Capítulo: 24

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Freen narrando.

Longos dois meses se passaram desde a última vez que eu vi a Becky, não houve um dia que se passou, em que eu não chorei ao pensar nela, uma imensa ferida se formou em meu coração, e ao invés de cicatrizar, ao longo dos dias, ela só aumentava, eu tentava arranjar uma explicação pra o que tinha acontecido, qualquer explicação que se pusesse ao meu favor, mas eu sabia que só havia uma explicação para aquilo,e ela estava contra mim, a Becky nunca gostou de mim, e só tinha ficado comigo para saber como era beijar uma garota, eu bem que pedi pra ela não brincar comigo, mas ela não ouviu, eu nunca deveria ter feito nada.

Era tarde quando me levantei naquela manhã, pela primeira vez eu tinha dormido, fui me arrastando até a cozinha, eu sabia que encontraria minha mãe ali, todas as manhãs eu a encontrava lá, e quando a abraçava por um momento a ferida parecia cessar, mas só por alguns segundos. Do topo da escada, ouvi vozes, minha mãe não estava sozinha ali, estava tão desnorteada que nem liguei, achei que fosse coisa da minha cabeça até avistei três cabeças sobressaídas pelo sofá, uma era da minha mãe, as outras duas eu não conhecia, uma era dona de um cabelo meio ruivo, a outra era loira, loiríssima, um loiro incandescente, quase branco, chega me assustei, devia ser reunião do trabalho da minha mãe, sai dali logo e fui pra cozinha, esbarrei no vaso de flores da mamãe, droga ! Elas me viram.

- Freen ? – minha mãe perguntou-me olhando.

- Oi mãe ! – respondi limpando o chão, ela me viu e já saiu correndo na minha direção assustada.

- Tá tudo bem ?.

- Ta sim, só tropecei aqui – a cabeça loira se virou e eu logo pude ver quem era, era Ingrid, ao me ver ela já foi gritando.

- Freen ! É você mesmo ? – eu não sabia como trata-la, ou melhor, como reagir, sorri meio de lado.

- Acho que sim né ? – mal levantei e ela já me envolveu num abraço apertado (e bem desconfortável), nem conseguia me mexer.

- Como você está grande menina, nem parece mais aquela garota magrela que eu conheci.. – isso foi uma tentativa de elogio, com certeza, eu sorria, só sorria pois não sabia o que dizer, a Ingrid, a autora da maior historia de vida da minha mãe estava ali, e elas agiam como se nada tivesse acontecido, pra mim, era como se eu tivesse sonhado com minha mãe contando aquela historia, e que na verdade, nada tinha acontecido, era assim que eu me sentia diante dos sorrisos que elas me davam, elas falavam sem parar, até que eu comecei a observar a dona dos cabelos vermelhos, um vermelho marrom, uma mistura de fogo e terra, uma mistura de vários tons de terra,que resultaram num tom tão lindo, desejei aquele cabelo quando o vi, a Ingrid notou meus olhares e logo se apressou em chamar a moça.

- Samantha, vem cá... – a tal Samantha se levantou e a visão que eu tive foi esplêndida, a garota era linda...

os cabelos que eu tanto amei eram longos e meio enrolados, tinham ondas que se formavam do meio dos cabelos até as pontas, era linda, de um corpo perfeito e com curvas perfeitas, se aproximou sem tirar os olhos de mim, embora me encarasse, ela parecia tímida demais.

- Sam essa é Freen,... Freen essa é Samantha, minha filha – não podia perder a oportunidade, puxei ela para um abraço, acho que assustei ela, não sei dizer, mas ela suspirou fundo, nos cumprimentamos e ela tinha um sorriso perfeito, eu confesso que fiquei meio abobada com a Samantha, ela era linda, linda linda e mais linda.

- Meninas, conversem, eu e a Ingrid vamos terminar o trabalho ...- minha mãe me interrompeu e já foi saindo sem que eu pudesse dizer algo, lá estava eu, enrolada em um cobertor, totalmente descabelada.

