Quando um Mafioso é meu herói

AS PALAVRAS DO CHEFE

O dia seguinte chegou. E na minha sala, no meio de uma tarde quente, eu estava conversando com Noah. O meu humor não estava um dos melhores esse dia. O que eu sinto pelo Connor deveria ser investigado com cautela. Temo que é algo decepcionante, mas eu gosto.
- O que exatamente você descobriu? - perguntei.
- Nenhum dos ataques recentes tiveram algum envolvimento com o Landon Westcott. - respondeu Noah.
- O que isso significa? - perguntei.
- Significa que tem uma mente maior por trás disso. - ele respondeu.
- Qual delas? Porque parece que a rebelião está prestes a começar. Nós não podemos deixar que ela se inicie. - falei.
- Você tem razão, nós não podemos. Mas como nós iremos parar? - perguntou.
- Diga para o grupo Medusa que comecem os ataques. - respondi.
- Você tem certeza? É muito arriscado. - disse Noah.
- Eu não erro, Noah. Agora saia. Volte para a investigação e dê a ordem ao grupo. - eu disse. Noah levantou-se, mas virou-se para mim antes de abrir a porta.
- Chefe, eu queria te perguntar algo. - ele disse
- Diga de uma vez. - falei.
- Você não acha que seria melhor se eu tivesse um parceiro para me ajudar a investigar? Eu não sei, talvez fosse. - ele perguntou.
- Por que? trabalho em equipe nunca foi o seu forte. Em quem está pensando? - perguntei.
- Connor Kendricks. - respondeu. Espero que isso seja ironia.
- Isso é algum tipo de brincadeira? - perguntei.
- Chefe, pense bem, se o Connor vier junto comigo alguém vai perseguir ele e isso vai nos ajudar a descobrir quem está por trás dos ataques. - ele respondeu.
- O seu dever é investigar do lado de fora, enquanto Connor investiga do lado de dentro, que é aqui, na mansão. - falei.
- Ele não poderia fazer os dois? - perguntou.
- Como você tem a audácia de me perguntar algo assim? Você não sente vergonha? Se eu preferir, você é jogado nas ruas e morre lá mesmo. Então, ponha-se em seu lugar, seu imprestável. - eu disse. Ele se calou. Noah se retirou da sala antes que eu abrisse a minha boca para falar qualquer coisa novamente.

Eu fui para a cozinha, onde encontrei ele, Connor. Ele estava jantando enquanto lia um livro de romance ruim.
- Você parece concentrado. - falei.
- Parece engraçado, mas eu estou. - ele disse.
- Você sabe que isso é um romance ruim. Por que colocou essa coisa na estante de livros? - perguntou.
- Eu nem sabia que esse livro estava lá. - respondi. Me sentei próximo de sua cadeira. Eu vi que seus lindos olhos estavam cansados. O que você andou fazendo a noite toda?
- Você está bem? Parece cansado. - perguntei. Normalmente eu não costumo fazer esse tipo de pergunta, mas achei que fosse preciso.
- Na verdade, você parece cansado. Parece que você está remoendo alguma coisa em sua mente. Quer conversar? - perguntou. Então vai ser assim.
- Eu perguntei primeiro. - falei.
- Justo. - ele disse.
- Mas eu estou curioso. Por que o grande chefe da máfia está cansado? Que assunto o afetaria tanto? - ele perguntou.
- Esse é um assunto que não é importante, muito menos da sua conta. Conte-me, o que lhe incomoda? - perguntei.
- Me incomoda não saber o que você está pensando, Hunter. - ele respondeu. Esse é jogo que você vai querer jogar, Connor?
- Eu penso no futuro. Apenas. - falei.
- Isso não é o suficiente. - ele disse.
- Mas é o suficiente para você. - eu disse. Ele ficou quieto durante um tempo. O clima estava agradável agora com a sua boca fechada.
- Eu fui para o seu quarto ontem à noite. Você não estava lá. - falei.
- O que você foi fazer no meu quarto? - perguntou.
- Conversar. Mas como eu disse antes, você não estava. Onde você estava? - perguntei.
- Eu estava com o Gavin. - respondeu. Eu já deveria saber.
- Isso explica muita coisa. - falei. A verdade é que eu queria vê-lo, eu queria poder ficar próximo dele, de alguma forma. Eu não consigo parar de pensar nele. O Connor é alguém que eu necessito, é o que tanto falta para completar quem eu sou. Eu me sinto em um labirinto quando penso nele. Qual será a saída?

