imaginando o que ela poderia estar fazendo agora e como ele acabara arruinando algo que talvez pudesse ter sido único. A saudade era mais intensa do que ele gostaria de admitir.
Enquanto se acomodava numa mesa próxima à janela, Gabriel afundava-se ainda mais em seus pensamentos. O desejo inquietante o consumia, não importava o quanto tentasse se distrair.
Havia semanas que ele sentia uma angústia que o mantinha em estado de alerta, como se algo estivesse faltando. Lembrava-se do breve encontro com a acompanhante que contratara meses atrás, mas nem isso havia conseguido acalmar seu desejo.
Não era sobre o ato em si; era sobre a presença de Jussara, o olhar dela, a intensidade de cada momento que compartilharam. Tentar se envolver com outra pessoa seria apenas uma farsa, algo que ele não estava disposto a aceitar.
De repente, o som do celular vibrando interrompeu sua linha de pensamento. Sem checar o visor, ele atendeu, pensando que fosse algum assunto de trabalho.
— Alô? — respondeu, quase desinteressado.
A voz do outro lado da linha, no entanto, capturou toda a sua atenção.
— Senhor Monteiro? Aqui é o detetive Silva. Eu tenho notícias.
Gabriel se endireitou na cadeira, sentindo o coração acelerar.
— Silva? Encontrou alguma coisa? — perguntou, tentando manter a calma, mas a ansiedade evidente em sua voz.
O detetive fez uma pausa breve antes de responder.
— Sim, senhor. Finalmente consegui localizar a senhorita Jussara. Foi difícil, mas posso confirmar que ela está trabalhando em uma fazenda no interior. Está segura.
Gabriel soltou um suspiro, sentindo um certo alívio misturado à adrenalina.
— Onde exatamente ela está, Silva? Eu preciso vê-la — ele disse, impaciente.
— A fazenda fica a algumas horas de carro daqui, mas sugiro que o senhor tenha cautela. Talvez seja melhor pensar bem sobre como abordá-la. Aparentemente, ela não quer ser encontrada.
Gabriel respirou fundo. Já havia pensado sobre isso inúmeras vezes, mas o que o detetive falava fazia sentido. Ainda assim, ele não conseguia deixar de lado a urgência de encontrá-la.
— Entendo, Silva... mas eu preciso de uma chance para falar com ela. Ela é importante demais para eu simplesmente desistir.
O detetive, após um breve silêncio, respondeu:
— Bom, senhor, farei o que puder para fornecer todos os detalhes e ajudá-lo. Vou enviar a localização exata e tudo o que descobri sobre a situação dela por mensagem.
— Obrigado, Silva. De verdade, não sei como agradecer — disse Gabriel, sentindo a intensidade de suas palavras.
Gabriel finalizou a ligação e olhou para a mensagem com o endereço da fazenda que acabara de chegar. A mente começou a processar os próximos passos enquanto ele se levantava, pronto para deixar a cafeteria.
***
Gabriel atravessou o andar com passos firmes. Seus pensamentos estavam distantes, focados apenas em uma coisa: o reencontro com Jussara. Ele ignorou completamente os cumprimentos e as tentativas de conversa dos funcionários que o viram sair do elevador, deixando-os confusos e trocando olhares sem entender o comportamento incomum do CEO.
Ao chegar ao corredor principal, Gabriel passou direto pela sala de sua secretária. Ele apenas abriu a porta de sua própria sala a deixando aberta e, enquanto tirava o paletó e o colocava na cadeira, disse em um tom direto e urgente:
— Preciso que consiga uma passagem para Goiânia, ainda hoje. E cancele todos os meus compromissos desta semana.
A secretária se levantou indo até a sala do chefe e o observou surpresa, hesitando por um segundo, mas logo respondeu com profissionalismo:
— Sim, senhor — disse ela, embora claramente intrigada, sem fazer perguntas.
Gabriel assentiu e puxou a cadeira para se sentar enquanto ela fechava a porta. Mal havia conseguido organizar os próprios pensamentos, e tudo o que sabia era que precisava estar o mais perto possível de Jussara, sem deixar que mais tempo se interponha entre eles.
Ao terminar de organizar as últimas pendências no escritório, Gabriel dirigiu-se para casa para arrumar uma pequena mala e tomar um banho. Enquanto escolhia algumas roupas e itens essenciais, seu celular vibrou com uma mensagem da secretária. Ela informava que, apesar de não conseguir encaixar um voo comercial, havia providenciado um jatinho particular para ele. Gabriel sorriu, satisfeito com a eficiência dela, e imediatamente ligou para seu motorista, pedindo que o levasse ao aeroporto.
No caminho, Gabriel recebeu mais uma mensagem da secretária. Ela havia alugado um carro em Goiânia para ele e, sabendo o endereço que ele buscava, também reservou uma pousada nas proximidades. Impressionado, ele respondeu agradecendo e pensando que, com tudo cuidadosamente planejado, agora só faltava chegar ao destino.
No trajeto até o aeroporto, seus pensamentos se concentravam na ideia de rever Jussara. Gabriel sentia-se ansioso e ao mesmo tempo um certa esperança. Não sabia como ela reagiria, mas estava decidido a ir até o fim e, de alguma forma, tentar recuperar o que havia perdido.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Apaixonado pela ex do meu Filho
RomanceHistória iniciada em Outubro Jussara é uma jovem enfermeira que, após uma traição devastadora, aceita um trabalho inesperado, cuidar do CEO Gabriel Monteiro, um homem poderoso, amargurado e marcado por um grave acidente. Dividida entre a resistênci...