"Isso é por Ally"

25 5 3
                                    

Pov: Autora

A noite caiu como um manto pesado sobre o dormitório, e a tensão parecia encharcar o ar. Quando todos se preparavam para dormir, Lauren fez questão de tranquilizar Dinah e Normani.

— Podem dormir — sussurrou, enquanto elas se acomodavam em suas camas. — Eu vou ficar de vigia esta noite. Se algo acontecer, eu acordo vocês.

Dinah a encarou por um momento, relutante, mas acabou assentindo, visivelmente exausta. — Qualquer coisa, nos chame.

Normani suspirou, sua expressão preocupada suavizando-se um pouco. — Obrigada, Lauren. Preciso de um pouco de descanso antes do próximo pesadelo desse lugar.

Enquanto suas amigas caíam em um sono inquieto, Lauren permaneceu atenta, observando o dormitório quase escuro, onde o silêncio era interrompido apenas pelas respirações pesadas dos competidores que restavam. Seus olhos percorriam cada canto do quarto, seus sentidos em alerta, até que um som inesperado fez seu corpo inteiro enrijecer.

Um grito agudo ecoou da extremidade do dormitório, rompendo o silêncio como uma faca. Lauren levantou-se imediatamente, o coração acelerado. "A rebelião começou," pensou, o temor e a adrenalina se misturando em sua mente. Sem perder tempo, correu até Dinah e Normani, sacudindo-as com urgência.

— Acordem! — murmurou rapidamente, a voz tensa. — Eles começaram a rebelião, estão atacando!

As duas despertaram num salto, trocando olhares assustados, mas não houve tempo para hesitação. Lauren foi até a cama mais próxima, pegando o pé de madeira e, com um movimento rápido e decidido, quebrou a estrutura, arrancando um pedaço grande e pontiagudo. Era rudimentar, mas serviria como arma improvisada.

— Peguem um pedaço também — instruiu, lançando um pedaço para Dinah e outro para Normani. — Fiquem prontas para se defender.

Dinah segurou a madeira com as mãos trêmulas, mas seu olhar logo se firmou, determinado. Normani, ao lado, apertava o pedaço que Lauren lhe entregara, e o medo em seus olhos começava a se transformar em raiva. As três se posicionaram próximas à parede, os ouvidos atentos aos sons de passos e gritos que agora se intensificavam no fundo do dormitório.

A rebelião havia iniciado com uma ferocidade inesperada; sons de corpos caindo, móveis sendo quebrados e objetos arremessados ecoavam pelo dormitório. Um grupo de competidores revoltados, principalmente do grupo C, avançava pelos corredores, com armas improvisadas em mãos, prontos para acabar com qualquer um que se colocasse em seu caminho.

Lauren respirou fundo, tentando manter a calma. Observou o corredor à frente, esperando o momento certo, enquanto segurava o pedaço de madeira com força. Ela sabia que não era apenas por sobrevivência; era uma questão de lutar, de mostrar que não seria derrotada tão facilmente.

Quando um dos rebeldes se aproximou, o olhar fixo e insano, Lauren ergueu a arma improvisada e se preparou para o confronto.

— Não vamos recuar. — Ela lançou um olhar rápido para Dinah e Normani, transmitindo a coragem que tinha, mesmo que o medo ainda estivesse ali, latente.

A rebelião só estava começando, e Lauren sabia que teria que lutar para ver o amanhecer.

Lauren viu seu inimigo se aproximar, correndo com uma faca em punho, o rosto contorcido em um sorriso sádico. Ela se perguntou, por um breve segundo, como ele tinha conseguido uma faca. "Algum guarda deve ter dado a ele," pensou, o coração disparando enquanto ela se preparava para o confronto.

Quando ele avançou para atacá-la, Lauren foi rápida e certeira, movida pela raiva e pela determinação de sobreviver. Com um movimento rápido, ela enfiou a ponta de sua arma improvisada diretamente na mão dele. A madeira atravessou a carne, e ele soltou um grito de dor, que reverberou pelo dormitório. Lauren aproveitou o momento e puxou a madeira de volta, mas o bastardo reagiu rápido demais. Antes que ela pudesse recuar, ele golpeou o ombro dela com a faca, deixando um corte profundo. Ela apertou os lábios, prendendo um grito, sentindo a dor intensa percorrer seu braço.

A confusão ao redor deles só aumentava. Gritos, pancadas, o som de corpos caindo. Normani estava em luta com uma mulher, que tentava agarrá-la pelos cabelos, enquanto Normani desferia socos e empurrões, tentando se desvencilhar. Dinah, por sua vez, se defendia de um homem corpulento, que segurava um pedaço de madeira similar ao de Lauren. Era uma cena caótica, um campo de batalha improvisado, onde cada um lutava desesperadamente pela sobrevivência.

