OS MEUS PRÓPRIOS DEMÔNIOS

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Eu estava ouvindo tudo. Eu sei que Hunter está desesperado por algum motivo. Essa necessidade de me proteger não é comum. Algo grande está por vir. Eu saí quando Hunter finalizou seu discurso. O inverno está chegando. É a minha época favorita do ano. É estranho eu gostar de algo tão raso, mas não consigo gostar de qualquer ser humano. Eu enfim voltei para o quarto de Gavin, pois havia uma certa necessidade de tê-lo por perto.
- Você voltou. - disse Gavin.
- Eu estou aqui. - falei. Eu me deitei ao seu lado. Ele estranhou, mas ficou quieto.
- Está tudo bem com você, Connor? - perguntou.
- Eu estou bem. Não precisa se preocupar. - respondi. Qual era a razão de eu estar aqui?
- Gavin, por que você vive? - perguntei.
- Por que você está me perguntando isso? - ele perguntou. Eu não sei exatamente o motivo, mas essa dúvida é algo essencial. Talvez eu esteja explorando um sentimento que eu nunca vi antes, então eu preciso saber porquê ele está vivo.
- Apenas responda. - falei.
- Bom, eu acho que eu vivo para salvar boas pessoas de pessoas ruins. - ele respondeu.
- Você não é um justiceiro, Gavin. Por que você realmente vive? - perguntei outra vez.
- Porque eu quero lutar até o fim. Eu quero amar algo além da vida. - ele respondeu. Eu senti o peso de sua resposta honesta. Finalmente eu pude entender um pouco a relação dos sentimentos humanos com a necessidade de ter algo para amar. Eu preciso estudar mais sobre esse tópico. Parece ser interessante. Talvez eu encontre uma resposta formidável.
- Obrigado. - eu agradeci.
- Pelo quê? - ele perguntou.
- Você me ajudou a entender quem você realmente é. Cada vez que eu te conheço, eu quero te conhecer ainda mais. - eu respondi. Ele pegou em minha mão e deu um leve aperto.
- Eu gostaria de conhecer melhor, Connor. - ele disse. Gavin sorriu. Seu sorriso me causou um tremor esquisito no peito. Minha mão formigou então. Eu lembrei de nosso beijo. O único beijo que não foi amargo. Eu tenho medo desse sentimento. Logo eu afastei minha mão da sua e me levantei.
- Descanse. - eu falei. Eu saí de seu quarto com o coração acelerado. Parecia que eu estava assustado. E de certa forma, eu estava. E se ao menos eu pudesse, eu faria um acordo com Deus.

