Quem garante?
Que amanhã o sol ainda nascerá para nos tocar,
que a chuva sossegará sua melodia sobre os telhados,
e que, inevitavelmente, a sexta abrirá passagem para o sábado?Quem ousa prometer
que a vida seguirá, sem falhas,
que não se perderá entre os desvios do destino,
nem se apagará, aos poucos, na rotina dos dias?
Eu queria garantias, algo palpável entre as mãos,
algo que não se esvaísse como areia,
evitar os tropeços, as quedas que chegam sem aviso.Mas quem me assegura
que a noite trará o consolo de que a alma precisa,
que os livros permanecerão vivos, mais que palavras esquecidas,
ou que a música, ainda frágil, nos embalará,
como último refúgio?Eu quero garantias de tudo:
que estarei aqui amanhã, que poderei errar ou acertar,
que a chuva saberá a hora de partir,
que as palavras e a música nunca se tornarão silêncio.Quero garantir o riso e a lágrima, a calmaria e a tempestade,
o caminho e o descanso, a luz e o consolo.
Mas talvez a vida se recuse a nos dar certezas,
talvez o destino insista em nos desafiar com o incerto,
como um lembrete de que a garantia que buscamos
é um sonho impossível de segurar.Mas eu AINDA preciso das garantias!!!