A ÚLTIMA REFEIÇÃO

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Passaram-se somente alguns minutos desde que decidi ser um jovem adulto temporariamente. O que eu estou fazendo? Justiça. Talvez seja para saciar o meu estimável ego e sua fome de cumprir promessas. Em um Mustang Preto, por uma estrada que eu já passei, estavam dois subordinados de Hunterson. Era uma mulher madura chamada Dove. Ela era do tipo que sua cabeça era mais quente do que uma fogueira. Seu parceiro, Jenkins, um cara facilmente influenciável e que segue às ordens de sua parceira sem questionar. Um homem submisso, eu diria.

- É sério. Eu avisei que esse garoto só ia causar dor de cabeça. - reclamou Dove.
- Não adianta reclamar. Ele é o bichinho de estimação do nosso chefe, então vamos pegá-lo e ele será punido por ser um ingrato. O chefe salvou ele e é assim que ele agradece? - perguntou Jenkins.
- Tipo, não faz sentido. Eu no lugar dele aproveitaria a vida de luxo que tem ao lado do poderoso chefão. Ele ainda não caiu na real? O chefe é uma das maiores influências mundiais da atualidade. - disse Dove. O parceiro de Dove olhou para o rastreador, em busca de uma resposta plausível.
- Para onde ele está indo? - perguntou Jenkins.
- Se ele for muito longe, tenho certeza de que vai morrer igual um condenado. - respondeu Dove. Jenkins era um bobo, mas um bobo sensível. Sua paixão por Dove não permitia que ele tomasse suas próprias decisões e isso preenchia o rosto dela de satisfação.
- Você tirou a sua carteira ontem? - perguntou Dove.
- É meio difícil me concentrar quando você fica reclamando o tempo inteiro. - respondeu Jenkins.

Voltando para a minha cena, onde, depois de duas finitas horas, eu encontrei a casa onde dizia que a irmã de Steve mora. Uma pequena casa amarela. Ninguém desconfiaria que um mafioso moraria aqui no meio de todas essas cores vivas.
- Você acha que tem alguém? - perguntou Gavin.
- Deve ser aqui mesmo. Você fica na minha frente. Afinal, você ainda está sob às ordens do seu chefe. - respondi.
- Eu não faria nada com você. - disse Gavin.
- Eu sei disso. Agora bata na porta. - eu disse. Gavin suspirou, caminhou até a porta e então bateu três vezes.
- Tem mesmo certeza de que ela está aqui? - perguntou Gavin.
- Está demorando mesmo. - respondi. Que estranho, ela deveria abrir. Não tem outra escolha. - Gavin, abra a porta. - ordenei.
- E como eu vou fazer isso? Quer que eu arrombe a porta? - perguntou.
- Faça o que quiser, apenas abra a porta. Você sabe que o tempo está passando e que só temos duas horas até o Hunter voltar da reunião. A escolha é sua, certo? - perguntei. Parece que ele tomou um choque de realidade, o que foi preciso nessa hora. A cada minuto ele ficava mais nervoso, eu podia sentir seu desespero. O que o Hunter faria de tão ruim se ele ultrapassar a hora estimada?

Gavin então arrombou a porta sem esperar mais. Seu desespero era minha grande inspiração para este dia glorioso.
- Siga em frente. - eu disse. E assim ele o fez. Ao entrar junto com ele, olhei para os mínimos detalhes, esse lugar era lindo. Uma nostalgia pairou no ar quando eu vi vários brinquedos do chão, isso me lembrou a minha infância. Quadros do Steve e uma pequena garota eram fortemente visíveis por toda a casa. Chegando em um pequeno quarto rosa, ao abrir a porta, fui surpreendido com uma espingarda na minha cara. Fiquei surpreso e imediatamente levantei as mãos. Era uma garotinha de cabelos louros e tinha aproximadamente oito anos de idade. Seu olhos azuis refletiam a atitude insensata de seu irmão mais velho. Eles tinham o mesmo olhar.
- Não atire. Eu sou um amigo do seu irmão. - eu disse. Ela não parecia convencida. E como eu iria convencer uma criança?
- Isso é mentira. Meu irmão não tem amigos. Ele me disse. - ela respondeu. Ok, isso não parece ser fácil. Gavin então me puxou para trás e se colocou na minha frente.
- Não posso deixar você morrer, essa é a ordem que eu recebi. Então fique longe do perigo. - disse Gavin.
- Para trás ou eu atiro! - disse a menina.
- Calma, nós viemos de muito longe para te ajudar. Não somos caras ruins, acredite em mim. - disse Gavin.
- Vocês dois são mentirosos e se você não sair daqui eu vou matar vocês! - disse a menina. Quando a pequena garota valente piscou seus olhos de oceano, Gavin aproveitou a oportunidade para pegar a espingarda de suas mãos fracas.

Quando um Mafioso é meu heróiOnde histórias criam vida. Descubra agora