Eu fui movido por nada mais do que o meu simples interesse até a sala do chefe. Ele não estava, mas eu irei esperar por ele. Os meus pensamentos estão fugindo do controle, preciso dar um jeito antes que seja tarde. Logo, Hunterson abre a porta. Ele ficou surpreso em me ver aqui, mas ele já estava mesmo esperando.
- É inesperado ver você aqui. O que deseja? - ele perguntou.
- Você parece um pouco surpreso. Mas parece que há negatividade sobre você. - falei.
- Isso não tem a ver com você, se quer saber. Agora, diga-me, por que você veio até a minha sala? - ele perguntou mais uma vez.
- Quanta impaciência, chefe. - falei. Me aproximei da janela e passei meus dedos pela madeira empoeirada que cercava os arredores da janela.
- Eu quero respostas. - respondi. Hunter ficou confuso.
- Respostas? Que respostas? - perguntou.
- Por que você parece estar tenso? Eu só quero conversar. - falei.
- Não mude o rumo do que isso realmente deveria ser, Connor. Eu já estou cansado. - ele disse. Eu nunca o vi tão impaciente. O que será que está afetando ele?
- E você acha que eu não estou? - perguntei. Ele se aproximou de mim. Pegou em meu braço e me puxou para perto de seu corpo.
- Esse é o jogo que você vai querer jogar? E que tal se a gente apostasse? - ele perguntou.
- Apostar o quê? - eu perguntei.
- Vamos apostar quem está na mão de quem, que tal? - ele perguntou. Eu desci a minha mão até sua cintura. Coloquei minha mão perto de seu ponto fraco.
- Eu tenho certeza que já ganhei. - respondi. Ele tirou sua mão de meu braço e a colocou em meu pescoço, apertando com leveza.
- Oh, Connor, caro Connor. Sua beleza é extravagante, tão extravagante que eu sinto uma insana vontade de te matar. - Hunter disse. Caro Hunter, saiba que você ainda vai me amar, pois sua carne é fraca. Olhe em sua volta e veja, eu te desperto desejos insanos que você está lutando contra.
- Olha, será que eu mereço mesmo isso? - eu perguntei. Ele sorriu. Sorriu como se fosse mesmo um assassino frio e sem um coração armazenado em seu peito. Essa é a caça de sentimentos?
- Connor, saiba que eu não me importo em colocar você em meus braços, mas eu preciso me concentrar em problemas maiores. - ele admitiu. Sobre o que ele estava falando agora? Por que o frio que emanava dentro do coração daquele homem era persistente? Talvez, se eu conseguir apenas fazer com que ele seja meu, no final, ele vai se render de corpo e alma. Sendo assim, eu terei tudo o que eu desejar se o chefe me desejar.
- Deixe-me te ajudar a relaxar, chefe. Você merece descansar. - eu falei. Eu levei ele até sua cadeira preta. Hunter se sentou. Ele respirou fundo, já sabia o que estava por vir. Eu me ajoelhei perante ele.
- Você é muito especial Connor. Se você fizer isso direito, eu te darei uma recompensa. - ele disse. Você acabou de entrar no meu inferno pessoal, Hunterson. Eu vou brincar com você até o seu limite. Hunter abaixou suas calças. Eu estou pronto para começar. Com a minha boca sendo a principal arma, eu a usei como ele queria. Minha voz agora estava misturada com o líquido que saira diretamente do chefe.
- Diga-me, qual é o sabor? - ele perguntou. Eu parei de fazer e então olhei para ele.
- É como um fruto proibido, mas um fruto deliciosamente bom. - eu respondi. Eu coloquei minha boca novamente lá. Hunter solta então seus sinceros gemidos de satisfação imensa. Onde estaria a sua frieza eterna agora? Então, eu senti suas mãos pesadas em meus cabelos negros. Ele puxou os meus cabelos como se estivesse querendo comandar o que eu estava fazendo por ele. No fundo, eu sabia que o Hunter temia que ele acabasse se importando comigo em um nível que ele não pudesse mais controlar. Mas eu controlo.
- Só mais um pouco. - Hunter disse. Sua voz saiu entre gemidos de alegria e um prazer viciante. Só mais um pouco? Então eu movi a minha boca com mais rapidez, mas saboreando cada centímetro daquela pele impura. O que dava mais felicidade para que Hunter soltasse seus suspiros e gemidos ofegantes. Em um último movimento bucal, eu senti aquilo pulsar em minha boca; Hunter então, segurou minha cabeça para que minha boca estivesse cravada até que eu sentisse aquele líquido entrando em minha garganta. Eu acabei não suportando, então afastei meu rosto e cuspi no chão. Hunter me levantou e me colocou em seu colo. Ele alisou o meu rosto lentamente e me beijou em seguida.
- Bom garoto. - ele disse.

Mais tarde, eu estava agora na varanda do quarto de Hunter, sem que ele soubesse. Bom, era de noite e até agora ele não veio para o seu quarto. O que ele estava fazendo agora? Eu não sei. Minha intenção aqui era a de achar algo suspeito, mas não encontrei, então vim para a varanda. Honestamente, é uma vista incrível para a cidade. Eu poderia passar horas apenas observando as luzes da cidade. Essa ocasião me faz refletir. Por que eu vivo? Por qual razão eu fui feito? Por que eu tive que lutar até agora? Eu me sinto vazio, não sei. É como se eu não fosse uma pessoa comum, como se eu não encontrasse o meu lugar no mundo. Mas sabe o que é mais estranho? O sentimento de estar sempre esperando algo ou alguém. Eu gostaria de ser mais normal. Ou gostaria de saber o que é o amor. Parece que é um grande mistério. Espera, por que eu estou tão emotivo? E por que eu estou chorando? Eu estou desmoronando completamente. Agora que eu caí no chão, coloquei minha mão em meu rosto. Eu não consigo acreditar que eu estou chorando por algo tão vago e sem nexo. O meu peito está doendo muito. O que é isso?

E então, no meio da noite terna, eu não vi uma pessoa chegar. Era um homem de terno vermelho. Parece que ele estava no teto e então, desceu até aqui.
- Quem é você? - eu perguntei. Eu tentei segurar as lágrimas, mesmo que tenha sido difícil. Aliás, o homem não parece nada amigável.
- Eu terei que te levar comigo, mestre. - o homem respondeu. Mestre? Como assim? O que isso significa?
- Se eu fosse você, eu não faria isso. O Hunter mataria você. - eu falei.
- Nós daremos um presente para ele uma outra hora. - o homem finalizou. Foi quando de repente, senti uma mão alcançar o meu rosto molhado. Eu desmaiei no mesmo instante.

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⏰ Última atualização: 6 days ago ⏰

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