capítulo 3

3 1 0
                                    

                          Noite das Confissões

A brisa noturna soprava suave sobre Tempest, e as estrelas brilhavam intensamente no céu. Rimuru e Veldora estavam no jardim do castelo, lado a lado, as mãos ainda entrelaçadas após o momento de confissão silenciosa. O silêncio era confortável, mas ao mesmo tempo carregado de algo que ambos tinham dificuldade em expressar.

"Veldora..." Rimuru começou, a voz suave e hesitante. "Você já... amou alguém antes?"

O dragão franziu o cenho, surpreso com a pergunta. "Amar? Bom, eu sou um dragão de verdade, sabe? Não tive muitas chances de pensar nisso, especialmente porque fiquei selado por tanto tempo." Ele fez uma pausa, olhando para Rimuru com uma intensidade crescente. "Mas, desde que te conheci, acho que estou descobrindo o que é isso."

Rimuru desviou o olhar, sentindo um leve rubor em sua forma humana. Era uma sensação estranha, mas ao mesmo tempo confortante, ouvir Veldora expressar algo tão vulnerável. "Sabe, eu também não tive muito contato com esse tipo de sentimento. Na minha vida passada, eu estava tão focado em trabalho que nem pensava nisso. Mas com você... é diferente."

"Então, o que estamos sentindo... é amor?" Veldora perguntou, sua voz levemente hesitante, como se experimentasse cada palavra com cuidado.

Rimuru sorriu, apertando um pouco mais a mão de Veldora. "Acho que sim," ele respondeu, a voz quase um sussurro.

Por um momento, eles apenas ficaram ali, cada um absorvendo as palavras do outro. O silêncio dizia muito mais do que qualquer diálogo que poderiam ter. Veldora, o poderoso dragão que há tanto tempo desconhecia a vulnerabilidade, e Rimuru, o slime reencarnado que nunca imaginou sentir algo tão profundo. Ambos estavam imersos na compreensão de que esse laço, que começou como uma amizade, havia se transformado em algo precioso.

"Rimuru," Veldora falou após um tempo, com a voz suave. "Prometo que, enquanto eu existir, ninguém te machucará. Não importa quem ou o que apareça, vou estar ao seu lado. Para sempre."

Rimuru sentiu o coração acelerar. Ele sorriu, sentindo o calor daquela promessa. "E eu prometo que sempre estarei com você também, Veldora. Não importa o que aconteça."

Nesse instante, Veldora se inclinou, e com um movimento suave, aproximou o rosto do de Rimuru. Suas testas se encostaram, e ambos fecharam os olhos, sentindo a conexão entre eles. A proximidade era quase mágica, e o mundo ao redor parecia desvanecer, restando apenas eles dois e a energia que os envolvia.

Na manhã seguinte, os dois decidiram sair em uma expedição para investigar rumores sobre uma criatura mágica que estava causando tumulto nas aldeias ao redor de Tempest. A notícia chegou aos dois através de Rigur, que veio correndo com uma expressão de preocupação.

"Senhor Rimuru! Veldora! Recebemos notícias de que uma fera colossal tem atacado as aldeias vizinhas. Nossos soldados estão lidando com isso, mas precisaríamos da sua ajuda para resolver a situação."

Rimuru trocou um olhar com Veldora, que sorriu, empolgado pela ideia de enfrentar uma nova ameaça. "Acho que podemos dar uma ajuda, não é?" Rimuru disse, com um brilho de excitação no olhar.

"É disso que eu gosto!" Veldora exclamou, com um riso alto e entusiasmado. "Vamos mostrar para essa criatura quem manda por aqui!"

Eles partiram juntos, com Rimuru liderando o grupo. A presença de Veldora ao seu lado, como sempre, dava a Rimuru uma sensação de segurança e poder incomparáveis. Após algumas horas de viagem, eles finalmente chegaram à aldeia que havia sido mais afetada. As casas estavam destruídas, e os moradores estavam assustados, mas aliviados ao ver Rimuru e Veldora.

"Senhor Rimuru, por favor, nos ajude!" um aldeão suplicou. "Essa criatura surgiu do nada, causando destruição sem motivo!"

