Última Noite | Kathryn Hahn & Aubrey Plaza

Capítulo 4: My Lady.

A luz suave do abajur iluminava o escritório de Kathryn, revelando um espaço que, em outras circunstâncias, poderia ter sido aconchegante, mas que agora parecia sufocante sob a pressão do trabalho. O relógio na parede marcava quase meia-noite, e ela estava sentada em sua mesa, cercada por uma avalanche de papéis, amostras de materiais e maquetes desajeitadas. O café havia esfriado na caneca ao seu lado, um testemunho silencioso das horas que se arrastavam.

Kathryn passava os dedos pelos cabelos, puxando um pouco a franja para trás enquanto estudava um projeto complexo diante dela. As linhas no papel pareciam dançar, confundindo-se com as anotações apressadas que tinha feito. "Por que é tão difícil?" ela murmurou, sentindo a frustração se acumular em seu peito. Ela pegou o lápis e fez um traço decidido, mas assim que seus olhos se afastaram do desenho e voltaram para o papel, percebeu que havia cometido um erro.

— Merda! — exclamou, a voz ecoando na solidão do escritório. O lápis fez um ruído irritante ao ser jogado na mesa, e ela se apoiou na cadeira, arqueando a coluna e deixando escapar um suspiro profundo. Por que tudo estava tão complicado? A ideia que antes parecia tão clara agora se tornara uma confusão de linhas e formas que não se conectavam.

Ela se levantou abruptamente, as pernas um pouco doridas após horas de trabalho. Começou a andar de um lado para o outro, passando as mãos pela mesa desorganizada, movendo papéis como se estivesse tentando encontrar uma resposta escondida entre eles. "Se ao menos alguém me dissesse o que está errado", pensou, irritada consigo mesma.

Kathryn olhou pela janela, a cidade iluminada à noite parecia tão distante. O mundo lá fora continuava a girar, enquanto ela se via presa em um ciclo de frustração. A pressão do prazo se tornava insuportável, e a ideia de decepcionar seu cliente era algo que a deixava em uma tensão constante. Ela precisava da perfeita combinação de funcionalidade e estética, e por que, em todos os céus, isso tinha que ser tão complicado?

Voltando à mesa, sentou-se novamente e encarou o projeto com determinação. O traço em questão estava ali, claramente não funcionando, e ela tentou desenhá-lo novamente, mas seus dedos hesitaram. O lápis hesitava no papel, como se estivesse tendo uma crise existencial. "Você pode fazer isso, apenas desenhe", ela sussurrou para si mesma, mas as palavras não eram muito reconfortantes.

Mais uma vez, a frustração subiu à tona. Kathryn agarrou uma caneta vermelha, circulou o traço desastroso e anotou um "NÃO" bem grande ao lado, como se estivesse escrevendo uma sentença de morte. A ironia não escapava dela; estava se sentindo cada vez mais como uma aluna reprovada em sua própria sala de aula.

Ela se levantou novamente, decidida a fazer algo a respeito. Começou a reorganizar os papéis, colocando de lado os que não serviriam mais. A mesa estava um caos e, enquanto o fazia, notou que cada papel que jogava fora parecia levar um pouco de sua frustração com ele. Quando terminou, respirou fundo e deu uma olhada para o novo espaço.

"Certo, respira fundo. Você consegue", disse a si mesma, colocando a mão na cintura e tentando imitar uma coach motivacional que vira em um vídeo. Em seguida, voltou ao projeto. O desenho estava ali, chamando por sua atenção, e decidiu que não ia deixar que um simples erro a derrubasse.

Ela pegou o lápis novamente, fechou os olhos por um momento e respirou fundo. Com os olhos agora focados e a mente clara, começou a traçar novas linhas, desta vez mais confiantes, como se estivesse desenhando um futuro que queria criar. E, para sua surpresa, algo começou a fluir. As ideias que pareciam impossíveis há minutos atrás começaram a tomar forma e a frustrante noite começou a se transformar em algo mais produtivo.

E assim, enquanto as horas se arrastavam, Kathryn se deixou levar pelo momento, transformando a frustração em criatividade, permitindo que seu talento florescesse, mesmo sob a pressão da noite que se adensava. O trabalho não era apenas um emprego; era uma paixão, e cada linha desenhada era um passo mais perto de sua visão.