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ANASTASIA ALLEN

Amizade é o tipo de relacionamento mais forte e ao mesmo tempo mais frágil que existe. Pode acontecer por conta do destino, que tentou ser um filho da puta, mas te deu uma pessoa especial.

Foi assim que eu conheci a Dior. Eles estava muito mal por conta do divórcio dos pais, e eu cheguei com um bolo de chocolate que meus pais fizeram, e a gente ficou amiga no mesmo instante.

Mas também, pode acontecer de repente, com alguém que você nem consegue imaginar. E esse é o meu caso com o Charlie. Quando a gente se conheceu, não pensei que passaria um dia todo ao seu lado ou que o chamaria de amigo, mas aqui estou eu, chegando no meu apartamento depois de passar horas conversando com ele depois de um término com meu namorado de ensino médio.

– Te vejo no treino, princesa.
– Boa noite, Ray – entro no apartamento, escutando a tão conhecida música de High School Musical tocar na TV.

Fecho a porta e olho para Dior, que estava sentada no sofá com um saquinho de nerds nas mãos. Ela ergue o olhar e sorri animada, pausando o filme.

– Me fala que você e o Charlie estavam se pegando no carro dele. – Ela se ajeita no sofá e eu nego com a cabeça, rindo enquanto caminho para sentar ao seu lado.

– A gente só saiu para comer. – pego um dos doces no saquinho.
– Qual é, Tasi. Você me mandou mensagem no meio da tarde falando que ia sair com ele e quando eu chego em casa, você não está e quando chega é do lado dele.

Desde a festa, Dior e Robbie tem ficado bem próximos. Ela ainda não me disse o que está acontecendo e sei que a minha amiga não é do tipo que fica com o mesmo cara várias vezes, já que ela mesma diz que não tem tempo para relacionamentos sérios quando precisa se preparar para ganhar o Oscar.

Ela me disse que os dois sairam durante a tarde para comer e conversar um pouco, mas quando ela não voltou para dormir em casa depois da festa dos meninos, sei que teve algo a mais.

– Eu terminei com o Cole – falo de uma vez.
– Você está falando sério? – Seus olhos ficam arregalados e suas sobrancelhas se erguem. – Tasi, como você está.
– Estou muito bem – Pego mais um doce e olho para Dior – Eu demorei muito tempo para entender que nunca precisei do Cole e que ele só me fazia mal. A partir de hoje, ele não vai mais mandar em mim.
– Estou tão orgulhosa de você – Ela sorri abertamente e me abraça apertado. – E como ele reagiu?

Na verdade, a reação de Cole me surpreendeu. Eu pensei que ele fosse surtar e até partir para cima de mim, mas ele ficou tranquilo e saiu quando eu mandei. Espero que as coisas continuem assim, porque eu não quero mais nenhum tipo de conflito vindo dele ou de qualquer coisa relacionado a esse relacionamento.

– Onde está o Omar?
– Ele e o Harry sairam para buscar bolo, temos que comemorar.
– É aniversário do Harry? Eu jurei que era só…
– Não. Isso não – Dior fica de pé e caminha té a bolsa que estava perto do sofá. – Adivinha quem vai para Nova York ver Hamilton ao vivo? – Ela chacoalha o panfleto da peça na minha frente.
– Meu Deus, estou tão feliz por você. – Fico de pé, a abraçando.

Dior e Omar são muito apaixonados por aquilo que fazem e eu tenho certeza que vão ser os melhores atores que esse mundo já viu.

– Feliz por vocês – Omar entra em casa e vai até mim correndo.

Meu irmão quer trabalhar no teatro e sempre foi e ainda vai a peças, mas nunca na Broadway, então nem consigo imaginar como ele deve estar feliz.

– Como vocês conseguiram isso? – Vou até o armário da cozinha e pego quatro taças. Eu sei que é segunda, mas ninguém precisa acordar cedo amanhã.

– Pega mais duas – Harry fala e corre para fora do apartamento.

Logo ele volta com Robbie e Charlie, confusos enquanto caminham para dentro do apartamento.

– Vamos comemorar o que? – Robbie pergunta. Eu pego as taças e o vinho na geladeira, colocando sobre o balcão na cozinha. Harry coloca o bolo ao lado.

– Vamos comemorar que Dior e eu estamos arrasando arrasando nas aulas, que vamos para Nova York no fim de semana, que a Tasi terminou com aquele escroto do Cole, que ela e o Harry estão prestes a ganhar um título inédito para essa faculdade e que vocês dois estão deixando o basquete desse lugar em nível nacional. – Omar fala de uma vez, colocando o líquido nas taças.

– Temos muitas coisas para comemorar pelo jeito – Charlie comenta, passando a mão pelo cabelo ainda molhado.

–  Com certeza – Harry comenta, pegando os pratinhos para colocar o bolo.

Todos sentaram nos banquinhos perto do balcão, com o bolo e o vinho na frente. São esses momentos que eu percebo que não preciso de mais nada. Estar com eles, numa noite de segunda feira, sem preocupações, só conversando.

E quando eu penso que uma amizade pode ser frágil, eu nunca penso nessas pessoas, até mesmo Charlie, que nunca tinha pensando em considerar como um amigo.

– Então um brinde – Charlie fala, erguendo a taça – a nós, eu acho. – todos riem, estendo as taças também.
– O mundo não está preparado para nós – Dior comenta tomando um gole do vinho.

….

– A gente nem conseguiu conversar – Omar entra no meu quarto. Eu já estava pronta para dormir. Harry, Charlie e Robbie voltaram para casa e eu jurei que meu irmão iria com o namorado. – Fiquei surpreso quando você me mandou a mensagem.

– Eu pensei nisso por muitos dias – Omar deita ao meu lado, colocando a coberta sobre o corpo. – Foi a melhor coisa que eu fiz. Foi como…me libertar, sabe?

– Fico tão feliz por você, Tasi – ficamos frente a frente e eu sorrio. – O que foi?

– A gente sempre ficava assim quando éramos crianças. Você vinha para minha cama quando tinha medo de ficar sozinho no quarto.

Omar e eu dividimos o mesmo quarto até os cinco anos, e então, o quarto de hóspedes virou o meu e ele ficou com um pouco de medo por causa da mudança e sempre ia dormir comigo. Com o passar do tempo, isso foi mudando e ele parou de ir até lá.

– Eu não tinha medo, só não queria te deixar sozinha.
– Que mentira. Teve uma vez que você chorou porque acordou e eu não estava lá.
– O que eu posso fazer? Não vivo sem a minha Bubba. – Omar se aproxima e me abraça apertado.

Eu não consigo explicar o amor que eu sinto por ele, é algo que transborda e eu faria de tudo pelo meu irmão.

– Eu vi você o Charlie essa noite. – Ele comenta ainda abraçado ao meu corpo.
– Somos amigos
– Eu sei, o que me surpreendeu, não vou negar – nós rimos – Mas ele é um cara tão legal, pode funcionar.
– Não quero pensar em nada disso agora. Quero focar no ballet e na Esmeralda.
– Eu entendo. Mas não faz ter algo desse tipo. Ele te trata bem.. pode ser qualquer coisal.
– Não gosto de relacionamento casual.
– Do jeito que ele te olha, não é casual o que eu estou falando.




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