Capítulo 5 - sobre mim

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Seo-Yeon (서연)

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Nunca fui de ter muitos amigos ou de confiar verdadeiramente em alguém

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Nunca fui de ter muitos amigos ou de confiar verdadeiramente em alguém. A verdade é que até mesmo as pessoas mais próximas a mim sempre pareceram ter uma razão, um desejo ou uma necessidade ligada a mim. Eu mal consigo definir a palavra sinceridade. Embora minha mente sinta-se como se ainda tivesse 18 anos, a realidade é que, de repente, me vejo com 28 anos, sem lembranças dos últimos dez anos. Essa mudança abrupta me deixa completamente atordoada.

Por mais que me mostrem um caminho ou digam suas verdades, sinto que tudo ainda é apenas uma fachada bonita. Não posso aceitar algo como real se não vem de mim mesma. Ao me basear nas notícias e nas informações que tenho, e considerando como a confiança só parece ter sido um conceito vago nos últimos anos, não consigo acreditar que o que aconteceu foi apenas um acidente qualquer.

Pode ser meu ego inflado ou uma síndrome de perseguição, mas sinto que há algo mais, algo que vai além do que está sendo mostrado. Há uma sensação persistente de que a verdade completa está oculta, um mistério que não é revelado nas histórias oficiais ou nas explicações superficiais. Algo dentro de mim insiste que o que aconteceu tem uma profundidade e uma complexidade que ainda não consegui entender, e isso me incomoda profundamente.

Observo Jin-ho sentado no sofá, relaxado e assistindo à TV. Ele parece uma pessoa bondosa, alguém que demonstra uma gentileza quase inabalável. No entanto, há algo em seu comportamento que ainda me deixa desconfiada. A sensação é contraditória, pois, apesar de sua aparência amigável e seu jeito sempre atencioso, sinto que há uma camada de sua personalidade que não consigo decifrar completamente.

O que me inquieta é o contraste com o que vi em meu flashback de memória nessa manhã. Naquele momento, durante a discussão, seus olhos e sua expressão eram diferentes. A imagem dele, com uma intensidade que parecia bem distante do seu comportamento atual, me faz questionar o quão genuíno é seu carinho e a real natureza de nossa relação. É como se houvesse uma dissonância entre o que ele demonstra e o que realmente sinto que poderia estar acontecendo por trás das cortinas.

Embora eu reconheça sua aparência atraente e aprecie a sensação de cumplicidade que aparentemente temos, é difícil ignorar o sentimento de que há mais em jogo. A fachada de perfeição e a aparente bondade são confortantes, mas também me fazem sentir uma necessidade de permanecer alerta e não baixar completamente a guarda. A ideia de que devo agir como se tudo estivesse bem é uma forma de proteção, uma maneira de evitar me expor a qualquer possível decepção ou revelação inesperada.

A ambiguidade de seus sentimentos e o contraste entre suas ações atuais e o que lembro de nosso passado me deixam em um estado constante de vigilância. O que me resta é fingir que tudo está em perfeita harmonia, enquanto continuo a tentar descobrir a verdade por trás das aparências e a entender se o que sinto é algo que devo realmente aceitar ou questionar.

- O que você sabe sobre mim? - pergunto, minha curiosidade transbordando.

Jin-ho desvia o olhar da TV e me encara, claramente surpreso com a pergunta. A mudança em sua expressão revela que minha pergunta o pegou de surpresa.

Sento ao seu lado, tentando captar suas reações e entender melhor sua postura. Há algo em seu comportamento que me faz sentir que ele não tem sentimentos românticos por mim; não há sinais visíveis de emoção em seu rosto ou na sua respiração.

- Em breve estaremos casados. Quero saber o que você sabe sobre mim, como marido, noivo, amigo ou até mesmo rival - digo, levantando uma sobrancelha ao mencionar a última palavra com um tom de provocação.

- Já vi o motivo de você ter pedido meu celular e pesquisado sobre nosso noivado - ele responde, tentando desviar a conversa de volta ao que é mais confortável para ele.

- Não posso ser julgado por querer respostas. Como já mencionei, você é a única incógnita que torna tudo diferente - explico, sentindo a necessidade de justificar minha busca por informações.

De forma inesperada, Jin-ho aproxima suas mãos do meu rosto. O toque é delicado e surpreendente, e embora seu gesto seja sutil, a sensação que provoca é esmagadora. Não sou facilmente envergonhada, mas desde ontem, sinto-me facilmente abalável pela sua presença.

- Bem, sei que suas sobrancelhas são bem delineadas, com uma simetria perfeita - ele diz, tocando cuidadosamente minha sobrancelha. Seu dedo é leve e quase invisível, mas a carga emocional do momento é palpável.

Sua mão então se move para a minha orelha. Um frio na espinha percorre meu corpo enquanto ele menciona algo mais pessoal.

- Também sei que você fez várias perfurações na orelha esquerda em um show quando tinha dezesseis anos, escondido de seus pais - ele diz, seu toque gerando uma vibração interna que me deixa desconcertada.
Sorrio, tentando conter uma gargalhada nervosa.

- Está tentando me seduzir? - pergunto avaliando sua intenção.

- Estou apenas dizendo o que sei sobre você - ele responde, recuando sua mão.

- Há algo mais? - insisto, ainda tentando entender até onde vai seu conhecimento.

- Você vive com essa expressão de confiança, mas chora sempre que assiste Full House e ainda guarda os 16 volumes dos manhwas - ele revela.

- Isso foi pessoal demais - murmuro.

Fico boquiaberta com a revelação, surpresa com o nível de detalhes pessoais que ele conhece sobre mim.

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