Rimuru assentiu, consolando os moradores com um sorriso reconfortante. "Não se preocupem. Vamos cuidar disso."

Não demorou muito para que a criatura surgisse das sombras da floresta. Era um monstro gigantesco, com dentes afiados e olhos vermelhos brilhando com raiva. Mas, antes que Rimuru pudesse dar qualquer comando, Veldora avançou, rindo com entusiasmo.

"Eu estava esperando por isso!" Veldora gritou, se transformando em sua forma de dragão e encarando a criatura, que recuou, hesitante, ao sentir a aura do Dragão da Tempestade.

Rimuru observou com admiração e um toque de apreço. Mesmo em combate, Veldora era uma presença forte e cativante. Com um simples gesto, Veldora lançou um rugido poderoso, criando uma onda de energia que derrubou a criatura.

Mas Rimuru, vendo que a criatura não estava ferida gravemente, decidiu intervir. "Espera, Veldora. Não precisamos destruir tudo. Vou tentar falar com essa criatura primeiro."

Ele usou sua habilidade de comunicação para acalmar o monstro, que, surpreendentemente, respondeu. Depois de um breve diálogo, Rimuru descobriu que a criatura estava apenas protegendo seu território. Com a diplomacia típica de Tempest, Rimuru negociou um acordo que permitiria que a criatura vivesse em paz, sem ameaçar as aldeias próximas.

Veldora observou, um pouco decepcionado por não ter tido uma batalha completa, mas também impressionado pela maneira como Rimuru lidou com a situação. "Você é mesmo único, Rimuru," disse ele, após o monstro se retirar. "Nunca pensei em resolver uma luta com... conversa."

Rimuru riu. "Nem sempre precisamos usar força, Veldora. Às vezes, um simples acordo é mais poderoso do que qualquer ataque."

Veldora sorriu, admirado. "E é por isso que você é o líder de Tempest."

Enquanto voltavam à aldeia, Rimuru e Veldora sentiram uma conexão ainda mais forte. Veldora, que antes só via poder e força como caminho, agora começava a entender a importância da paz e do equilíbrio, graças a Rimuru.

Depois de retornarem a Tempest e serem recebidos com gratidão pelos aldeões, Rimuru e Veldora voltaram ao castelo, ambos cansados mas satisfeitos com o resultado da aventura. Quando chegaram à torre do castelo, onde podiam ter uma visão completa da cidade iluminada, Veldora virou-se para Rimuru, uma expressão séria no rosto.

"Rimuru," começou ele, "essa conexão entre nós... é algo que nunca senti antes. Eu sempre fui um dragão solitário, mas com você, tudo é diferente."

Rimuru sorriu, entendendo o que Veldora queria dizer. "Eu também sinto o mesmo, Veldora. Nunca imaginei que pudesse ter alguém que entendesse cada parte de mim... até você aparecer."

Eles ficaram em silêncio, o brilho das luzes de Tempest refletido em seus olhos. Veldora segurou a mão de Rimuru novamente, dessa vez com mais firmeza, como se quisesse dizer que jamais o deixaria partir.

"Rimuru," ele sussurrou, aproximando-se. "Não sei o que o futuro nos reserva, mas prometo que estarei ao seu lado. Para sempre."

Rimuru assentiu, sentindo um aperto suave no peito, uma mistura de gratidão e afeto profundo. "E eu prometo o mesmo, Veldora. Com você ao meu lado, sei que somos invencíveis."

A distância entre eles desapareceu em um abraço caloroso, e, pela primeira vez, ambos permitiram que seus corações se expressassem, sem medo ou hesitação. Naquele momento, sob o céu estrelado de Tempest, eles se tornaram mais do que apenas companheiros de batalha; tornaram-se partes inseparáveis um do outro, comprometidos em enfrentar o que quer que o destino lhes reservasse.

E, naquele abraço, com as almas entrelaçadas, Rimuru e Veldora souberam que nunca mais estariam sozinhos.



Tempestade de Sentimentos Onde histórias criam vida. Descubra agora