DESEJA SER PUNIDO?

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  Aquela sala médica era completamente branca e fria. Seu odor era de pílulas constantes e suor de agulha.  Era grande, mas o suficiente para uma pessoa trabalhar sozinha. Havia diversos remédios em estantes de ferro. Sentado em cima de uma maca hospitalar fixa, eu estava sendo tratado com o maior cuidado que já tinha visto, ela era mesmo uma boa doutora.
  – Que bom que você tomou um banho antes de vir, facilitou o meu trabalho. — disse Crystal.
  – Eu não poderia esperar. — falei.
  – Sabe, Connor, você não pode se mexer tanto. — ela acrescentou.
  – Qual seria o meu limite? — perguntei.
  – Não se esforce no seu trabalho privado, ok? — ela disse.
  – Eu não tenho outra escolha. Eu preciso fazer isso. — falei.
  – Você tem algum remédio para dormir? — perguntei.
  – Eu tenho. Mas eu não posso liberar esse tipo de coisa para você sem a permissão do nosso chefe. — respondeu. Eu já esperava, mas tentei mesmo assim.
  – Eu vou conseguir permissão. Acho melhor você preparar três cartelas. — falei.
  – Não seja exagerado. — ela disse. Ela cortou alguns pontos na minha cabeça e então virou-se para mim. Seus cachos longos eram sedutores à qualquer homem que ousasse olhar para eles. Seus olhos escuros transmitiram amor, inabalável, presumo.
  – Aliás, você soube o que aconteceu com o Gavin Moore? Parece que no fim ele sobreviveu. — Crystal disse. Eu achei que ele estivesse morto, mas fui enganado. É felicidade o que eu sinto? Ou desprezo por saber o que acontecerá com sua vida?
  – Você não parece feliz, Connor. Não gostou da notícia? — perguntou.
  – Era melhor ele ter morrido. — respondi. Ela me olhou incrédula. Eu estou sendo muito desumano? Eu não sei, mas sua reação me deixou pensativo.
  – Connor, você sabe o que é empatia? — perguntou.
  – Empatia? — perguntei.
  – É quando você se coloca no lugar de outra pessoa. Entender os seus problemas e os problemas dela também. — respondeu.
  – Isso se chama validação. — falei.
  – Então existem dois conceitos de empatia para você? — perguntou. Eu não respondi, pois não havia resposta.
  – Vá para o seu quarto. Está tudo bem com você. — disse Crystal. Assim eu fiz.

