E se for ela?

Capítulo 10 - Um final feliz

O som das espadas se chocando eram recorrentes no pátio de treinamento. Mesmo que seu pensamento estivesse longe, Maryenne ainda se defendia com maestria, o futuro do reino havia voltado para a suas mãos e Ella... ah, Ella, ainda não tinha lhe dado uma resposta e isso a consumia cada vez mais.

— Capitã? — Se defendeu da investida da morena. Abaixando sua espada, olhava fixamente para a entrada do pátio.

— Sim?

Apenas o levantar breve de cabeça de seu companheiro fez com que a princesa olhasse para trás. Ella estava de pé, as mãos timidamente escondidas atrás do corpo, as bochechas rosadas pela vergonha de estar sendo observada por todos da guarda real.

— Continuem o treinamento.

— Sim, capitã!

A cada passo que a princesa dava, seu coração batia cada vez mais rápido em seu peito, a ansiedade a consumia.

— Ella...

— Maryenne. — A voz dela era suave. Os cabelos loiros presos em um coque deixavam o rosto bronzeado ainda mais bonito na visão da princesa. — Eu pensei muito no que você disse sobre o casamento, sobre o reino... sobre... nós.

Maryenne prendeu a respiração, esperando. Cada palavra de Ella parecia durar uma eternidade.

— Eu não quero ser apenas uma peça no jogo político do reino — continuou Ella, olhando diretamente nos olhos de Maryenne. — Eu quero ser mais do que isso. Eu quero... — Ela hesitou, mas então respirou fundo e continuou. — Eu quero ser sua parceira, não apenas no trono, mas na vida. Se você me permitir.

A morena perdeu o ar por um instante, sua cabeça girou e uma sensação de tontura se apossou em seu corpo. Ela não tinha certeza se estava sonhando ou se Ella realmente havia dito aquelas palavras.

— Ella, você não precisa fazer isso por obrigação — disse Maryenne, sua voz tremendo levemente. — Eu não quero que você se sinta presa a mim por causa do reino.

— Não é por obrigação — respondeu Ella, um sorriso tímido surgindo em seus lábios. — É porque eu também sinto algo por você, Maryenne. Desde o baile, desde o momento em que você me olhou como se eu fosse a única pessoa na sala. Eu não sabia o que era aquilo, mas agora eu sei. É você.

A princesa sentiu seus olhos arderem, as lágrimas imploravam para serem liberadas. Um suspiro de alivio escapou por seus lábios rosados.

— Você tem certeza? — perguntou Maryenne, sua voz quase um sussurro. — Porque se você disser que sim, eu nunca mais deixarei você ir.

Ella sorriu. Um sorriso tão doce e radiante que parecia ter iluminado todo o castelo, e a vida de Maryenne.

— Eu tenho certeza.

E, naquele momento, Maryenne não conseguiu mais se conter. Ela puxou Ella para um abraço, sentindo o calor do corpo dela contra o seu. Era como se todas as peças do quebra-cabeça finalmente se encaixassem. Ella riu suavemente, envolvendo Maryenne em seus braços.

— Então é isso — disse Ella, sua voz suave. — Vamos governar juntas.

— Juntas — confirmou Maryenne, afastando-se o suficiente para olhar nos olhos de Ella. — Eu prometo fazer de você a mulher mais feliz do reino.

Ella riu novamente, um som que Maryenne decidiu que queria ouvir pelo resto da vida.

— Eu já sou.

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O grande salão de festas do castelo estava repleto de nobres, súditos e convidados de outro reino, todos aguardavam ansiosos pelo casamento e coroação. Veridia nunca havia visto um casamento como aquele, a princesa Maryenne, grande general respeitada do reino, uniria sua vida com uma jovem plebeia.

Ella sentia o peso de cada olhar em si, o vestido branco esvoaçante deslizava pelo tapete vermelho enquanto ela caminhava pelo corredor central do salão. Suas mãos tremiam levemente, mas ela respirou fundo e seguiu adiante. Maryenne a esperava diante do trono, com uma postura firme, mas um olhar que continha uma ternura reservada apenas para ela.

Quando Ella finalmente parou diante de Maryenne, o mestre de cerimônias ergueu a voz, ecoando por todo o salão:

— Hoje, diante do reino de Veridia, testemunhamos não apenas a união de duas almas, mas o início de um novo capítulo para nossa terra. Maryenne de Veridia, filha do rei Devon, herdeira do trono e escudo deste reino, aceita Ella Monclair como sua esposa e futura rainha?

Maryenne olhou nos olhos castanhos de Ella e segurou sua mão com firmeza. Um sorriso discreto brincou nos lábios da princesa.

— Sim, aceito.

— E você, Ella Monclair? Aceita Maryenne de Veridia como sua esposa e rainha deste reino?

Ella sorriu, sentindo que, pela primeira vez, estava exatamente onde deveria estar.

— Sim, aceito.

O salão se encheu com os aplausos, alguns mais discretos, outros entusiasmados. Philip, ao lado do pai, sorria satisfeito, ele sabia que aquele casamento não era apenas político, sua irmã estava plenamente feliz e ele também estava. Havia ganhado uma nova irmã e uma amiga.

A coroa, uma peça delicada e forjada com ouro e safiras, foi trazida até o rei Devon. O velho monarca segurou o objeto com reverência, lançando um último olhar para a filha.

— Maryenne, minha filha, hoje você se torna não apenas minha sucessora, mas também a líder deste reino. Que governe com sabedoria e força. — Ele se voltou para Ella. — E que você, Ella Monclair, traga um novo brilho para Veridia. Que sua bondade seja a chama que manterá este reino em equilíbrio.

Devon depositou a coroa sobre a cabeça de Maryenne, e, em seguida, pegou uma tiara menor e a colocou sobre os cabelos dourados de Ella.

— Diante dos olhos de Veridia, eu as declaro unidas em matrimônio e soberanas deste reino!

Os aplausos voltaram a preencher o salão, e Maryenne, sem hesitar, segurou o rosto de Ella com delicadeza, inclinando-se para beijá-la. Foi um beijo breve, mas carregado de significados, selando não apenas a união das duas, mas também uma nova era para Veridia.

— Pronta para reescrever a história? — Maryenne perguntou, tendo seu nariz junto ao de Ella.

A loira sorriu, assentindo levemente.

— Juntas?

— Juntas.

FIM