You Make Me Crazy - Charlie Bushnell

013

ATENÇÃO! Esse capítulo contém cenas que podem ser gatilhos para algumas pessoas, então cuidado!

ANASTASIA ALLEN

Esmeralda. Uma pedra preciosa, uma personagem de novela mexicana ou a cigana de corcunda de notre dame. Mas para mim, ela é muito mais do que isso.

Ela representa a liberdade, aquilo que muitas pessoas almejam ter e ser, mas na maioria das vezes não podem. E interpretá-la em um solo de ballet me deixa extremamente nervosa, porque, mesmo que a liberdade seja algo que todos honrem, ela assusta, do mesmo jeito que ela se sentiu assustada ao perder alguém que ama.

Claro que eu nunca perdi alguém da mesma forma, mas ver alguém que você ama te deixar por outra família, sendo que ela deveria te ver como prioridade é extremamente frustrante. Quando minha mãe aparece, toda a coragem que Esmeralda me inspira, some de repente. Eu me sinto pequena, incapaz, tão frágil quanto uma boneca de porcelana.

– Tá fazendo o que aqui? – Pergunto para Charlie, que sentou na cadeira ao meu lado. É sábado de manhã, o que ele veio fazer na quadra?
– A academia fica vazia de sábado. – Ele estava com os cabelos molhados e a mochila pendurada nas costas. – O que acha de…espera, você vai dançar com um pandeiro? – Charlie pega o objeto que estava ao sobre a minha perna, passando os dedos pelas fitas que decoram o instrumento.
– É, eu vou – solto uma risada, terminando de arrumar minhas sapatilhas.
– Enfim. Vamos jantar depois?
– Claro.

Fico de pé, ajeitando a saia enquanto Brady continua anotando as coisas naquele ipad que me deixa agoniada. Eu nunca sei o que ela coloca ali. Pode ser algo que precisa ser melhorado ou mais uma etapa de um plano mega secreto da sua agência secreta russa.

Vou até o centro da quadra, começando a me aquecer. Ainda tem alguns passos que eu preciso melhorar, então acho que vou ficar um tempinho a mais ensaiando hoje.

– Tasi, vamos melhorar os saltos, tá legal? – Aceno com a cabeça, ficando na posição inicial da coreografia. Eu sei esse solo de cor desde que eu tenho doze anos, então quase não precisamos ficar fazendo passos um por um, como fazemos de costume.

Faço a coreografia duas vezes, voltando na posição inicial quando a música para.
– Coloque mais força nas pernas. – Brady diz, anotando mais coisas no ipad.
– Tudo bem – a música ecoa pela quadra novamente. Por causa do tipo do chão, é um pouco difícil fazer os passos da mesma forma que eu faria se estivesse em uma sala apropriada.

Eu começo a coreografia, focando nos passos que preciso ter as pernas firmes, mas fica difícil com esse chão escorregadio. A música segue tocando e eu continuo fazendo aquilo que deveria, até que a minha perna perde o controle e eu caio, batendo a cabeça no chão.

A música para e eu me viro de costas, resmungando por conta da dor na cabeça. Brady vem até mim, assim como Charlie, que se ajoelha do meu lado.

– Ana – Charlie coloca as duas mãos no meu rosto – abre os olhos.
– Dói – resmungo.
– Onde?
– Minha cabeça. – Sinto seus dedos indo até a minha testa, mas eu continuo de olhos fechados.
– Está saindo sangue. Temos que colocar um curativo.
– Tudo bem. Vamos levar ela para a emergência. – Escuto a voz de Brady, que pela primeira vem muito tempo estava tranquila.

– Tem um kit de primeiros socorros no vestiário. Eu posso fazer o curativo, não parece ser sério – Charlie diz – Princesa, você tem que levantar. Vamos fazer um curativo.

Eu balanço a cabeça lentamente, abrindo os olhos.

– Tudo bem? – Brady pergunta, abaixando um pouco o corpo.
– Tudo – respondo ficando sentada no chão.
– Eu vou ligar para o reitor para tentar conseguir alguma lona. – Ela fala e olha para Charlie – você fica com ela?
– Claro, vai tranquila.