Seven

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A chegada de Ava e a rotina.
Antes...

LEWIS HAMILTON

O barulho dos motores ao meu redor ecoava em minha cabeça, mas, mesmo entre a adrenalina e a euforia do GP de Abu Dhabi, minha mente não conseguia se afastar do que realmente importava. Ava. A imagem dela, pequena e perfeita, continuava a me assombrar. Ser pai era uma nova e avassaladora experiência, e eu lutava para equilibrar a necessidade de estar presente em casa com as exigências da minha carreira. Cada volta que dava na pista era um conflito interno, onde a paixão por competir se chocava com o desejo de estar com minha filha.

As luzes da pista brilhavam como estrelas em uma noite clara, mas a verdadeira luz na minha vida agora era minha filha. O que eu sentia por Ava era mais intenso do que qualquer vitória que já havia experimentado. À medida que eu me preparava para entrar no carro, a expectativa da corrida misturava-se com a urgência de estar em casa. Eu sabia que precisava concentrar-me, mas a imagem de Isla e Ava me acompanhava como um mantra silencioso.

O cheiro de borracha queimada e o barulho ensurdecedor dos motores me cercavam enquanto me preparava para a corrida. O sorriso da Ava estava sempre presente em minha mente, como uma foto em um porta-retratos que não consigo tirar dos olhos. Era a coisa mais preciosa que eu tinha e a cada corrida sentia que estava perdendo um pouco mais desse tempo que nunca voltaria.

A primeira volta foi cheia de emoção, e minha mente estava clara. Mas, à medida que a corrida avançava, a saudade começou a se misturar com a adrenalina. O telefone vibrou em meu bolso, e ao olhar, vi que era uma mensagem de Isla.

— Ava está dormindo. Ela é tão linda, Lewis. Você precisa vê-la logo.

A mensagem me atingiu como um soco no estômago. Queria estar lá. O que eu estava fazendo? Estava competindo por um troféu, mas o verdadeiro prêmio, a verdadeira vitória, estava em casa. O que valia mais: um pódio ou o sorriso da minha filha? Essa pergunta me atormentava em cada corrida, mas, por algum motivo, não conseguia respondê-la.

— Lewis! — a voz do meu engenheiro ecoou em meu ouvido. — Concentre-se! Você está em segundo lugar, mas precisamos de um desempenho melhor nas próximas voltas!

Respirei fundo, tentando afastar as distrações, mas a preocupação com a ausência em casa não desaparecia. A lembrança do olhar de Isla quando eu parti, a esperança e o amor que ela refletia, me deixava inquieto. Ela estava se dedicando intensamente à maternidade, enquanto eu, enquanto isso, estava a milhares de quilômetros de casa, competindo por pontos e troféus.

Nos dias seguintes, a rotina se repetia. A cada corrida, o mesmo ciclo: as práticas, a qualificação e a corrida principal. Enquanto isso, Ava crescia e eu não estava lá para testemunhar. Quando conseguia voltar para casa, os momentos eram breves e cheios de pressa. Isla me mostrava fotos e vídeos, e eu tentava compensar pelo tempo perdido, mas era difícil. A cada sorriso que via na tela, a saudade aumentava.

— Você deveria estar aqui, Lewis — disse Isla uma vez, sua voz suave, mas com um toque de tristeza. Estávamos conversando após uma corrida em que eu cheguei em primeiro lugar, mas a vitória não parecia completa.

— Eu sei, e sinto muito — respirei fundo, tentando me explicar. — As corridas... elas precisam de mim agora. Mas você e Ava são tudo para mim.

— Eu entendo, mas ser mãe é um trabalho difícil. Você não tem ideia do quanto sinto sua falta quando você está fora — ela olhou para mim, os olhos refletindo um misto de amor e dor. Era um olhar que eu conhecia bem, e que temia mais do que qualquer adversário na pista.

A pressão que eu sentia em relação a ser pai e piloto estava começando a se tornar opressiva. Eu me via em um ciclo sem fim, onde o desejo de vencer nas pistas me afastava da minha verdadeira vitória em casa. Cada vitória que conquistava no circuito era ofuscada pela ausência em casa. O peso da responsabilidade de ser pai estava se tornando mais intenso, e eu não sabia como equilibrar essas duas vidas.

