C H A P T E R XLV

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Andrew Martins

O gosto amargo de tequila descia em uma linha de fogo, queimando onde passava, misturando-se ao pó que ainda escorria pelo meu nariz.

Não sabia em que shot estava, ou a quanto tempo cheguei na boate, e no fundo, sei que tudo que fiz até agora não passa de uma autopunição, mas não importa.

O que eu sentia ou deixava de sentir não importava mais, porque meus pensamentos sempre me puxavam para ela... Luana!

Desde que tivemos nossa última conversa, tentei ser forte e me agarrar as memórias boas que passamos. Tentei não voltar a me embebedar ou traçar linhas brancas de cocaína na minha escrivaninha, mas não consegui.

Luana me atormenta nos meus sonhos e em cada atividade que realize na minha vida como se fosse alguma assombração. Uma bela assombração de pele chocolate e cabelo frondoso, que não será mais minha.

Fui fraco, voltei ao ciclo vicioso de baladas, uísque e tequila e muita cocaína. Ao invés de cinco linhas diárias, passei a consumir mais da metade disso. E mesmo tentando me distrair com as luzes piscando na balada, os borrões de rostos desconhecidos e a música ensurdecedora do local, era o rosto de Luana que aparecia na minha mente, sempre que eu fechava os olhos. E eu estava caindo aos pedaços.

O pior nível que atinge, foi no teste quando o teste antidoping obrigatório na final do campeonato deu positivo. Foi um espanto total quando eu descobri que se fazia esse teste, eu nunca fui titular em jogos da final, e no ano em que era minha vez, fui expulso do jogo devido às elevadas quantidades de substâncias nocivas no meu organismo.

Observei a cara de decepção do treinador Wang se formar, quando me destituiu da posição de quarterback titular. Voltei para casa no mesmo momento, não me dei ao luxo de assistir o jogo, mesmo sabendo que a vitória estava garantida.

Essa situação me fez afundar mais e mais. As baladas têm sido minha casa, e minha casa apenas um ponto de passagem. Faço a compra da cocaína, término garrafas de uísque e faço de tudo para não ficar sóbrio.

E aqui estou eu, afundando mais e mais no que eu nunca quis que se tornar-se um vício. A dor é menos nítida com a mente entorpecida e o coração anestesiado. Mas a imagem de Luana, essa maldita imagem fica me perseguindo em cada segundo de sobriedade que me resta.

— Mais uma dose! — empurro o meu copo no balcão na balada.

O bartender me olha com desdém e prepara outro drink para mim, e devolve o copo. Viro o copo de tequila logo de uma vez. O conteúdo desce pela minha garganta ardentemente, até chegar ao meu estômago. 

Encosto minha cabeça no balcão, tentando afastar minha mente dela. Se ainda estou pensando nela é porque ainda estou sóbrio, preciso de mais bebida!

— Me dê uma garrafa de uísque. — peço para o bartender, que logo atende o meu pedido.

Jogo duas notas de cem dólares na bancada para pagar. Abro a garrafa e começo a beber. O uísque desce queimando, reduzindo a sobriedade que me resta e afastando a cara de Luana dos meus pensamentos. 

— Drew! — olho para o lado, para ver a pessoa que me chama.

Pelos alargadores de orelha e o cabelo comprido, vejo que é Will, o cara que me fornece meu pó branco.

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