Capítulo Três: Armazém

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Estou logo atrás de Dora quando o Professor parou de andar. Ele virou-se para nós e sorriu. Observo ao meu redor um armazém abandonado à beira mar, sob uma pilastra, onde dois garotos sentados com a mão no queixo observam nossa aproximação. Dora continuou e eu fui atrás dela.

⏤ Carne fresca na área Professor. ⏤ um grupo de garotos nos cercam e, quando um deles respirou no meu pescoço encolhi. Seguro o braço de Dora, enquanto ela esconde seu irmão atrás dela. O Professor entrou na frente, abrindo os braços.

⏤ Se afastem. ⏤ o Professor empurra quem tentava se aproximar, quando sou agarrada por trás ergo meu cotovelo e  soco o rosto do garoto que cambaleia para trás desnorteado. Porra. ⏤ Eu não vou pedir de novo.

⏤ Ih olha só, o Professor quer brigar! ⏤ um dos meninos debocha e os outros riem.

⏤ O que é essa bagunça aqui? ⏤ todos olham para trás, olhando para um único garoto que, logo de cara, reconheço. Ele me olha. Depois nota Dora e então encara Professor. ⏤ O que essas raparigas estão fazendo aqui dentro? ⏤ perguntou.

⏤ Bonitinhas elas, em Professor.

⏤ Elas não são mulher da vida não cara.

⏤ Você está querendo comer e não está querendo dividir.

⏤ Não somos comida. ⏤ falo, entrando na conversa.

⏤ Hm... ela não é aquela garota que subiu no morro ontem Bala? ⏤ um dos meninos indaga e o Professor me olha.

⏤ É mesmo, eu tô reconhecendo você. ⏤ engulo em seco.

⏤ E se ela for uma agente disfarçada, cara? ⏤ pressupõe um dos meninos.

⏤ Não seja burro, ela é só uma criança.
⏤ fala professor.

⏤ Eu tenho que ir. ⏤ me viro para sair, mas um dos garotos me aponta um estilete e eu paro.

⏤ Solta isso está assustan- ⏤ começa Professor, mas não termina porque dou um tapa na mão do garoto e chuto o objeto ponte agudo para longe. Ergo a cabeça e falo.

⏤ Não aponte essa coisa para mim de novo. ⏤ Bala, como o chamam, me olha dos pés a cabeça surpreso pela minha ação repentina. Desvio o olhar e passo por eles saindo do armazém.

Começo a andar rápido, olhando para meu relógio no pulso. Ainda esta longe de dar meio dia. Alguém agarra meu braço e eu me assusto, me pondo para trás.

⏤ Ei calma. ⏤ respiro quando vejo que é Professor. ⏤ Para onde você está indo?

⏤ Embora. ⏤ ele olha para trás.

⏤ Me desculpe pelo o que aconteceu, eles não são assim. ⏤ sorrio forçado. ⏤ Por que não passa essa noite aqui? Dormir na rua pode ser muito perigoso.

⏤ Ahn? ⏤ estou confusa e, então, me lembro que não disse a ele que não sou uma sem teto. ⏤ Ah, eu tenho casa...

⏤ Ah. ⏤ ele parece decepcionado. Sorrio outra vez e volto a andar.

⏤ Tchau, Professor.

Caminho pela praia, saindo pela calçada de paralelepípedo, atravesso a rua olhando para trás me sentindo vigiada,  caminho mas um pouco pela praça parando em frente a um grande carrossel.

⏤ Por que está me seguindo? ⏤ quando me viro, noto Bala a alguns passos de mim. ⏤ Veio atacar uma garota indefesa?

⏤ Você não é assim tão indefesa quanto parece, princesa.

⏤ Eu tenho nome, é Lavínia.

⏤ Lavínia é um bom nome para se dar a uma princesa. ⏤ reviro os olhos.

⏤ O que você quer? ⏤ ele movimenta a mão e eu vejo uma ecobag no seu ombro. Ele a retira e joga na minha direção e eu agarro.

⏤ Você deixou cair isso. ⏤ desvio o olhar para ele.

⏤ Minhas coisas... obrigado.

⏤ Eu vou te ver de novo? ⏤  estreito a sobrancelha confusa.

⏤ Você quer me ver de novo? ⏤ ele não responde, então dou um passo para mais perto dele. ⏤ Talvez. ⏤ respondo sua pergunta. ⏤ Te vejo por aí, Bala.

⏤ É Pedro Bala. ⏤ me corrigi.

⏤ Tá certo. Te vejo por aí, Pedro Bala.


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