Na mansão onde parecia ser assombrada, estava Landon Westcott, com pensamentos sujos em sua cadeira dourada na sala prateada. Landon planejava o seu próximo e primeiro passo sobre o seu amado. Ele então chamou Gordon. Um dos homens mais competentes que trabalha para ele.
- Você sabe por que eu te chamei aqui? - perguntou Landon.
- Eu acho que sim. - respondeu Gordon. Landon jogou uma taça nos pés de Gordon. Os cacos se espalharam pelo chão branco, assim como a sujeira se espalha por um ser imundo
- Você deve responder que sabe, não que acha, seu verme. - disse Landon.
- Sim, senhor. Afirmativo. O senhor deseja que eu convoque os Eeks? - perguntou Gordon. Os Eeks são uma dupla de assassinos que trabalham para Landon.
- Exato. O aniversário do Connor vai acontecer em dois meses. Ele vai fazer enfim os seus dezoito anos e eu quero dar para ele um presente. Vou trazê-lo de volta para sua casa de verdade. - respondeu Landon.
- Se é isso que o senhor quer, os Eeks não irão falhar. Acredito que eles já estão trabalhando há um tempo. - disse Gordon.
- É bom saber. Se eles falharem, mais de mil subordinados irão morrer, inclusive você e os Eeks juntos. - disse Landon.
- Nós não iremos falhar, senhor! Terá o Connor Kendricks na palma da sua mão novamente. - Gordon disse.
- Perfeito. Nenhum desses meninos que me trouxeram me satisfazem, quero o meu garoto de volta o quanto antes. O inverno está finalmente chegando. - Landon disse. O seu império não irá durar por muito tempo, Landon.

Quando a madrugada entrou, eu caminhei até o quarto de Gavin. Talvez não seja tão ruim olhar nos olhos dele. Eu quero saber como Connor se sentiu.
Gavin parece tão vulnerável dessa forma. Eu nunca o vi desse jeito, na verdade, nunca vi um subordinado assim. Sempre poupei eles da dor e da inutilidade que eles apresentavam. Ele parecia surpreso em ver. Mas também parecia com medo.
- Chefe? O que o senhor está fazendo aqui? - Gavin perguntou.
- Eu vim vê-lo. - respondi.
- E-Eu eu nunca pensei que o senhor se importasse, quer dizer, não quero parecer rude ou ingrato. - ele disse.
- Eu não me importo. Mas eu não odeio você. - falei.
- Mas o senhor parece cansado. Por favor, descanse. - ele pediu.
- Confesso que estou cansado, mas isso é apenas passageiro. - falei.
- E como você está se sentindo? - perguntei.
- Eu estou melhor. Obrigado por perguntar, chefe. - ele respondeu.
- Gavin, o que você costuma fazer quando está confuso em relação a alguém? - perguntei.
- E se motivo for sobre os seus desejos pessoais? - continuei com a pergunta.
- Bom, por que você se sente confuso? Se for um desejo bom, se for mesmo e não tiver problema, então tudo bem. Não precisa sentir vergonha. - ele respondeu. Eu não acredito que eu realmente perguntei isso para ele, e não acredito que agora estou afetado com essa resposta. Será que eu devo mesmo?
- Isso faz sentido. - falei.
- Eu me sinto mal por tomar o seu tempo. Sei que o senhor está muito ocupado, então me perdoe pela ousadia. - ele disse.
- Não se preocupe com isso. - eu disse.
- Eu prometo que vou me recuperar logo para trabalhar bem dessa vez, senhor. - Gavin disse.
- Eu ainda acho que eu deveria ser penalizado por ter deixado o Connor fugir comigo. O senhor me confiou à essa tarefa e eu não pude cumprir, por isso, eu peço que me deixe aprender com os meus erros. - ele continuou.
- Gavin, descanse. Isso é uma ordem. - ordenei. Eu saí de seu quarto e fui para o meu. Minha cabeça estava um pouco zonza. Deve ser o sono.

Antes de ir deitar em minha cama, entrei em silêncio no quarto de Connor. Ele estava em um sono profundo. Eu não sei o que eu vi naquele rebelde sem jeito, mas eu sentia a necessidade de protegê-lo, a todo custo. Não é apenas pelo selo, mas acho que é muito cedo para decidir o que é esse sentimento. Ah, é melhor eu ir para o meu quarto antes que eu o acorde. E então, depois de algumas horas, a manhã seguinte chegou. Aqui na grande escada da sala, estava eu, olhando vários dos meus homens esperarem pelas minhas palavras.
A ansiedade em seus corpos demonstrava que eles estavam com medo de ser algo sério. Mas é.
- Prestem atenção em minhas palavras, todos vocês. - ordenei.
- Eu vim pedir para que vocês me prometam que vão sempre, e que devem proteger o Connor Kendricks. - falei. Alguns pareciam confusos, mas essa é a minha ordem.
- Eu sei que vocês têm dúvidas sobre ele, mas acreditem, se eu estou falando, é para acreditarem na minha palavra. - continuei. A tensão parecia ter diminuído.
- Protejam o Connor com as suas vidas. Eu quero que vocês o protejam, como se estivessem me protegendo, dando tudo de si, colocando tudo o que aprenderam em prática. - eu acrescentei. Suas expressões não me agradavam, mas que essa mensagem chegue em seus ouvidos, pois, estamos chegando perto da rebelião.
- Se o Connor estiver em perigo, então eu também estou. Se a vida dele estiver ameaçada, então a minha também estará. Lembrem-se: protejam ele, custe o que custar. Em alguns meses tudo ficará mais difícil para nós, mas é preciso resistir e defender o garoto. - encerrei. Mostrem que vocês são superiores a qualquer merda que o Landon fará no futuro próximo.