Capítulo Oito: Casa

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⏤ Eu não quero que vocês se prejudiquem por minha causa. ⏤ entrego o jornal a Professor. ⏤ Mas também não vou voltar para minha casa.

⏤ Por onde vai ficar? ⏤ indaga Professor.

⏤ Ora, na rua onde mais. ⏤ dou de ombros.

⏤ Deixa de ser besta menina, tu tem tudo do bom e do melhor te esperando. A rua não é a disneylândia, você não vai dar conta quando a fome bater. ⏤ João Grande fala.

⏤ Eu sei o que eu faço, tá, eu não tenho medo, se for precios eu roubo igual vocês. ⏤ eles riem. ⏤ Qual é a graça?

⏤ Você é toda perfeitinha que nem deve saber chutar. ⏤ Bala comenta zombando de mim, olho em volta e, quando menos espera, o acerto um chute na barriga, ele cambaleia para trás colocando a mão aonde foi atingido.

⏤ Tá maluca garota. ⏤ João Grande vem pra cima.

⏤ O que, é? Vai bater em mim, pode vir. ⏤ Bala segura a camiseta de João Grande para que ele não avance.

⏤ A princesa é minha.

⏤ Você quer brigar, cai dentro. ⏤ provoco-o.

⏤ Parem com isso. ⏤ intervém Professor.

⏤ Não se meta Professor, que meu problema agora é com ela.

Eu estava cansada. Por muito tempo fui tratada como piada apenas por ser garota. Eles pensam que não sou capaz. Mas vou mostrar para eles que estão enganados e vencer esse delinquentezinho só vai provar ainda mais isso. Estou pronta para quebrar alguns ossos.

Ele entra em posição de ataque e eu também, não espero ele agir e logo estico o braço em um soco mas ele defende puxando ele acertando um chute nas minhas costas, solto um grunhido e volto para ele.

Todos os meus golpes foram bloqueados um após o outro. Quando ele veio para cima, finalmente saindo da zona de defesa, eu contra ataco com uma brecha acertando um soco no seu estômago. Ele não recua e me pega pelo braço, me colocando de costas para ele, sua mão segurando meu pulso impedindo-me de escapar.

⏤ Te peguei. ⏤ ele sussurra.

⏤ Eu acho que não. ⏤ piso no seu pé com força e ele me solta involuntariamente. Dou um soco no seu nariz que o faz sangrar. Ele leva a mão aonde foi atingido e, ao ver o vermelho escarlate entre os dedos, sorrio, estreitando a cabeça. ⏤ Você parece com problemas. ⏤ brinco.

⏤ Parem com isso, vocês estão parecendo dois animais. ⏤ grita Professor. ⏤ Lavínia, João Grande, está certo. Você tem tudo o que precisa, por que escolher viver na rua?

⏤ Vocês não entendem. Se eu voltar, eles vão me mandar para um colégio interno fora do país. Eu não posso correr o risco. ⏤ choramingo passando por ele saindo do trapiche.

Corro mas não vou muito longe, a orla pode ser um péssimo lugar agora. Se me encontrarem por lá, provavelmente me entregariam. Eu não posso ficar presa aqui, eu simplesmente não suporto a ideia.

Vejo Dora nas redondezas do trapiche e vou até ela. Ela sorri ao me ver se aproximando parando o que estava fazendo.

⏤ Lavínia. ⏤ aceno com a cabeça. ⏤ Aconteceu alguma coisa?

⏤ Eu preciso sair daqui e você tem que me ajudar.

⏤ Sair? Sair pra onde?

⏤ Preciso ir até em casa, mas tem pessoas me procurando.

⏤ Por você ter ajudado Bala, certo? ⏤ assinto. ⏤ Não acha arriscado demais?

⏤ É aí que você entra, você consegue arrumar algum disfarce para mim? ⏤ ela pensa.

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