Lembrando que sexta, dia 15, é o lançamento na Amazon!
________
Suportar o restante da noite foi tão desgastante quanto imaginei, só não foi pior porque sentei entre minha avó e Ísis, fazendo com que Daniel ficasse fora, ainda que parcialmente, do meu campo de visão. Meus olhos se desviaram apenas uma vez, quando ouvi o som da risada de Ana.
Aquele som ficou se repetindo na minha mente até eu me despedir de Antônio e levar meu prato para a cozinha rapidamente.
Ouvi as conversas amistosas enquanto eles saiam de casa. Não era possível vê-los da cozinha, então me restou ouvir o som das portas do carro sendo fechadas e o som do motor.
Quando Ísis voltou para dentro, ela se aproximou de mim e perguntou:
– O que você achou do Antônio?
Fiquei feliz por ela não perguntar sobre Daniel.
– Ele está ótimo e os olhos dele brilham quando olha para você – falei com sinceridade. Ísis sorriu, mas vi o vacilo em seu rosto; ela estava querendo perguntar. – Vou ajudar a limpar a mesa.
Saí da cozinha e me concentrei em ajudar minha mãe. No final das contas também me ofereci para lavar a louça enquanto Ísis guardava.
Só bem depois, quando todas as luzes da casa estavam apagadas, foi que eu tive coragem de repassar o jantar em minha mente.
Eu tinha reencontrado Daniel, ficado frente a frente com ele e não tinha lhe dirigido sequer uma palavra. Acredito que meu maior problema foi o medo. Talvez ele me falasse tudo o que pensava ali mesmo na frente da minha família e eu desabasse.
Meu Deus, como eu sou covarde. Preciso de forças.
Eu precisava conversar com ele, pedir perdão e aceitar seus sentimentos em relação a mim. O que era bem mais fácil só imaginar.
– Alina?
A voz de Ísis ecoa no quarto escuro e eu acendo o celular para ver seu rosto.
– O que?
Ela me olha desconfiada, mesmo assim diz:
– Desculpe por hoje.
– Você não precisa se desculpar – falo, me sentando. Ísis se estica e acende o abajur.
– Não sabíamos que ele vinha. Ele virá para o casamento, até porque a Ana vai carregar as alianças, mas não era para ele estar aqui hoje.
Engulo em seco.
Não sei o que falar, os sentimentos dentro de mim ainda são bem confusos.
– O que você sentiu quando o viu? Ou não sentiu nada?
Eu não saberia explicar quais sentimentos tomaram conta de mim quando aqueles olhos verdes me encararam.
– Fiquei surpresa – murmuro.
– Papai sempre gostou muito dele e agora são sócios na oficina.
– Junto de Antônio – concluo.
– Sim! – Ísis se mexe e abre um pequeno sorriso. – Não estou querendo te irritar, mas você lembra como eu fiquei com ciúmes quando Daniel veio aqui te pedir em namoro?
– Lembro. Você pensou que eu ia te abandonar.
Fico com vergonha por ter pensado na possibilidade de Daniel ser o noivo misterioso. Minha irmã jamais faria aquilo comigo e sabia que sua amizade com Daniel era sincera.
– Eu fiquei sem falar com ele por dias por ter roubado sua atenção, mas ele sempre foi um cara legal.
– E agora você vai se casar com o primo dele – não quero retornar para lembranças do passado, suspiro, fechando os olhos por um instante. Enquanto não falasse com ele eu não teria sossego, mas tinha receio do que viria depois.
Daniel lia a Bíblia, sabia que o próprio Jesus tinha recomendado a Pedro perdoar até mesmo 70x7. Mas eu não sei se ele tinha me perdoado.
Abro os olhos e tomo coragem para perguntar:
– Como Ana é?
Ísis abre um sorriso.
– Além de linda é muito inteligente. Carinhosa e gentil, sempre tem alguma pergunta na ponta da língua. Da última vez ela perguntou porque Jonas não rasgou a barriga do peixe e nadou.
Uma risada escapou dos meus lábios.
Ísis boceja e eu volto a me deitar. Desligo o celular e fecho os olhos na tentativa de conseguir pegar no sono.
– Ainda tem o ensaio da entrada do casamento – ela diz devagar. – Talvez Daniel venha.
– Tudo bem.
Talvez eu tenha a oportunidade de falar com ele. Ir na oficina estava fora de cogitação, principalmente com meu pai e Antônio por lá.
– E, só para você saber, nunca vi Daniel interessado em ninguém.
Aquilo não deveria importar para mim e sequer tenho algum direito, mas sinto uma pontada de alívio.
– Boa noite, Ísis – falo encerrando o assunto.
– Boa noite, Alina.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Mensagem Natalina
Short StoryFicção cristã, conto de Natal e romance! Tudo o que Alina sempre quis foi conquistar sua independência e ir embora de Azul Marinho, uma cidade litorânea no interior. Agora que alcançou esse objetivo, ela se sente vazia e sozinha. De volta à sua cida...