CAPÍTULO 22."quer brigar? Então vamos"
– Chegou bem na hora. A Emily acabou de fazer os famosos bolinhos dela – comentou Paul, já mordendo um pedaço com entusiasmo. Os meninos estavam me esperando na reserva, e não pararam de me mandar mensagens até eu finalmente chegar.
A matilha sempre foi receptiva comigo, e fiz amizade com quase todos. Exceto com Leah. Ela, diferente dos outros, mantém uma certa distância e parece não ir muito com a minha cara.
– Olá, Faith! – disse Emily, vindo em minha direção para me abraçar.
– Oi, Emily – respondo, retribuindo o abraço com um sorriso.
Depois do abraço caloroso, nos sentamos em volta da mesa onde a comida estava posta, e o aroma dos bolinhos frescos tomava conta do ambiente. Era o tipo de acolhimento que eu sempre desejava, mesmo sabendo que Leah provavelmente estava lançando olhares discretos, porém duros, na minha direção.
– Então, Faith, como você está? – perguntou Sam, me olhando com aquele ar protetor.
– Ah, tudo bem – respondo, tentando não me deixar afetar pelo olhar da Leah. – Tem sido bom visitar vocês aqui.
Leah bufou, murmurando algo para si mesma enquanto se afastava um pouco do grupo. Fingi não notar, mas o desconforto me atingiu. Sam me lançou um olhar compreensivo, e Emily segurou minha mão de leve, transmitindo apoio silencioso.
– Não liga pra Leah, ela só precisa de um tempo – Emily sussurrou, com um sorriso encorajador.
Eu sorri de volta, tentando ignorar a tensão.
– Cadê o Jake? – pergunto, pegando um bolinho ainda quente e sentindo o aroma doce e acolhedor.
– Está depressivo por causa da Bella – responde Embry, com um suspiro. – Ela tem ligado pra ele de novo.
Jacob estava obcecado por Bella, incapaz de aceitar que ela havia escolhido um morto-vivo ao invés dele. Essa história de amor impossível me fazia lembrar de tantas outras histórias e, de certa forma, me trazia um déjà-vu desconfortável.
Desde que me aproximei dos meninos, Jacob sempre desabafava sobre essa situação. E, entre um soco e outro no ombro, eu tentava aconselhá-lo a parar de ser tão cabeça-dura, a enxergar seu próprio valor além do que Bella pensava dele. Mas, a verdade é que na maioria das vezes, ele apenas sorria e continuava com aquele olhar perdido, como se minhas palavras não fossem o suficiente para fazer ele seguir em frente.
– Já tentei dizer milhares de vezes pra ele desistir desse lance com Isabella, mas ele não enxerga o quanto isso é tóxico – comento, olhando de relance para Emily. Ela sorri, compreensiva.
– Acho que todos nós já tentamos, Faith – ela responde, suspirando. – Mas Jacob é... intenso. Ele só vai enxergar isso no próprio tempo.
Leah, que estava perto o suficiente para ouvir, revirou os olhos com um toque de irritação.
– Por favor, como se ele fosse algum tipo de herói trágico. Ele precisa se tocar e parar de sofrer por algo que nunca vai acontecer – disse, com um tom ácido. Ela então me olhou, como se estivesse esperando alguma reação minha, mas apenas suspirei.
– Talvez você esteja certa, Leah – concordei, tentando não alimentar ainda mais a tensão. – Mas às vezes, quando alguém está preso em algo assim, é difícil enxergar qualquer outra coisa.
Por um momento, achei ver um leve traço de empatia no olhar de Leah antes de ela voltar a desviar o olhar, cruzando os braços.
Sam olhou para Leah com um leve ar de censura, mas a conversa rapidamente se desviou, enquanto todos continuavam comendo. Em meio ao barulho das risadas dos outros e as tentativas de Paul e Jared de roubar o último bolinho.
– Por que se importa tanto? – Leah disparou, o tom ácido na voz evidente. – Está aqui há tão pouco tempo e já acha que pode opinar em tudo.
Em todo esse tempo, eu tinha sido cautelosa, mantendo a calma e controlando meu descontrole por sangue e minhas crises de raiva. Mas toda vez que eu vinha à reserva, Leah encontrava um jeito de me provocar, com olhares carregados de reprovação e comentários maldosos. Parte de mim queria apenas ignorar, mas sua insistência fazia com que fosse difícil conter meu lado mais sombrio.
Eu tinha um acordo com a matilha: jamais usaria meus poderes de vampira ou bruxa ali, para respeitar as tradições e a confiança que haviam depositado em mim. Mesmo assim, às vezes, meu instinto de loba, sempre latente e imprevisível, ameaçava emergir.
– Não vale a pena – murmurou Embry ao meu lado, numa tentativa de me acalmar.
Até então, eu sempre havia ignorado as provocações de Leah, mas hoje parecia mais difícil.
– Vai ficar quieta? – Leah insistiu, o olhar desafiador.
– Leah, por favor. Aqui não – Sam interveio com firmeza. Ela lançou um olhar de desagrado para ele, mas, obediente à ordem do alfa, acabou deixando a casa, irritada.
Respirei fundo, tentando relaxar, e voltei a conversar com o pessoal. Mas as palavras de Leah continuavam a ecoar em minha mente, e meu lobo interior rosnava silenciosamente, incomodado.
Emily apertou minha mão de leve, me tirando dos pensamentos. Seu olhar compreensivo e encorajador me trouxe de volta ao momento, e logo as risadas e brincadeiras dos outros me envolveram novamente, dissipando parte da tensão.
Mas eu sabia que Leah e eu teríamos que resolver isso. Mais cedo ou mais tarde, nossa paz frágil seria testada. Após toda essa tensão, fomos para la push e logo os meninos entraram na água, felizes como crianças.
– Leah te provocou denovo? — ouço a voz de Jake se aproximando, o olho assentindo com a cabeça. — uma hora isso não vai dar mais certo.
– não mesmo. Até porque eu sou filha do meu pai — digo, tirando uma risada fraca dele. — uma hora essa paciência vai acabar, e eu vou ensinar ela como me tratar direito.
– como você é má — Jacob ironizou, rindo.
Antes que eu pudesse continuar o assunto, recebi uma mensagem de Emmett.
”estou te esperando, na sua casa"
Rapidamente me levantei, e me despedi dos meninos, indo ao encontro de Emmett. Mas como nem tudo são flores, dei de cara com Leah em sua forma de loba na floresta.
– qual é Leah. Eu apenas quero ir embora. — digo, não recebendo resposta. A loba apenas contínuou me olhando, e rosnando.
"Não vai embora tão cedo" ela disse em seu pensamento.
Revirei os olhos, perdendo a paciência.
– quer brigar? Então vamos — disse, pronta para me transformar.
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Soulmate - Emmett Cullen
FanfictionFaith Mikaelson, uma tríbida como sua prima Hope Mikaelson, era uma brecha da natureza. Ambas desejavam levar uma vida tranquila, distante dos inimigos, e assim chegaram à pacata cidade de Forks.