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Brahms se levantou subitamente, seus movimentos despertando uma curiosidade cautelosa em Louise. Com uma precisão que sugeria familiaridade, ele puxou uma tábua solta na parede, revelando uma passagem estreita e escura. Louise observou, surpresa e um tanto inquieta, ao perceber que Brahms poderia tê-la observado sem que ela soubesse.

Ele entrou na passagem sem dizer uma palavra, e Louise, movida por um impulso de descobrir mais, começou a segui-lo. Mas Brahms se virou, levantando a mão em um gesto silencioso que a deteve. Havia um limite que ele não estava pronto para cruzar, um segredo que ainda não queria compartilhar.

De fora, Louise olhava para o vão escuro, seus pensamentos girando em torno da complexidade do homem que Brahms era. Ela se perguntava o que mais ele escondia, que outras histórias as paredes da mansão poderiam contar.

Não demorou muito para Brahms retornar, algo brilhante em suas mãos. Era o celular de Louise. Ela o encarou, uma mistura de alívio e suspeita em seus olhos.

- "Você pegou isso?" - perguntou Louise, sua voz firme, mas não acusatória.

Brahms acenou com a cabeça, confirmando. Ele estendeu o celular para ela, um pedido silencioso de perdão em seus olhos.

- "E a bagunça na sala... foi você?" - Louise continuou, já sabendo a resposta, mas precisando ouvir dele.

- "Sim," - Brahms respondeu, sua voz baixa. - "Desculpe."

Louise pegou o celular, observando Brahms cuidadosamente. Ela sabia que havia muito mais na história dele do que as sombras revelavam, e ela estava determinada a descobrir toda a verdade.

Louise pegou o celular das mãos de Brahms, seus dedos deslizando pelo dispositivo frio e inerte. Ela pressionou o botão de ligar, mas a tela permaneceu escura, sem vida. Um suspiro escapou de seus lábios enquanto ela constatava o óbvio: a bateria estava completamente descarregada.

- "Está tudo bem," - disse ela, esboçando um sorriso tranquilizador para Brahms, que a observava com uma intensidade palpável.

Houve uma pausa, o silêncio do quarto sendo preenchido apenas pelo som suave da respiração deles. Louise quebrou o silêncio, sua voz carregada de uma empolgação contida.

- "Dylan vai ficar maluco quando ouvir sobre você, Brahms."

O medo brilhou nos olhos de Brahms, um reflexo rápido como o de um animal acuado. Ele balançou a cabeça vigorosamente, um gesto mudo, mas desesperado, implorando para que ela guardasse seu segredo.

- "Você tem medo?" - Louise perguntou, sua voz suave, mas incisiva. - "Medo das pessoas?"

Brahms olhou para ela, e por um momento, o silêncio falou mais alto do que qualquer palavra poderia. Ele acenou com a cabeça, uma confissão silenciosa de sua vulnerabilidade.

Louise entendeu. Ela viu a solidão e o medo que o confinavam naquelas paredes, e soube que, para Brahms, a exposição ao mundo exterior poderia ser mais aterrorizante do que qualquer sombra nas trevas da mansão Heelshire.

Louise se sentou em silêncio, contemplando o homem diante dela. As histórias que ela ouvira sobre Brahms, especialmente a de Greta, giravam em sua mente como folhas ao vento. Ela se perguntava se, talvez, houvesse um outro lado da história que nunca fora contado, onde Brahms não era o vilão, mas uma vítima das circunstâncias.

- "Obrigada por cuidar de mim," - disse Louise, sua voz carregada de sinceridade. - "Você sempre foi tão solitário aqui?"

Brahms olhou para ela, e com um aceno lento, confirmou. A solidão era uma velha companheira, mas agora, na presença de Louise, parecia menos opressiva.

Uma Vez Com BrahmsOnde histórias criam vida. Descubra agora