- Eeeer... quer tomar café ? – eu disse sem saber o que falar.
- Quero, to morrendo de fome – ela era alegre até nas palavras, mas aquele sorriso era o que mais me encantava, entrei na cozinha e fiz para que ela se sentasse, tinha que inventar alguma assunto enquanto fazia algo para comermos.

- Mas então, qual é da sua mãe ? Trabalho ? – isso soou um pouco violento mas eu acho que não a atingiu.
- Sim, não sei ao certo... – parecia desinteressada.

- Freen né ?

- Sim Freen.

- Quantos anos ? – ela ia querer o dossiê completo.
- 16 e você ?

- 15... – ela respondeu meio que com vergonha da idade, eu sorri, a dona daquele lindo sorriso era tão novinha, ou nem tanto, ela logo percebeu meu sorriso.

- Sou um ano mais nova, não me olha assim – rimos.

- Eu não disse nada... – com ar sarcástico, peguei um pedaço de pudim pra mim e pra ela, sentei a mesa e continuamos conversando, falei do cabelo dela, e ela disse que era natural, morri ao ouvir isso, ela elogiou meus olhos, disse que eram lindos e que nunca tinha visto igual.

- E os namorados ? – perguntou ela inocentemente.

- Namorados ?

- É, namorados... – ela já havia ficado confusa.

- Não existem namorados, e sim namoradas... – ela riu e logo sacou o que acontecia.

- Também ? – agora eu não havia entendido, como assim também ?

- Como assim também ?

- Você e sua mãe ... – interrompi ela no meio da frase.

- aaaahhh...

- Eu e a minha ! – caramba, a Samantha era lésbica ? e eu nem tinha percebido nada, ela não tinha cara, e não tinha jeito, tinha um rostinho tão inocente, eu fiquei boquiaberta,mesmo que se tivesse parado pra pensar eu desconfiaria.

- Ei, acorda ! – ela passava a mão na frente do meu rosto, conversamos sobre aquilo, ela falou das experiências dela, e ela teve muito mais experiências que eu apesar da pouca idade, me senti obrigada a contar da Becky, pois ela foi a experiência que mais valeu, foi ai que me dei conta, que esqueci a Becky durante algumas horas, desde os primeiros dois meses.

Terminamos o café e subimos pro meu quarto,mostrei tudo que tinha lá pra ela, ela amou minha coleção de cds e dvds, ficamos um tempão conversando lá, até que minha mãe veio nos chamar.

- Freen e Samantha, vocês estão ai ? – respondemos que sim e ela pediu pra entrar.

- Eu e Ingrid vamos almoçar fora, vocês querem ir ? – a Samantha olhou pra minha cara esperando uma resposta minha, parecia morta de fome.

- Bom... eu não to afim de sair, mas se a Samantha quiser ir... eu vou... – ela percebeu que eu não queria mesmo ir e então disse que ficaria lá comigo, minha mãe saiu e deixou vários avisos, ela sempre fazia isso, desceu e eu fiquei olhando pela janela pra ver o carro sair, e então elas saíram.

- Porque não quis ir Samantha ?

- Em primeiro lugar, pode chamar de Sam... – ela sorriu aquele sorriso perfeito - ... e em segundo lugar,não quero ‘atrapalhar’... – eu tinha entendido certinho, ficamos a tarde inteira, brincando e conversando, jogamos the sims e etc,,já ia anoitecendo, passava das 7 e nada das nossas mães chegarem,no fundo eu nem ligava de verdade, era tão bom conversar com a Samantha, apelidei ela de morfina, curava a dor da minha ferida por alguns instantes,estava tudo tão bem, a Becky estava tão longe, mas ela estava mais perto, muito mais perto do que eu imaginava.


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Aquilo tudo era uma grande tortura pra mim, eu olhava ao redor e tentava criar uma solução pra tudo o que estava acontecendo.

FreenBecky • Sou bem mas que sua Friend • VisionOnde histórias criam vida. Descubra agora