C.10: Entre elogios e convites

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Nikolas continuou ao meu lado enquanto eu gravava os jogadores pintando os rostos com tinta neon, ele parecia se divertir com minha concentração, mas na verdade já estava cansada e querendo ir para o meu dormitório mas não era nem nove horas da noite.

Ele me ofereceu um copo de refrigerante, dizendo que eu precisava de uma pausa.

Nikolas:Vai, jornalista. Até repórteres precisam de descanso. -Abaixei a câmera pegando o copo de sua mão.

Eu festas assim, caras como ele já estariam em algum lugar com alguma caloura, mas ele insistia em estar ao meu lado e eu não entedia nada disso.

Ele era confuso e me deixava confusa.

Nikolas: Então... — ele disse, quebrando o silêncio. — Vai passar quanto tempo editando tudo isso depois?

— Ah, algumas horas, com certeza. — Dei de ombros. — Mas vale a pena.

Alguns garotos do time de futebol olhavam, assim como as garotas do vôlei. Eu ficava pensativa com tantos olhares, tudo isso poderia não passar de uma aposta.

E ele só está aqui por causa das coisas que falam de mim.

Nikolas: E se eu te chamasse para um café depois? Para descontrair um pouco, sabe, depois de tudo isso que você fez por um simples pedido dos furias.

Ele perguntava calmamente, mas era como se esperasse um "Não" e eu esperava falar isso.

...

Nikolas⛓️

Ela era o tipo de garota que passava quase despercebida, mas de um jeito que fazia todo mundo querer olhar de novo. Não era barulhenta, não fazia questão de chamar atenção e, ainda assim, conseguia me deixar sem jeito só de passar pelo corredor.

Eu via ela quase todo dia, de cabeça baixa, os fones de ouvido cobrindo os ouvidos, o olhar sempre atento ao redor, como se estivesse estudando tudo. Era uma presença discreta, mas quando você parava para prestar atenção, notava o quanto ela era diferente, enquanto o resto do pessoal parecia viver em alta velocidade, ela parecia viver no tempo dela, sem pressa, sem precisar provar nada pra ninguém.

Tinha essa intensidade, mas era uma coisa sutil, quase escondida. Ela era mais reservada, e eu nunca a via em grupos grandes.

E acho que foi exatamente isso que me chamou atenção, no meio do caos dos treinos, dos jogos e das festas, ela era como um ponto de calma. Era diferente de todas as pessoas que eu conhecia, enquanto a maioria estava sempre tentando ser notada, ela parecia se esforçar para ser invisível. Só que, pra mim, essa invisibilidade era o que a tornava especial.

Eu nunca fui de ir atrás de garotas, nunca precisei mas... algo nela me puxava como um ímã.

Por onde eu ia, alguém comentava algo bom dela.

"Sabia que ela tirou umas fotos incríveis do jogo semana passada? Nunca imaginei que alguém como ela fosse ligar pra futebol."

"Dizem que ela é meio fechada, mas a Ana comentou que, quando você fala com ela, ela é super educada."

"Ela é bem reservada, mas eu adoro as matérias que ela escreve. Sempre traz uns detalhes que ninguém mais percebe."

"Ela tem um estilo único, né? Não precisa de nada exagerado pra se destacar. Ela tem essa vibe tranquila que chama atenção."

Como não se prender a alguém assim? Mas ela era difícil, não sorria muita e estava sempre séria mesmo conversando comigo e ela não tinha ideia do quanto me chamava a atenção.

A música alta ecoava pela sala, misturada com as risadas e gritos dos outros estudantes, mas eu mal conseguia prestar atenção em nada daquilo. A cada passo, a minha mente estava completamente focada nela, Camila estava ali, a poucos metros de distância, com sua câmera na mão, mas ela havia dado um tempo de tirar foto e agora estava encostada no canto da parede passando uma coisa brilhando nos lábios.

Ela havia fugido do meu convite ao ser chamada para gravar uma parte do pessoas pulando na piscina que ficava do perto da sala que estávamos.

Eu me aproximei devagar, tentando não interromper sua concentração, mas ela me percebeu antes que eu pudesse dizer qualquer coisa.

— Nikolas, você de novo? — Ela olhou para mim, um sorriso de canto no rosto. — Não vai parar de se exibir hoje, né?

Ri, sem conseguir disfarçar, eu sabia que estava me expondo um pouco mais do que o normal, mas, de alguma forma, ela me deixava assim. Tinha algo nela que me fazia querer sair da minha zona de conforto.

Nikolas: Claro que não — respondi, encostando na parede ao lado dela. — Vai aceitar meu convite e parar de fugir de mim?

Ela me olhou dando um sorriso, o primeiro da noite.

Liana: Por que você está tão interessado em mim? Qual são seus planos? - Me olhou interessada na resposta.

Parecia que só estávamos nós dois naquele canto, a luz reduzida me fazia apenas prestar atenção nos seus olhos.

Nikolas: Meus planos? — eu devolvi a pergunta, mantendo o olhar fixo nela. Senti um leve frio na barriga ao encarar seus olhos escuros que me analisavam, como se ela tentasse desvendar minhas intenções.

Mas as minhas intenções eram só as melhores.

Ela ergueu uma sobrancelha, esperando por uma resposta, como se estivesse me desafiando a ser sincero, era raro alguém me olhar daquele jeito, sem ceder, sem desviar o olhar, como se estivesse testando até onde eu iria.

Nikolas: Você não é como as outras pessoas daqui, sabe? Parece que tem algo... diferente.

Ela soltou uma risada baixa, e aquele som fez meu coração acelerar um pouco, havia algo nela, uma calma que contrastava com a agitação ao nosso redor, e isso me atraía cada vez mais.

Liana: Engraçado, Nikolas. Achei que você já tivesse visto de tudo. - Soltou uma risada debochada cruzando os braços.

Nikolas: E talvez eu tenha visto — admiti, inclinando-me um pouco mais perto. — Mas ainda não encontrei ninguém como você.

Ela desviou o olhar, como se tentasse esconder um leve rubor nas bochechas, foi um momento rápido, talvez ela estivesse tão intrigada quanto eu.

Liana: E o que você acha que vai encontrar se continuar atrás de mim? — perguntou, voltando a me encarar. Havia um brilho divertido nos olhos dela, mas também algo cauteloso, como se ela estivesse se protegendo.

Eu respirei fundo, tomando coragem.

— Eu não sei ao certo... — confessei, escolhendo cada palavra com cuidado. — Mas acho que vale a pena descobrir, não acha?

Ela ficou em silêncio por um instante, me olhando como se ponderasse cada uma das minhas palavras, então, soltou um suspiro leve, como se finalmente tivesse decidido.

— Você é insistente, Nikolas — ela disse, balançando a cabeça com um sorriso discreto. — Mas... aceito seu convite de ir a cafeteria, sem nenhum interesse a mais.

Um sorriso surgiu no meu rosto antes que eu pudesse me controlar, era uma pequena vitória, mas, para mim, aquilo significava muito.

O sorriso dela se desfez aos poucos, voltando a um tom mais sério, mas eu percebi uma leve mudança em sua postura, um relaxamento sutil que me fez acreditar que talvez, só talvez, ela estivesse começando a baixar a guarda.

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Parece que alguém tá conseguindo o que queria...
⭐️⭐️⭐️⭐️⭐️
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𝐼𝑛𝑡𝑒𝑛𝑠𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑠𝑒𝑢Onde histórias criam vida. Descubra agora