Couple and me

Cartas na mesa...

Não demorou muito para chegarmos a casa dos Thirlwall's, mas algo inusitado havia acontecido.

Em frente a casa estava Lucy que se apoiava no capô de seu carro esportivo, enquanto olhava em seu relógio de pulso as horas como se esperasse por algo.

Sinto a raiva tomar conta de mim, e logo todos nós descemos do carro.

Dona Norma não parece nada animada com a situação, ela possue um olhar mortal que nunca vi nestes dois anos que compartilhei com aquela família.

Kyra suspira e tenho para mim que aquilo havia acabado com o clima da família.

— Até que fim, meu amor! Estava começando a achar que não viria... Está pronta?

— Como assim, para que? — Norma questiona e Jade a olha confusa.

— Eu e sua filha iremos sair para jantar sogrinha.

Neste momento sou tomada pela raiva e estou prestes a responder, mas minha mulher é mais esperta e toma as rédeas.

Leigh-Anne ajustar sua postura e se posiciona em minha frente, seu semblante é sério e por pouco tenho certeza que se segura para não soar com amargura

— Uhm... Sinto muito por isso, mas creio que não será possível — Jade abriu a boca para protestar, mas a Mulata prosseguiu — Creio que você já saiba que hoje fomos ver Kyra se apresentar e agora estamos prestes a jantarmos juntos.

— Baby... Foi um evento em família por isso não lhe chamei — Jade disse com um tom leve de súplica e Lucy riu com desdém.

— Amélia, você quer me dizer que foi um evento em família quando suas duas professoras estão presentes?

Jade engoliu em seco sem resposta para os argumentos de sua namorada, seguro meu riso de nervosismo querendo dar uma resposta nada agradável.

Foi então que Dona Norma tomou a frente e com um olhar reprovador a mulher, daqueles que eu desejava que nunca fosse direcionado a mim ou a Pinnock.

— Sim, estão pois EU as chamei — A mulher frisou sua fala — Se agora nos der licença temos uma pizza que nos espera e uma criança que precisa descansar — Ela faz carinho nos cabelos de Kyra que a encara com raiva.

Tenho certeza que a mente da pequenina máquina traça alguma travessura que ela irá aprontar com a mulher.

Lucy por sua vez respira fundo e trincou a mandíbula, ela saiu batendo os pés e entrou no carro sem ao menos se despedir.

O silêncio pairou sob o ar e a tensão tomou os arredores, Todos adentraram a casa prontos para a refeição e com medo das situações que viriam acontecer a seguir.

[...]

Pov Narradora

A morena estava deitada esparramada na cama olhando para o teto que estava cheio daquelas estrelas fluorescentes que havia colado junto de seu pai quando Kyra nem tinha idade para sequer andar.

Tudo parecia estar em desordem como se algo estivesse fora do lugar, e estava um pouco difícil encontrar o que estava errado.

Estava tudo começando a ficar estressante...

Hoje era para ser um dia com diversos momentos bons e de certo teve em sua maior parte, com exceção é claro do ocorrido.

Mas agora não era Lucy que ocupava a cada espaço de sua cabeça e sim a conversa que tanto ela esperava com o casal. O medo a cercava e ela tinha medo de que se afastasse.

Tinha medo de tantas coisas, mas na altura daquele campeonato nada ajudava mais. Elas haviam se arriscado demais e agora?

Por agora lhe restava esperar...

Na última vez em que saiu do seu quarto Perrie ajudava Norma com a louça enquanto Pinnock jogava videogame com Kyra, a desculpa de Jade nada mais fora do que uma dor de cabeça e que havia sido o suficiente por agora para a sua mãe.

Norma não era leiga, sabia que algo se passava ali e estava ciente de algumas coisas, mas havia coisas da qual nem sequer imaginava.

E para tudo que era preciso, era fazer com que aquela relação entre elas voltasse a ser algo normal.

[...]

Ponto de vista de Jade

Eu me encontrava inquieta na cama, o notebook pairava em meu colo aberto no Minecraft, um jogo que tinha o intuito de acalmar o caos que instalava-se no meu peito.

A porta se abre e então sei que não estou livre daquela conversa, Perrie se mantém séria, já Leigh-Anne possue o semblante calmo.
Parece que toda a confusão lá embaixo havia deixado Edwards pensativa, toda a confusão que Lucy causará a deixou distante.

Mantive o foco na tela de meu notebook, enquanto fazia questão de continuar a jogar, Edwards se sentou na ponta de minha cama e Pinnock na outra ponta.

— Preciso que preste atenção aqui! — Edwards disse sua voz soou mais firme do que de costume, causando arrepios a minha pele.

— Eu estou... Olha, não precisamos nos encarar para que eu preste atenção em suas falas — Disse sem desviar o olhar do aparelho eletrônico, Leigh-Anne riu escutando os barulhos dos blocos sendo quebrados no jogo.
Edwards por sua vez revirou os olhos e balançou a cabeça negativamente, levemente irada pela atitude imatura da garota.

— Poderíamos evitar essas perguntas, evitar tudo isso, mas quanto tempo a mais iremos perder? — Edwards disse séria — Vamos... Me diga…

— O que você quer que eu diga Edwards? Você quer que eu arrume uma solução para tudo? Pois eu não consigo! Cada vez mais caímos nesse buraco de coelho — Pela primeira vez meus olhos pousaram sob a figura de Edwards — Não é tão fácil confessar que possuo sentimentos por minhas professoras? Acho que isto é o suficiente para satisfazer seu ego estupido.

Edwards abriu sua boca surpresa e Leigh-Anne tentava manter sua calma, pude perceber que agora minha voz havia se elevado um pouco de modo que ambas nunca tinham presenciado. Eu havia ultrapassado os limites.

— Se acalme, não tem para que levantar a voz. Não pensamos assim e você sabe disso — Leigh-Anne disse tomando a frente e desligando meu notebook, logo retirando o mesmo de meu colo — Eu sei que você não queria falar isso e por isso não levaremos para o pessoal.

— Eu nunca quis que você achasse que isto aumenta meu ego, porque não o faz e você sabe disso.  — A respiração se tornou pesada e Edwards parecia recontar para se acalmar. — Nós a desejamos o tempo todo, mas tentamos não deixar as coisas estranhas. Você já tem idade suficiente para pensar e repensar em suas escolhas.
— Se afastar não nos ajudará em nada, então sejamos sensatas uma última vez que seja. O que queremos?

" O que queremos?" Aquilo bombardeou minha cabeça, gritando e fazendo um alarde na mesma. Eu estava prestes a exclamar a verdade, a realidade, mas estariam elas prontas para esta realidade?
Que se foda! Lá vamos nós!

— Eu tentei esconder durante esses anos, o desejo que sinto por vocês, eu as amo, tão intensamente como eu nunca amei ninguém. Quando eu as conheci, eu recém havia saído de um relacionamento e achei que nunca poderia voltar a ter um relacionamento, mas vocês me fazem ter vontade de estar em um  — Elas me encaravam caladas, esperando pelo que viria a seguir — A cada segundo eu quero estar ao lado de vocês, eu quero amá-las!  Eu quero tê-las para mim. Por isso eu enrolei tanto, por que se não for para sermos algo... Eu não quero nada...

Edwards e Pinnock se entre olhavam, eu não sabia se sabiam a resposta ou se buscavam consenso, na verdade não tinha pressa alguma nisso. Contato que a resposta fosse sincera e que fosse feita com cautela, não queria que todas nós se machucassem.

— E então? O que será?