Lauren sentiu o ódio crescer dentro de si, a lembrança de Ally queimando em sua mente. A imagem de sua amiga sendo empurrada para a morte por esse homem se misturou à dor que latejava em seu ombro, e ela soube que não podia deixar isso barato. Com o maxilar travado, calculou o próximo movimento com frieza. Ele estava ocupado tentando recuperar o equilíbrio, a mão ensanguentada e a faca tremendo na outra mão. Antes que ele pudesse reagir, Lauren desceu sua arma de madeira diretamente no pé dele com toda a força que conseguiu reunir.

Ele gritou novamente, mais alto e agudo, a dor evidente em seus olhos enquanto tentava pisar. Ela sabia que um ferimento no pé não apenas o incapacitaria agora, mas o atrasaria nas próximas provas, se conseguisse sair vivo dessa confusão. Ele tropeçou, caindo para trás, e Lauren o encarou, o peito subindo e descendo com a respiração ofegante.

— Isso é por Ally — ela murmurou, antes de dar mais alguns passos para trás, mantendo-se atenta, mas já se preparando para proteger suas amigas. 

Ela viu Normani finalmente se desvencilhar da mulher, jogando-a para trás, enquanto Dinah desferia um golpe final no homem corpulento, que caiu no chão, gemendo de dor. As três se aproximaram, formando um círculo de proteção, as armas improvisadas ainda em mãos, prontas para atacar novamente se necessário.

O líder do grupo C finalmente recuou, com a mão e o pé destroçados, o olhar cheio de fúria e dor, mas sem coragem de se aproximar mais. Ele sabia que, por enquanto, não tinha como enfrentar Lauren. Ela respirou fundo, tentando acalmar o próprio corpo, ainda em alerta, mas logo percebeu que a violência ao redor não havia cessado. Em meio à confusão, ela viu um homem ser brutalmente atacado por outro. O som de corpos se chocando, gemidos de dor e gritos desesperados preenchiam o dormitório.

Então, o alarme soou estrondosamente, abafando todos os outros sons. Guardas mascarados entraram no recinto, cada um armado com fuzis, disparando tiros para o alto. O som seco dos disparos ecoou pelo dormitório, e, um a um, os participantes se calaram e recuaram, ainda arfando e sangrando. Lauren sentiu uma onda de alívio ao perceber que a violência havia parado, mesmo que apenas temporariamente. Ela olhou ao redor, confirmando que Dinah e Normani estavam bem, embora cobertas de arranhões e marcas dos embates.

E então, Camila apareceu.

Sua postura calma, fria e cheia de desprezo não combinava em nada com a cena sangrenta que se desenrolava ao seu redor. Ela se aproximou lentamente, o salto de seus sapatos ecoando, e se posicionou em frente ao grupo, observando a todos com um sorriso debochado. Camila olhou de cima a baixo para os competidores feridos e ainda em choque, e sua voz cortou o silêncio pesado como uma lâmina.

— Vocês são burros — ela começou, com um tom de desdém que só aumentou a tensão no ambiente. — Vejam só, estão se matando sem nem ao menos tentarem vencer o jogo. Vocês acham que isso vai lhes garantir alguma coisa? — Ela fez uma pausa, deixando seu olhar vagar por cada rosto cansado e machucado, até encontrar os olhos de Lauren, e seu sorriso se alargou ainda mais. — Se vocês vão morrer, que pelo menos seja jogando. Vocês vão se sacrificar, então façam isso do jeito certo.

Lauren sentiu o ódio fervendo em seu peito. A frieza de Camila, o desprezo em sua voz, tudo isso parecia uma provocação pessoal. A mão dela ainda tremia de dor no ombro ferido, mas o que realmente doía era a insensibilidade de Camila, sua falta de empatia, como se aquelas vidas não fossem nada mais do que peças descartáveis em um tabuleiro. A raiva de Lauren aumentou, e ela quase teve que morder a língua para não gritar uma resposta.

Camila, por outro lado, parecia satisfeita em ver o efeito de suas palavras. Ela deu as costas lentamente, deixando os competidores em silêncio, processando sua mensagem cruel. Os guardas começaram a dispersar os participantes, conduzindo-os de volta ao dormitório. Lauren trocou olhares com Dinah e Normani, que pareciam igualmente revoltadas. Normani murmurou baixo:

— Eu não sei como você aguentou ficar perto dessa mulher, Lauren. Ela é... desumana.

Lauren suspirou, ainda sentindo o peso da raiva e da dor, e balançou a cabeça.

— Não sei se aguento muito mais isso — confessou. — Mas, se vamos jogar, que seja para sobreviver e sair daqui de cabeça erguida.

As três amigas voltaram para suas camas, mas o sono parecia uma possibilidade distante.

Round 6 (Camren G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora