A pressão do sono diminui, e Harry se levanta bruscamente, sua garganta engolindo ar em grandes goles frenéticos.
Vivo, Harry pensa, e tenta esfregar a areia dos olhos. Exceto que suas mãos estalam para trás, duras e tensas. Há algo pesado em seus pulsos, e Harry pisca e pisca para tentar limpar o sono. Vê metal sujo. Algemas. Ele está algemado.
— Porra — ele geme, enquanto se move um pouco, testa os limites de suas amarras. Laços grossos de metal prendem suas mãos atrás das costas, aparafusados na parede atrás dele. Ele tenta se levantar, mas as correntes são curtas demais; ele mal consegue ficar de joelhos.
Por um momento, Harry se pergunta se era para lá que as recuperações fora do padrão iam – se era para lá que todos aqueles suspeitos desapareciam, aqueles que nunca mais voltaram.
Mas não. Harry pisca novamente e olha ao redor novamente. Não. Isso não é uma cela. É um quarto.
Um quarto bonito, Harry pensa, enquanto olha com seriedade. Pelo menos, tinha sido bonito, uma vez.
Mogno rico sobe pelas paredes, o verniz desbotado e lascado. Há estantes de livros construídas, de onde Harry está contido, as lombadas gastas em suas encadernações por dedos, exposição e luz solar.
Velho, Harry pensa e respira a verdade disso na poeira que obstrui suas narinas e o cheiro de umidade e decadência. Abandonado.
— Certo — Harry sussurra, se centrando, porque agora não é hora de entrar em pânico. Sua varinha se foi, suas mãos estão amarradas, e sua magia está mais gasta do que nunca em sua vida, mas ele não entrará em pânico. — Preciso descobrir onde estou.
Quem o levou, deixou-o com olhos que conseguem enxergar – mesmo que seus óculos estejam um pouco tortos – e por isso ele os usará.
Há alguns retratos nas paredes, mas todos estão de costas, como se estivessem envergonhados. Decepcionados.
O papel de parede no quarto é amarelo e descascado. Em uma década anterior, provavelmente era para parecer folhas de outono soprando em uma tarde quente. Agora, porém, parece mais uma mulher, rastejando de quatro, perseguindo o padrão ao redor e ao redor.
Harry pisca. É uma mansão, ele percebe. Uma antiga, onde ninguém mora há muito tempo.
— ...está acordado — diz uma voz no final do corredor.
A porta do seu quarto está escancarada. Harry vê um corpo passar em frente à entrada, e depois outro, movendo-se com urgência, sem parar.
— ...para pegar Creevy. Ele saberá o que...
Creevy? Harry pensa. Eles o pegaram também? O detalhe martela dentro de sua cabeça. Harry está cansado demais para isso, seu corpo e magia estão muito esgotados. Ele não consegue pensar, ainda. Nada disso faz sentido.
— Harry?
Não faz sentido, mas Harry reconhece aquela voz antes mesmo de levantar o queixo e vê-lo, parado na porta.
— Sr. Creevy? — Harry coaxa, sua garganta seca e áspera. — O que você está fazendo aqui?
Harry se lembra. Sr. Creevey na Batalha de Hogwarts, varinha erguida na garganta de Goyle. Na porta de Grimmauld Place, carregando garrafas de leite.
"Meu filho," ele disse e Harry se lembrou de sua promessa, aquela que ele realmente pretendia manter. "Você disse que eles fariam - ele era meu filho, Harry. Meu filho..."
— Sinto muito — diz o verdadeiro Sr. Creevy, e caminha lentamente em direção a Harry. Ele está tão desgastado quanto anos atrás, tão esfarrapado, mas há algo mais firme em sua expressão, algo mais afiado em suas bochechas. E há uma varinha em sua mão.
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A Pocket Full of Stones | Drarry
FanfictionUma maldição está se espalhando pelo mundo bruxo, apagando memórias da guerra. Harry Potter está no caso! Onde Draco é o bruxo das trevas mais procurado pelo DMLE e Harry é o investigador particular encarregado de prendê-lo. Vai tão bem quanto se po...