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Capítulo 5

Observar Jungkook cozinhar para nós enquanto pacientemente explicava cada passo de culinária para Jeongsan fez meu coração palpitar de felicidade dentro do meu peito.

Faz muito tempo desde a última vez que me senti assim por conta de algum alfa, e eu sei o quão perigoso isso pode ser para o meu coração, mas, sinceramente? Eu vou me deixar levar, porque é nítido que pode acontecer algo casual e gostoso entre nós sem que eu entre em total pânico apenas de pensar nas milhares de possibilidades.

Quando me dou conta disso, me aproximo deles e paro ao lado de Jungkook, observando-o cortar legumes com calma e falar sobre a importância de cada um deles para meu pequeno, que o olha atento e curioso.

— O que eu posso fazer para ajudar? — Indago ao meu chefe.

— Pode arrumar a mesa, o restante eu e o pequeno San damos conta. Não é, pequeno?

— Sim, Goo hyung! — Meu filho diz animado.

Sua garganta está machucada ainda, seu nariz infelizmente entupido, ele fala com dificuldade, mas está feliz como nunca. Parte de mim dói com a ideia de que ele se sente feliz desse jeito por pensar que está em uma família completa, mesmo que não sejamos uma, pela presença de um alfa.

Antes de frequentar a escola, mesmo vendo as outras famílias, Jeongsan não parecia se sentir incompleto. Eu parecia sempre ser o suficiente para ele. E não que eu não seja mais, mas... ele nitidamente está contente com a ideia de que eu namore, porque gostaria de ter dois papais.

Mas isso é assunto para conversar com ele outra hora, não posso e nem quero estragar o momento. Ainda mais, porque ele tem apenas cinco aninhos, e não tem esse pensamento propositalmente. Eu até o entendo, sendo honesto.

— Vou fazer um suco natural, vocês preferem laranja, morango ou abacaxi? — Indago, encarando as frutas que comprei e o que já tinha em casa.

Mas os dois me respondem em uníssono:

— Morango!

Quando os dois olham para mim com a mesma carinha feliz, algo dentro de mim congela e eu tento fingir normalidade com um sorriso e acenar de cabeça. Mas Jungkook tem ao redor dos olhos as mesmas ruguinhas que Jeongsan também carrega, apesar de elas serem mais sutis.

Isso não pode ser verdade. Eu devo estar vendo coisa onde não tem. Não existe essa possibilidade, não é? Eles não têm ligação nenhuma, é só coisa da minha cabeça.

Assim, ignorando totalmente a parte racional da minha mente, eu foco em cortar e bater morangos com um pouco de gelo, sirvo em três copos e os deixo colocados junto aos pratos e talheres previamente dispostos sobre a mesa. Jungkook já está finalizando quando Jeongsan corre até minhas pernas e as agarra, logo esticando os braços para cima.

— Daqui a pouco você já está do meu tamanho. — Brinco, o agarrando com firmeza quando ele circula minha cintura com suas pernas.

— Você vai deixar de me dar colo, papai? — Ele faz bico ao questionar.

— Jamais, mas talvez eu precise estar sentado para te acolher. — Dou risada, beijando sua bochecha. — Mas o papai sempre estará aqui por você.

— Eu amo você, papai, bem grandão, do tamanho do mundo.

Sempre que ele faz essas declarações, eu não consigo guardar o sorriso para mim mesmo. Porque é um amor forte e genuíno que quase me tira os eixos. Jeongsan é o meu pacote de felicidade, ele despertou o melhor de mim e trouxe à tona coisas sobre mim mesmo que eu sequer sabia que existiam em meu interior.

— Acontece, bebê, que você é o meu mundo. — O declaro, vendo seus olhinhos enormes e brilhantes. — Eu amo você, neném.

Ele sorri e me enche de beijos, e eu vejo que Jungkook encara toda essa cena com um largo sorriso na boca. Eu não costumo vê-lo sorrir tanto no dia a dia do nosso trabalho, então aproveito para admirar o quão bonito ele fica assim. Não apenas pelo sorriso, mas pela leveza em seu olhar e em cada gesto seu.