Nos meses seguintes, as corridas continuavam, mas a sensação de estar em falta em casa era como uma sombra constante. Eu me lembrava de cada pequeno detalhe que Isla me contava sobre Ava, desde suas primeiras palavras até os pequenos marcos que não pude presenciar. A vida de minha filha estava passando diante de meus olhos, e eu me sentia impotente para detê-la.

A cada corrida, o mesmo ciclo se repetia, e a saudade se tornava cada vez mais pesada. Nas noites em que eu estava sozinho em um hotel, longe de casa, eu me pegava olhando fotos de Ava no meu celular, apenas para sentir um pouco da conexão que estava perdendo. Os rostos dos fãs e da equipe na pista não podiam substituir a visão do sorriso da minha filha.

Em um momento de vulnerabilidade, após uma corrida em Silverstone, decidi que precisava ser mais ativo na vida da minha filha. Falei com a equipe sobre ajustar meu calendário para que eu pudesse voltar para casa mais frequentemente. Embora a Fórmula 1 fosse exigente, eu sabia que poderia encontrar maneiras de estar presente.

As conversas não eram fáceis. Meu compromisso com a equipe era uma fonte constante de tensão. Havia sempre a expectativa de que eu entregasse resultados e fizesse o melhor para o time. No entanto, a necessidade de encontrar um equilíbrio entre meu papel como pai e piloto estava se tornando urgente.

— Eu vou estar lá mais, Isla. Eu prometo — disse a ela em uma videochamada, com Ava em seus braços. Quando Isla sorriu, vi um brilho de esperança em seus olhos, e isso me fez sentir que ainda havia tempo para nós.

Depois de muito diálogo, consegui ajustar meu calendário e procurei ser mais presente. Sempre que voltava para casa, fazia questão de passar cada segundo com Ava. A cada gargalhada, a cada passo que ela dava, meu coração se enchia de alegria. Eu assistia ao seu desenvolvimento de um bebê para uma criança, e cada pequena conquista dela era uma vitória que eu não queria perder.

Um dia, enquanto estava em casa, assisti Isla ensinar Ava a falar algumas palavras. A imagem delas juntas, rindo e brincando, me fez perceber o que realmente importava. Quando Ava finalmente disse "papai" pela primeira vez, meu coração explodiu de emoção. Eu a peguei nos braços, abracei-a com toda a força que tinha e deixei que a alegria dominasse aquele momento.

— Você ouviu isso? Ela disse papai! — eu disse a Isla, com um sorriso radiante.

— Sim, e você sabe o quanto isso significa para nós, Lewis. Você é tudo para ela — Isla olhou para mim, seu olhar iluminado de amor e orgulho. Era um momento que eu não trocaria por nada.

Com o tempo, comecei a me sentir mais em casa, mais presente. Mesmo nas semanas em que eu tinha que viajar, mantínhamos a comunicação aberta. Vídeos, mensagens de voz, chamadas — tudo isso se tornou uma parte essencial do nosso dia a dia. Quando eu estava longe, usava as redes sociais para enviar mensagens e fotos para Isla, e ela retribuía mostrando como Ava estava se desenvolvendo.

À medida que as corridas continuavam, eu tinha um novo foco. A paternidade era uma corrida por si só, e eu estava determinado a ser o melhor piloto e o melhor pai que eu poderia ser. Afinal, a vitória que eu realmente queria era o amor da minha filha. O peso da responsabilidade de ser pai era enorme, mas, ao mesmo tempo, era a força que eu precisava para continuar em frente.

As corridas poderiam ser minhas, mas o amor de Ava e Isla era o verdadeiro prêmio. O desejo de fazer parte da vida da minha filha cresceu, e eu sabia que, mesmo com todas as dificuldades, estava disposto a lutar por cada momento que pudesse passar com elas. O amor que sentia por Ava e a conexão que tinha com Isla se tornaram o combustível que alimentava não apenas minha carreira, mas também minha alma. Eu estava determinado a ser um piloto vitorioso e um pai presente, navegando pelas voltas da vida com a mesma determinação que levava para a pista.

𝐈 𝐒𝐓𝐈𝐋𝐋 𝐋𝐎𝐕𝐄 𝐘𝐎𝐔|| LEWIS HAMILTON Onde histórias criam vida. Descubra agora