O resto do dia entre Brahms Heelshire e Louise transcorreu como já se esperava. Pela tarde, a mansão estava envolta em um silêncio confortável, que era interrompido apenas pelo som suave das páginas viradas por Brahms, que lia um livro e pelo leve arranhar do pincel de Louise na tela, que pintava mais um retrato de Brahms.O som de uma sinfonia de Beethoven preenchia o ambiente, criando uma atmosfera de tranquilidade e introspecção. Brahms, imerso em sua leitura, parecia encontrar nas palavras uma fuga temporária da realidade. Louise, por sua vez, deixava que as cores em sua paleta expressassem sentimentos que ela mesma não conseguia verbalizar.
- Você gosta de Beethoven? - perguntou Louise, finalmente quebrando o silêncio.
- Sim, minha mãe sempre colocava para eu ouvir . - comentou Brahms, sem desviar os olhos do livro que segurava.
Ela sorriu, satisfeita com a resposta. Voltou a se concentrar em sua pintura, sentindo-se estranhamente em paz. A tarde passou sem pressa, cada um imerso em suas próprias atividades, mas compartilhando um espaço comum de serenidade.
À noite, Brahms ajudou Louise a preparar uma refeição. Escolheram fazer uma massa, uma especialidade italiana que Louise dominava com maestria. Enquanto ela explicava os passos, Brahms observava atentamente, tentando absorver cada detalhe.
— Primeiro, precisamos fazer a massa fresca — disse Louise, enquanto misturava a farinha e os ovos.
Brahms começou a amassar a mistura sob a orientação de Louise. Ele estava aprendendo aos poucos a dominar a cozinha, e essa atividade, além da música clássica, parecia trazer-lhe uma tranquilidade inesperada.
— Você está indo muito bem — elogiou Louise, vendo o progresso de Brahms.
— Obrigado. Cozinhar é mais difícil do que parece — respondeu ele, concentrado.
— Mas não posso te oferecer apenas sanduíche, não é?-disse e Louise assentiu rindo-Depois de preparar a massa e o molho, decidiram alterar um pouco a rotina. Em vez de jantar na sala de jantar, acenderam velas no jardim. O ambiente ao ar livre, com a mansão ao fundo, criava uma atmosfera aconchegante. As sombras das árvores dançavam suavemente ao som da brisa noturna, e o brilho das velas iluminava o rosto de ambos com uma luz suave.
Sentaram-se à mesa, cercados pelo aroma das flores do jardim e pelo som distante dos grilos. A refeição foi simples, mas deliciosa, e a companhia um do outro tornava tudo ainda mais especial.
— Este lugar é realmente bonito à noite — comentou, seus olhos brilhando à luz das velas.
— Não é engraçado? Esse lugar é tão bonito e nós quase não o aproveitamos. Você quer fazer isso mais vezes?-perguntou ela-Brahms desviou o olhar por um momento, pensativo.
— Eu sei que você não gosta, mas ninguém vai te ver aqui. E é bom para você, sair de casa às vezes, principalmente durante o dia — continuou Louise, tentando convencê-lo.
Ele suspirou, seus olhos refletindo. — Passei tanto tempo dentro de casa… ou melhor, dentro das paredes. Não gosto muito de sair — confessou, sua voz carregada de melancolia.
Louise estendeu a mão e tocou a dele suavemente. — Eu entendo, Brahms. Mas acho que seria bom para você.
Eles comeram em silêncio por alguns momentos, apreciando a tranquilidade do jardim. A noite estava perfeita, e a mudança na rotina trouxe uma nova perspectiva para ambos. A turbulência de Brahms, sua violência parecia não existir naquele momento.
Louise observava Brahms com frequência enquanto ele comia, seus olhos analisando cada movimento. Para ela, Brahms era como uma montanha-russa emocional. Às vezes, ele era agressivo e possessivo, outras vezes, calmo e introspectivo. Em alguns momentos, ele se comportava como o homem adulto que era, mas em outros, ela via nele traços de um garotinho perdido e vulnerável.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Uma Vez Com Brahms
FanfictionCinco anos após Greta sair da casa dos Hellshire, o imóvel vai a leilão e é arrematado por Louise Monrad, uma jovem de vinte e seis anos apaixonada por arte. Louise até então cética para alguns aspectos, começa a se questionar sobre pequenos eventos...