A noite parecia tão magica quanto a carruagem em que Ella estava, os trotes suaves e rápidos dos cavalos faziam com que a paisagem a fora não passasse de um borrão iluminado pela luz prateada da lua. A jovem Monclair estava com o coração acelerado, quanto mais próximo ficava do castelo, mais a sensação de ansiedade a consumia, seus pensamentos a invadiam, como: "Philip estará lá?", "será que Malvina a reconheceria?". A magia da fada madrinha parecia até mesmo deixar as estrelas mais brilhantes aquela noite, tudo parecia tão perfeito.
Ao chegar, teve a carruagem aberta por Veloz em sua forma humana. Ele sorriu para Ella com orgulho.
— Está encantadora, Ella!
— Obrigada, Veloz.
— Essa noite é sua. Estaremos esperando aqui se precisar de algo.
Ella sorriu.
Subindo a enorme escadaria do castelo, estava um pouco perdida. Nunca havia ido ao castelo, não conhecia nada ali, e para seu azar, não havia ninguém por perto para ajudá-la. Ouviu então a melodia da orquestra soar pelos corredores do castelo, seguiu a melodia até um grande salão de baile.
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No grande salão de baile, decorado com a mais fina das tapeçarias e as velas presas nos lustres faziam com que os convidados admirassem a grandeza do castelo, Philip estava entediado e olhava todos no salão com um rosto sério, não havia encontrado Ella na floresta, durante dois dias, passava horas e mais horas esperando a moça de cabelos dourados aparecer e agracia-lo com sua companhia, e para piorar seu ânimo, seu pai, o rei de Veridia, o lembrava de conseguir uma noiva naquele baile, de hora em hora, como um relógio. Maryenne estava ao seu lado, com suas típicas vestimentas "não femininas", os irmãos poderiam facilmente serem confundidos se não fosse os longos cabelos negros da princesa e seu rosto de feições finas, Philip gostava de pensar que eram gêmeos as vezes, se pareciam muito. As vezes, Maryenne conversava com uma das várias moças que iam até o príncipe e eram ignoradas por ele, até que com um suspiro a general perguntou:
— Vejo o seu rosto sério em poucas ocasiões, Philip. O que o incomoda, irmão? — perguntou Maryenne, ainda olhando para o baile.
— Não é nada.
— Relaxe um pouco, Philip — disse a princesa, tocando o ombro do irmão em um sinal de conforto.
O jovem príncipe suspirou, antes de depositar os olhos azuis na irmã.
— Eu... você sabe que estou aqui apenas por uma obrigação com o reino!
— Sei de suas responsabilidades, mas você ainda pode aproveitar o baile para conhecer uma das jovens que vieram para conquistar a vossa alteza. — Brincou com um pequeno sorriso nos lábios, assim como Philip.
Um burburinho de vozes se iniciou em meio aos convidados e acabou chamando a atenção dos dois irmãos. Na grande escadaria estava a mais bela mulher que ambos já haviam naquele reino, o vestido se movimentando graciosamente a cada passo que Ella dava.
Philip estava vidrado em Ella, andou por todo o salão como se estivesse com pressa, se esquivando das mães orgulhosas apresentando suas filhas, as dispensando de forma cortes. Com uma breve reverência, sorriu para Ella.
— Boa noite, senhorita!
— Boa noite... Philip! — sorriu de forma doce.
O jovem príncipe a encarou confuso, e logo perguntou:
— Perdão, mas nós nos conhecemos?
O sorriso da jovem Monclair desapareceu, dando lugar a uma expressão de desapontamento, ele não se lembrava dela?
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E se for ela?
RomanceEsse livro é uma releitura de "Cinderela". Ella é uma jovem garota com um coração puro e uma admirável determinação, mesmo com sua madrasta e irmãs postiças cruéis, ela ainda consegue ser uma pessoa gentil e bondosa. Um desejo misturado com uma pita...