Pov: Normani
O som abafado do vento e o frio do ar ao redor pareciam atravessar a camisa numerada, grudando na pele e me fazendo tremer. Nona. Eu era a Nona jogadora. Olhei para o número estampado no tecido e uma sensação de desespero se enroscou em minha garganta. O número nove nunca pareceu tão assustador. Ao me virar, vi Dinah logo atrás, com o rosto tenso e os olhos fixos no vazio à frente, e Lauren ao final da fila, com aquele olhar determinado e um pouco furioso. A presença delas me dava alguma força, mas, por dentro, o medo crescia sem piedade.
Eu não queria estar ali. Não deveria estar ali. Não podia morrer aqui. Pensar em meu filho, naquele sorriso que sempre me fazia rir mesmo nos dias mais difíceis, era a única coisa que me dava coragem. Ele não entenderia a ausência, não entenderia por que a mãe nunca voltou para casa. Ele era tão pequeno. A ideia de deixá-lo, de fazê-lo crescer sem ninguém ao lado... Eu sentia uma dor que quase não cabia no peito.
Eu sabia que ele estava seguro, pelo menos por enquanto, mas e depois? Quem o protegeria se eu não voltasse? Quem o consolaria nos pesadelos ou quem o abraçaria nos dias em que o mundo pareceria grande demais para ele? Eu tinha que sobreviver. Por ele. Precisava ganhar esse jogo maldito, passar por esses vidros e chegar do outro lado com o prêmio nas mãos. O prêmio que seria nossa chance de ter uma vida melhor, longe das preocupações, longe da insegurança.
Enquanto pensava nisso, olhei para frente, para os vidros suspensos sobre o abismo. O guarda começou a falar, sua voz fria, como se estivesse apenas anunciando mais uma tarefa rotineira, como se aquilo não fosse uma sentença de vida ou morte para nós. Ele avisou que o cronômetro estava prestes a rodar, que tudo ia começar, e meus músculos se retesaram automaticamente. Minha pele formigava com a tensão, e eu queria que o tempo congelasse ali, que algo nos tirasse daquela armadilha cruel.
Quando o cronômetro começou a contar, vi o primeiro jogador pular. Ele hesitou antes de dar o primeiro passo, mas então seguiu em frente, escolhendo o vidro da direita. Respirei fundo, tentando absorver alguma coragem daquilo. O segundo jogador fez o mesmo, pulando e pisando em um dos vidros com uma expressão de puro terror. Eles seguiam, um a um, como peças de um jogo feito para nos destruir.
Estava chegando a minha vez. Eu era a próxima depois daquele segundo jogador. Olhei para meus pés, tentando acalmar o tremor, mas, quando levantei os olhos, vi a ponte mais uma vez, e o pavor voltou com força. Eu não podia falhar. Não podia deixar meu filho sem mãe. Fechei os olhos e, em pensamento, prometi a ele que eu ia sobreviver. Eu ia atravessar essa ponte.
Pov: Autora
Normani respirou fundo, o coração batendo tão rápido que ela conseguia ouvir as próprias pulsações. Suas pernas estavam pesadas, os pés formigando a cada pulo que ela dava sobre os vidros. Tentava manter os olhos fixos para frente, mas o abismo sob seus pés a puxava. A ponte oscilava levemente, cada vibração a lembrava de que qualquer erro podia ser fatal. Ela olhou para baixo, vendo o fundo escuro e distante. "Meu Deus", murmurou, tentando afastar a imagem de seu corpo caindo até se chocar com o chão frio e duro. A queda seria horrível.
Ela continuou a pular, avançando conforme os outros à frente faziam o mesmo. Sentia-se como um fantoche naquele jogo sádico. O primeiro jogador, um senhor de cabelos grisalhos, olhou para o próximo vidro à frente com hesitação, mas saltou. Em um segundo, o som do vidro quebrando reverberou pelo ar, e o grito dele ecoou pela ponte. Normani arregalou os olhos e, instintivamente, levou a mão à boca, horrorizada. O corpo dele despencou rapidamente, até colidir com o chão, e ele ficou imóvel. Morto.
As mãos de Normani tremiam, e ela sentiu o gosto amargo do medo subir pela garganta. "Eu vou sobreviver", sussurrou, para si mesma, mais uma promessa desesperada do que uma convicção. "Eu vou sobreviver. Preciso sobreviver... pelo meu filho."
O homem à sua frente deu um passo cauteloso para o próximo vidro. Normani, hesitante, pulou no quadrado que ele acabara de deixar.
O homem pulou novamente, mas, desta vez, o vidro se quebrou. O som da quebra e o grito de horror do homem ecoaram na ponte, e ele caiu, sumindo no abismo. Normani observou, o horror crescendo em seu peito. Era o segundo corpo. Mais uma vida perdida. Faltava tanto ainda para alcançar o outro lado, e, com cada morte, o peso de seguir adiante parecia insuportável.
Normani olhou para trás, tentando buscar algum conforto no rosto conhecido de Dinah. Ela conseguia ver o rosto preocupado de Dinah. “Vai, Normani!” Dinah gritou, a voz entrecortada pela angústia. “Faz isso por ele! Por seu filho!”
Normani respirou fundo, tentando encontrar força nas palavras de Dinah. Ela sorriu, ou pelo menos tentou. "Eu vou conseguir, Dinah! Por ele!"
Mas, antes que ela pudesse seguir, um homem atrás dela a empurrou levemente, impaciente. “Anda logo! O tempo tá passando! Acha que pode ficar parada aí até quando?”
O desespero e a pressa daquele homem pesaram sobre ela, e Normani, com um nó de medo, saltou. O vidro abaixo dela cedeu instantaneamente, e ela sentiu o chão sumir sob seus pés. Num segundo, o pavor tomou conta, e um grito de pavor escapou de seus lábios.
“Aaaaah!” Seu grito ecoou no ar, carregado de dor e desespero, até ser brutalmente silenciado. Seu corpo despencou e, ao atingir o chão, a cabeça dela se partiu com um som seco e cruel.
Do alto, Dinah assistiu, horrorizada, os olhos marejados e as lágrimas descendo sem controle. Ela cobriu a boca, tentando abafar o soluço de tristeza. "Normani... não..." sussurrou entre lágrimas, sabendo que nada podia trazê-la de volta. O corpo de Normani estava estendido, imóvel, a cabeça marcada pela queda fatal.
Lauren, que estava mais atrás, forçou-se a manter a postura, a lutar contra o peso do luto. Ela não podia se dar ao luxo de fraquejar. Não agora. Não enquanto aquele jogo doentio continuava. Mas por dentro, uma raiva surda crescia, misturada com a dor pela amiga perdida.
“Eu vou ganhar esse prêmio”, Lauren murmurou para si mesma, o olhar fixo no caminho à frente, como se pudesse ver além da ponte. “Eu vou ganhar esse jogo. E vou ajudar o filho da Normani.”
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Round 6 (Camren G!P)
FanficDesesperada por mudar de vida, Lauren se inscreve em um misterioso programa de TV que promete uma fortuna ao vencedor. Ao chegar na mansão luxuosa onde o jogo é transmitido, ela descobre que as provas são mortais, e cada derrota significa a morte de...