Sombras e Fogo

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Agatha e Rio avançam ainda mais pelos corredores tortuosos do castelo, cujas paredes pareciam se mover, deslocando-se para criar novos caminhos enquanto elas caminhavam. A cada passo, o ar ficava mais pesado, e o silêncio era cortado apenas pelo eco distante de seus próprios passos. O castelo parecia ter um certo prazer em confundi-las.

“Então, qual é o próximo truque, castelo? Vai girar o chão ou algo assim?” Agatha murmurou, como se o próprio edifício pudesse ouvir sua provocação. Rio esboçou um sorriso, divertindo-se com o sarcasmo constante de Agatha, embora notasse, com algum cuidado, que ela estava ficando cada vez mais desgastada.

“Acho que o castelo está tentando te dar uma aula de paciência,” Rio respondeu, com aquele tom controlado que era quase uma provocação. “E honestamente, estou curiosa pra ver se consegue.”

Antes que Agatha pudesse responder, uma pesada porta de pedra à frente começou a ranger, abrindo-se lentamente para revelar uma sala vasta e escura. As paredes estavam cobertas de runas antigas, e uma energia mística irradiava do centro da sala, onde havia um pedestal vazio. A sala emanava um frio quase sobrenatural, e ambas sentiram os cabelos da nuca arrepiarem.

“Impressionante. Um pedestal vazio… Muito misterioso,” Agatha comentou em um tom de deboche, enquanto Rio avançava com cautela.

“Esse ‘pedestal vazio’ tem um propósito,” Rio murmurou, ignorando o sarcasmo de Agatha. “É uma espécie de teste. Um portal entre esse mundo e o dos espíritos guardiões. Eles se manifestam aqui, testando quem ousa seguir em frente.”

Antes que pudesse responder, uma neblina espessa se espalhou pelo chão, e dela surgiram três figuras encapuzadas, como sombras humanas com olhos de um brilho opaco e ameaçador. Uma delas, no centro, estendeu a mão na direção de Agatha, como se esperasse que ela desse um passo à frente.

“Hum… Essas recepções sempre são tão calorosas?” Agatha comentou, disfarçando o receio enquanto tentava avaliar a situação. Mas a presença das figuras parecia corroer sua energia. Sentiu o cansaço pesar sobre ela.

Rio, percebendo o perigo, falou em um tom sério. “Não são brincadeira. Esses espíritos guardiões exigem uma oferenda. Uma porção de magia… ou de vida.”

Agatha estreitou os olhos. “O que você está sugerindo? Que eu entregue parte do meu poder?”

Rio deu de ombros. “Ou você faz isso, ou eles não deixarão que continue.”

Agatha olhou para as sombras e depois para Rio, sentindo-se encurralada. Seu instinto natural era lutar, mas ela sabia que esses espíritos não podiam ser simplesmente derrotados com feitiços comuns. Com um suspiro resignado, estendeu a mão, concentrando-se em liberar uma pequena fração de sua magia.

No entanto, assim que os espíritos começaram a absorver sua energia, sentiu a magia negra reagir como uma fera selvagem dentro dela, tentando resistir e puxar a energia de volta. O choque da força sombria a fez hesitar, e ela quase perdeu o equilíbrio, sendo forçada a recuar.

“Não consegue controlar o que tem aí dentro, consegue?” Rio comentou, observando-a com um interesse quase perverso.

Agatha a encarou, ofegante, mas com um sorriso desafiador. “Eu consigo controlar muito bem. Só preciso de… prática.” Ela avançou novamente, reunindo todo o seu foco, enquanto as sombras continuavam a puxar sua energia.

Depois de um esforço exaustivo, a oferenda foi aceita, e os espíritos se dissiparam, abrindo caminho para a próxima fase. Agatha estava pálida e trêmula, mas manteve a compostura, recusando-se a dar o braço a torcer.

Rio se aproximou, inclinando-se para sussurrar, com um tom quase divertido. “Não há vergonha em pedir ajuda, sabia? Teria poupado uma boa dose de dor.”

Agatha: O Abraço da Morte.Onde histórias criam vida. Descubra agora