  Cheguei no quarto fraco da dor que me foi causada há algumas horas atrás. Me aproximei da escrivaninha e pousei na cadeira azul. Peguei o meu caderno de anotações e passei a anotar os meus pensamentos com uma caneta dourada. "Empatia é a chave para ter um coração?" Anotei. "Como vou enxergar o... Amor?" Anotei.  É normal se sentir preso? É estranho, mas eu não sei exatamente onde eu quero chegar. Eu sinto que não consigo compreender o amor, o coração e nem a felicidade. Mas eu sei de algo que existe: a maldade humana. E eu, Connor, pretendo controlar tudo o que estiver sob o meu alcance. Em alguns minutos, pude ouvir a maçaneta da porta se mexer e depois a porta abrir. Era o chefe, ele parecia emburrado, além de estar embriagado.
  – Você passou dos limites dessa vez. — disse Hunter. Ele fechou a porta com muita força, tremendo o quarto. Ele estava possessivo.
  – Eu sei, lamento. — falei. Tentei manter a minha calma, mas eu estava internamente assustado. Agora ele se parece mais com o Landon.
  – Lamenta? Eu achei que você tinha mais para me dizer, Connor. — ele disse. Isso, Hunter, mostre sua verdadeira face. Mostre a sombra que tanto te atormenta durante suas noites de sono.
  – Você roubou a arma do meu subordinado que eu mais prezo pela confiança. Roubou um carro e quase foi morto. Sem falar que colocou a vida de várias pessoas em risco. Por que se arriscar assim? Por que você foi tão irresponsável? — perguntou.
  – Eu tentei salvar a vida de uma criança. — respondi. Ele soltou uma risada atormentada e cruel; andou em círculos e virou-se pra mim.
  – A MENINA ESTÁ MORTA AGORA E A CULPA É SUA! — gritou. Sim. Ela iria morrer mais cedo ou mais tarde, mas eu tentei salva-lá. Acho que nenhum tipo de criança merece passar pelo o que eu passei.
  – Você tem razão. Eu fui tolo em achar que eu conseguiria salva-lá sem nenhum planejamento. Foi um erro meu. Não vai se repetir. — eu disse.
  – Eu não posso acreditar que você, Connor, o menino assustado, arriscou tudo tão facilmente mesmo tendo tudo aqui. — ele disse. Tudo? E o que você pediria em troca?
  – Eu fiz o que era certo. — eu disse.
  – Você achou que era certo. Mas o certo era você ter ficado na droga da mansão e não ter saído. Por que você é
desse jeito? Por que não tenta ser um pouco mais normal? — ele perguntou.
  – Normal? — perguntei.
  – Você teve a chance de ter sido alguém normal aqui comigo, mas você jogou isso fora. — ele disse.
  – É incrível como vocês sempre agem  como se o mundo de vocês fosse perfeito, mas não é. Nós não somos ratos e nem brinquedos. Você me enxerga como um humano, Hunter? — perguntei. Ele estendeu a sua mão, e em um piscar de olhos, Hunter me deu um tapa. Sua mão pesada me fez refletir o quão estúpido e descuidado eu fui ao dizer essas palavras.
  – Você é meu, Connor. Nada mudará isso. — Hunter disse. Ele me bateu e pareceu como um beijo. Mas um beijo violento em uma dança calculada.
  – Você não pode decidir o seu futuro. — ele disse. Hunter se aproximou da porta. Ele se encostou de costas e cruzou os seus braços.
  – O Gavin sofrerá uma punição quando ele acordar. Ele será o único considerado culpado. — ele continuou.
Eu não poderia arriscar mais, mas eu também não deveria deixá-lo sofrer por um castigo que não foi sua culpa. Eu não quero ser herói, mas eu posso ser melhor.
  – Você não pode fazer isso. — eu falei.
  – E você acha que está em posição de me dizer o que fazer? — perguntou.
  – Eu só quero consertar às coisas, Hunter. — eu disse.
  – Você? Consertar? Não me faça de idiota mais uma vez, garoto. — ele disse.
  – O Gavin não merece isso, nada disso. Eu quero poder fazer o que estiver ao meu alcance para ajudá-lo, mesmo que isso signifique arriscar. — admiti.
  – Você está sendo ingênuo. — ele disse. Aquela sensação voltou mais uma vez. A mesma sensação que eu tinha quando o Landon deixava claro que estava disposto a ser cruel e sem cura alheia do tempo. Hunter começou a andar, então, eu peguei em seu braço e fiz ele olhar para mim.
  – Hunter, você é o Hunter. Não seja igual aos outros, não seja o meu inimigo. — falei. Ele puxou o seu braço de volta e continuou olhando para mim.
  – Eu já disse que você não tem autoridade para dizer o que eu devo fazer. — Hunter disse.
  – Eu vou ser punido no lugar dele. — falei. Ele mudou sua expressão, agora parece indignado e sua revolta passou a diminuir, como se uma avalanche se transformasse em uma nevasca.
  – Você enlouqueceu? — perguntou. Se o meu nome sumir, o que vai ocorrer mesmo?
  – Você está mesmo falando sério? — perguntou mais uma vez.
  – É tão difícil de entender? Eu posso ser um sacrifício, já que tudo o que eu causei foi dor e sofrimento. — eu respondi.
  – Você enxerga a morte como a forma de uma saída direta e rápida dos seus problemas? Você entende a gravidade das suas palavras? —  ele perguntou. Você está certo, Hunter. Mas eu não vou morrer agora, eu sei que não. Ele analisou a situação mais uma vez. Mas como ele conseguiria analisar sem estar com a mente limpa? O quão corrompido ele estava agora?
  – Eu sou um condenado. Não tenho vida e muito menos uma saída. Eu mereço. — falei. Eu acabei de abrir a porta do abismo, mas não tinha percebido ainda.
  – Parece que alguém esteve mesmo lá fora. O mundo é mesmo tão assustador para você? — perguntou. Ele disse em um tom sarcástico. Ele então se aproximou de mim. Passou dois dedos em minha boca cortada, descendo até meu queixo e segurando por alguns segundos.
  – Está bem. Eu vou punir você do jeito certo, mas não pense que eu vou pegar leve. Eu sei muito bem ser cruel, garoto. — ele disse. Eu pude ouvir sua respiração ofegante. O meu peito estava ardendo.
  – Eu vou ficar bem. — falei. Ele pegou em minha mão e entrelaçou com a sua. Sua boca agora estava ralando na minha orelha. Senti meu corpo inteiro arrepiar.
  – Você me deixa frustrado, Connor. — ele disse. Hunter beijou minha mão com delicadeza. Suas mãos agora estavam na minha cintura. Ele voltou sua atenção para o meu rosto. Em alguns segundos, Hunter me surpreendeu com um beijo demorado, mas eu senti seus lábios colados nos meus com muita vontade. Com o calor do momento, ele tirou a minha camisa e passou a beijar o meu corpo. Eu não sei que sensação é essa, mas meu corpo parece estar gostando. Hunter me jogou na cama e logo depois, tirou a minha calça lentamente. Chegou o dia, eu vou dar tudo de mim para em breve, você me dar tudo de si. Ele tirou suas peças de roupa lentamente. Não tirou seus olhos esfomeados do meu corpo nem por isso um segundo.
  – Eu quero te conhecer melhor. — disse. Seus toques se aperfeiçoaram em meu corpo delicado. Quando ele conseguia, eu soltava então o que ele parecia gostar de ouvir: meus gemidos. Seus toques permanência no local, enquanto sua língua passava por meu seio, foi quando eu senti sua mordida lenta que me fez prender meus lábios em minha mão. Hunter segurou minhas mãos e voltou a me beijar. Ele não esperou mais, ansioso, uniu parte do seu corpo em meu corpo; agora estávamos em uma dança deliciosamente em sintonia.
  – Connor, seja meu por completo. — ele disse. Hunter me fez ficar em cima dele, então ele mordeu cada centímetro alcançável de minha pele pálida. Seus beijos eram como diamantes em uma casa de prata. Você me trataria assim se me amasse?
Cada toque, cada beijo, cada mordida, eu vou me lembrar disso. O meu corpo estava queimando por causa do chefe da máfia.

Quando um Mafioso é meu heróiOnde histórias criam vida. Descubra agora