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Yuri Alberto
São Paulo 📍

Aliviado, triste, feliz, atordoado, cansado, com a cara inchada de chorar, rindo enquanto chorava.

Tudo isso ao mesmo tempo.

Depois do último jogo contra o vitória eu voltei pra São Paulo pensando diferente. Sobre tudo, eu não sei o que houve mas algo em mim mudou.

Algumas rodadas atrás meu time estava no z4 da tabela da principal competição do Brasil, e hoje estava em 10°, e estávamos todos cheios de esperança de que pudéssemos alcançar grandes coisas pro ano que vem.

Eu não sabia sobre o meu futuro, não sabia se estaria no Corinthians pra próxima temporada e tentava não pensar nisso. Pra não enlouquecer.

A primeira coisa que fiz quando cheguei em São Paulo foi procurar pela Isabela.

E eu terminei com ela.

Eu terminei meu namoro de anos.

E eu estava feliz por isso.

Isabela surtou, chorou, implorou. Mas pela primeira vez na vida eu pensei em mim primeiro.

Eu a amava, porra, conheço ela a anos. Mas eu não a amava o suficiente pra colocar ela acima das minhas próprias vontades.

E eu não fiz isso por causa da Vivian nem por ninguém além de mim.

Aliás eu nem pensava em procurar ela.

Vivi tinha me ligado inúmeras vezes, e eu ignorei todas elas. Eu não ia ficar no meio da coisa entre ela e o Garro. E já tinha provas o suficiente pra saber que nós não funcionavamos como amigos, porque aquela coisa estaria sempre presente.

Meu telefone tocou e era a minha mãe. Provavelmente ela já sabia do término pela própria Isabela, e eu não atendi.

Eu só ia lidar com isso amanhã.

Hoje era o jantar de noivado do Raniele, eu iria aproveitar meu amigo e amanhã resolveria o que tinha pra resolver.

Mas de uma coisa eu tinha certeza, ninguém me faria mudar de ideia. Eu estava a frente da minha própria vida.

-Ué cadê a Isa? - Bidon perguntou quando abriu a porta traseira do meu carro e viu o banco do passageiro vazio.

-Ela não vem, pode vir na frente. - Avisei.

Do lado de fora vi ele e o Charles se estapearem pra ver quem ia na frente.

Bidon ganhou e Charles entrou no banco de trás com cara de bunda. Eu ri.

-Por que a Isa não veio? - Charles perguntou.

O encarei pelo retrovisor antes de responder.

-Terminamos. - Falei simples e ambos arregalaram os olhos. -'Tá tudo bem, eu tô bem. - Falei antes que os questionamentos começassem. -Foi eu que quis terminar. E tô bem com a minha decisão.

-'Tá maluco? - Bidon quase gritou. - Achei que depois do casamento do Rani o seu era o próximo pô.

-Não será. - Falei. - Não vamos falar disso hoje tá legal? Hoje é a noite do Raniele, e ele não precisa lidar com esse drama. Hoje não.

Charles me deu dois tapinhas nos ombros.

-Põe música aí carai. - Gritei batendo as mãos no volante. - Vão ficar nessa depressão pelos próximos quarenta minutos?

Bidon quem tomou iniciativa, fomos o caminho todo escutando funk e pagode, e eu ria o caminho todo dos idiotas.

Chegamos no local do noivado e era bem bonito até. Uma chácara enorme, com grama verdinha e estava todo decorado. Se está assim para o noivado eu nem consigo imaginar como estará o casamento.

Estacionei e pulamos pra fora.

Raniele estranhou a falta da Isabela, eu falei que não era nada demais. O que não o convenceu, mas ele se deu por vencido quando falei pra aproveitar o dia dele.

Quase todo o time estava presente, Raniele era querido por todo, até o Ramón estava por ali, e eu estava feliz por estar ali. Estar com os caras era sempre bom. Eu não ia muito nas reuniões e nas festas porque a Isabela não gostava de ir  e não gostava que eu fosse sem ela, então aquilo ali tinha um gostinho diferente de liberdade.

Entramos no salão e estava tudo iluminado, a decoração em preto e branco. Raniele andava pra lá e pra cá todo feliz.

Cumprimentei a Amanda e procurei um lugar pra sentar perto dos caras que já estavam bebendo.

O cheiro de carne na churrasqueira já invadia tudo, e a banda de pagode já começava a tocar.

No meu primeiro gole de cerveja eu a vi.

Parecia desconfortável em estar ali, mas tentava não transparecer.

E no meio de toda a confusão na minha cabeça eu tinha esquecido que ela era prima da Amanda. Porra.

Vivian estava de vestido longo, azul com um tecido cintilante. Não tinha decote na frente mas as costas estavam toda a mostra. O cabelo preso em um rabo de cavalo.

Linda pra porra.

Nós olhamos na mesma direção e eu quase não acreditei no que vi.

Garro entrava de mãos dadas com a "ex" e com o bebê no outro braço. Voltei a olhar rapidamente pra Vivian que girou os calcanhares e saiu apressada.

Não pude evitar de ir atrás. A encontrei parada do lado de fora de costas pra mim.

-Vivi? - Chamei e ela nem se mexeu. -Vivian você tá bem? - Insisti e ela se virou pra mim.

Os olhos vermelhos, mas não chorava.

-Você viu aquilo? - Ela perguntou. - Ou eu tô ficando maluca?

-Eu vi. - Falei. - Sinto muito. - Ela olhou pro chão por um instante parecendo atordoada e quando voltou a me olhar a expressão era de raiva.

-E você seu idiota? - Apontou o dedo pra mim. - Eu te liguei não sei quantas vezes nos últimos dias, tava com o celular enfiado no...

-Ei calma lá. - A interrompi segurando a risada. - Eu precisei me afastar.

-Precisou se afastar? - Ironizou. - E não podia mandar uma mensagem? Pelo menos falando que eu era uma trouxa e idiota.

Fiquei em silêncio, eu podia ter mandado uma mensagem.

-Eu me recuso a chorar por ele, e por você também seu...seu...babaca. - Eu merecia. -São todos iguais mesmo, tomara que os dois torçam o tornozelo.

Disse e saiu batendo o pé.

Fiquei ali parado, completamente em choque.

Ela tinha acabado de me jogar uma praga.

oioioi

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oioioi

Quero lembrar a vocês que se trata de um triângulo amoroso, então até o fim da história terão momentos com os dois, mas eu já sei qual será o fim da história e com quem a Vivian vai ficar.

Para o team Garro, fé no pai que a hora dele vai chegar.

TENTATION - YURI ALBERTO I RODRIGO GARROOnde histórias criam vida. Descubra agora