Capitulo 10

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Enquanto Emma e Raúca finalmente começavam a vislumbrar um futuro seguro e sem ameaças, a tranquilidade que sentiam era frágil. Simon, movido por sua obsessão e raiva, estava determinado a não deixar as coisas terminarem tão facilmente. Ele planejava uma emboscada, uma última cartada para recuperar o controle e garantir que Emma pagasse pelo que ele via como traição.

Nos dias que seguiram a prisão de Otto, Simon manteve um perfil baixo, planejando cuidadosamente seus movimentos. Ele sabia que Emma estava vigilante, mas também sabia que ela confiava que a maior ameaça havia sido neutralizada. Isso lhe dava a vantagem elementar do fator surpresa.

Certa noite, Emma e Raúca estavam em sua nova casa segura, tentando se ajustar à normalidade após os eventos tumultuosos que haviam enfrentado. Elas estavam na sala de estar, relaxando depois de um longo dia, quando uma batida na porta interrompeu a paz. Emma franziu a testa, não esperando visitas.

- Quem será a essa hora? - perguntou Raúca, olhando para Emma com preocupação.

Emma se levantou, gesticulando para que Raúca ficasse atrás. Abriu a porta com cautela e viu um mensageiro parado ali, segurando um pequeno pacote.

- Entrega para Emma Tovac - disse o mensageiro, estendendo o pacote.

Emma pegou o pacote, sentindo uma leve desconfiança. Agradeceu ao mensageiro e fechou a porta, voltando para a sala onde Raúca a esperava.

- O que é isso? - perguntou Raúca, observando Emma abrir o pacote.

Dentro, havia um telefone celular e uma nota. Emma pegou a nota e a leu em voz alta:

- "Emma, se valoriza a vida de Raúca, atenda ao telefone. Sem truques. - S."

Emma sentiu um calafrio percorrer sua espinha. Olhou para Raúca, que estava pálida de preocupação.

- Quem é S.? - perguntou Raúca, a voz trêmula.

Emma pensou rapidamente, sabendo que precisava proteger Raúca da verdade por enquanto.

- É um velho conhecido que está tentando me chantagear por causa de alguns antigos negócios. Não quero te preocupar, mas preciso resolver isso. Vou atender a ligação - disse ela, tentando soar convincente.

Decidindo não arriscar a vida de Raúca, Emma ligou o telefone e atendeu. A voz de Simon ecoou do outro lado da linha, fria e controlada.

- Boa noite, Emma. Espero que tenha gostado da surpresa. Precisamos conversar, cara a cara. Vou mandar as coordenadas. Venha sozinha, ou Raúca pagará o preço - disse Simon, antes de desligar abruptamente.

Emma sentiu o pânico crescer, mas sabia que não tinha escolha. Voltou-se para Raúca, tentando acalmá-la.

- Eu preciso ir encontrar esse "S." e resolver isso. Você fica aqui e se mantém segura. Prometo que voltarei logo - disse Emma, sua voz firme.

Raúca segurou as mãos de Emma, os olhos cheios de medo.

- Emma, estou com medo. Não quero te perder - disse ela, sua voz trêmula.

Emma a abraçou com força, tentando passar toda a coragem que podia.

- Vou voltar, prometo. Cuide-se e confie em mim - disse Emma, antes de se levantar e sair pela porta.

As coordenadas que Simon enviou a levaram a um armazém abandonado na periferia da cidade. O lugar estava escuro e silencioso, e Emma sabia que precisava estar alerta. Ao entrar, viu Simon esperando por ela, um sorriso frio no rosto.

- Emma, que bom que veio. Sabia que poderia contar com você - disse Simon, sua voz carregada de sarcasmo.

Emma manteve a calma, aproximando-se com cautela.

- Simon, o que você quer? Por que não pode nos deixar em paz? - perguntou ela, tentando controlar a raiva.

Simon deu de ombros, sua expressão indiferente.

- Não é tão simples, Emma. Você me traiu. Brincou com meus sentimentos e me usou. Eu não posso simplesmente deixar isso passar - disse ele, sua voz se intensificando.

Emma sabia que precisava ganhar tempo e tentar apelar para qualquer resquício de racionalidade que Simon ainda tivesse.

- Simon, sei que está magoado, mas não precisamos resolver isso com violência. Podemos encontrar uma solução que funcione para todos nós - disse ela, sua voz firme, mas conciliadora.

Simon riu, um som amargo e cortante.

- Solução? A única solução é que você pague pelo que fez. E Raúca também, se você tentar algo estúpido - ameaçou ele, seus olhos brilhando de loucura.

Emma percebeu que as palavras sozinhas não seriam suficientes. Precisava encontrar uma maneira de neutralizar Simon antes que ele pudesse machucar a ela ou a Raúca. Olhou ao redor, procurando por algo que pudesse usar como vantagem.

Antes que pudesse agir, Simon avançou, agarrando-a pelo braço e puxando-a para mais perto. Emma lutou contra o pânico, tentando manter a mente clara.

- Simon, não precisa fazer isso - disse ela, sua voz firme.

Simon apenas sorriu, um sorriso cheio de amargura e loucura.

- É tarde demais, Emma. Você fez sua escolha - disse ele, apertando o braço dela com mais força.

Emma sabia que estava ficando sem opções. Num movimento rápido, usou toda a sua força para se libertar do aperto de Simon e o empurrou para trás. Simon cambaleou, surpreso, mas rapidamente se recuperou e avançou novamente.

A luta foi intensa e desesperada, mas Emma sabia que não podia desistir. Lutava não apenas por sua vida, mas pela de Raúca também. Com um movimento ágil, conseguiu desarmar Simon e derrubá-lo no chão, imobilizando-o.

- Simon, acabou. Você perdeu - disse Emma, sua voz cheia de determinação.

Simon olhou para ela, os olhos cheios de ódio, mas também de derrota. Sabia que não tinha mais controle sobre a situação.

- Você pode ter me vencido, Emma, mas isso ainda não acabou - disse ele, sua voz fraca.

Emma se levantou, mantendo Simon imobilizado enquanto ligava para as autoridades. Sabia que, com Simon preso e Otto já fora de cena, finalmente poderiam começar a construir a vida que tanto desejavam.

Quando as autoridades chegaram e prenderam Simon, Emma sentiu uma onda de alívio. Sabia que ainda havia desafios à frente, mas com Simon e Otto fora do caminho, finalmente tinham uma chance real de paz.

Voltando para casa, encontrou Raúca esperando ansiosamente. As duas se abraçaram com força, sentindo que, pela primeira vez, podiam realmente começar a viver sem medo.

- Emma, quem era aquele? Você está bem? - perguntou Raúca, ainda preocupada.

Emma sabia que precisava inventar uma desculpa convincente.

- Era um antigo contato meu. Ele estava tentando me chantagear com informações antigas, mas consegui resolver. Ele está nas mãos das autoridades agora. Estamos seguras - disse Emma, tentando tranquilizar Raúca.

Raúca a abraçou mais forte, aliviada.

- Que bom que acabou. Estava tão preocupada - disse ela, sua voz cheia de emoção.

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