Cap 34 - A descoberta parte 2

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- Você nem mesmo parece um advogado Christopher! Talvez eu deva procurar alguém mais profissional! - A mulher debochou.

A mulher. Clarice. Devia ser ela. Tinha que ser ela.

[...]

- Vocês o quê?

- Encontramos! Nós a encontramos! A autora da ligação! Eu sei onde você pode encontrá-la! - A voz do amigo vinha animada pelo alto-falante do telefone e combinava com as batidas de coração de Giovanna, que pulava com uma esperança empolgante.

- E o que está esperando, dê-me o endereço! - Giovanna mandou, ansiosa.

- Ouça - parou um instante para respirar - Nós a seguimos até certo ponto hoje, eu sei para onde ela foi, mas não posso tocar nela, não tenho uma acusação formal... Então, você terá que se virar...

- Certo. - rebateu com impaciência. Resolveria isso hoje, Maya iria descobrir toda a verdade.

- Há um evento acontecendo, de um grupo de advocacia...

Giovanna arregalou os olhos, sem ar, o coração deu uma guinada na batida, ela olhou rapidamente para a fachada do prédio, onde um banner balançava tristemente com a brisa noturna.

- O Grupo Barcelos?

- Sim, este mesmo!

- Você está de brincadeira...

- O quê?

- Eu estou saindo dele agora mesmo... - Ela mal podia acreditar.

- Então volte agora mesmo, minha amiga! A mulher refugiou-se nessa festa, eu garanto!

- Deus! Obrigada, realmente obrigada - Giovanna não conseguia conter o sorriso de satisfação.

- É para isto que servem os amigos, não é? - A risada soou fraca e metálica no telefone - Vá resolver sua vida. Eu tenho que ir, uma ocorrência grave, acabei de receber a informação...

- Certo! Obrigada - Ela repetiu, extasiada - Não o atrapalharei mais! Eu te mando notícias!

- Promete? - Mas a pergunta saiu irônica e Giovanna nunca a respondeu, encerrou a ligação, guardou o aparelho na bolsa e correu de volta para a festa.

Giovanna voltou à entrada do evento correndo derrapando levemente nas pedrinhas quando encontrou Maya bem no meio do caminho, pálida, com os lábios esbranquiçados, apoiada à parede alta. Ela a viu e trocaram um olhar prolongado, parecia fraca, parecia pedir colo, se adiantou, estranhando encontrá-la assim, tão vulnerável, Maya parecia prestes a chorar, ela estendeu os braços para frente, na direção dela, tentou dar três passos, mas suas pernas fraquejaram, Giovanna arregalou os olhos, abismada quando os olhos dela reviraram e ela despencou em direção ao chão.

- Maya! - Num movimento rápido, a amparou nos braços antes que ela caísse de fato na pedra - Maya? Manu? Amor?

Mas, ela não respondeu, apenas continuou mole em seu braço, com a cabeça pendendo pra trás e os braços balançando.

- Deus do Céu!

- O que está acontecendo?

Olhou para cima, Christopher estava parado bem perto de onde estavam, na companhia da mulher que havia destruído sua vida. Era ela. Era a aeromoça ali, junto com Christopher. Quando a mulher a viu se afastou depressa, escondendo-se nas sombras, mas não tivera tempo de correr atrás dela, tudo o que lhe importava agora era tirar Maya dali e levá-la ao médico mais próximo.

- Estou falando com você! - Ouviu Christopher dizer às suas costas e seu corpo inteiro se retesou - O que aconteceu com a Maya?

- Saia daqui, Christopher! - Giovanna a deitou no chão cuidadosamente, rosnando baixo.

- Eu já quase fui marido dessa mulher, sabia? - Christopher, munido de uma coragem irracional, bradou, se aproximando - Eu tenho direito de sa...

O resto da frase foi abafada pelo soco de Giovanna que estalou o rosto de Christopher bem em cheio, fazendo o homem recuar.

Giovanna se ergueu, bufando pelo nariz, furiosa.

- Nunca mais chegue perto da Maya, Christopher, ouviu bem? Nunca mais sequer fale com ela! Eu sabia que você era o responsável por essa palhaçada de telefonema... O que você tem na cabeça seu imbecil? A Maya tem nojo de você Christopher. Nojo! E não é pelo seu jogo sujo e baixo que ela voltaria pra você. Entenda de uma vez por todas que você a perdeu e não há nada que possa fazer para tê-la de volta! - Com um impulso, Giovanna puxou o corpo de Maya para cima em seu colo e deu às costas para Christopher rumando para seu carro outra vez, rezando intimamente que Maya estivesse bem.

Estava andando de um lado para o outro no corredor da sala de espera, o que pareciam ser horas. Não conseguia simplesmente ficar sentada como um cachorrinho amestrado esperando para receber notícias.

Maya chegara pálida, a respiração anormal e sangrando.

Logo que viu a mancha de sangue no vestido ela ficara desesperada, achou que algo grave tivesse acontecido com ela, mas logo que chegou ao hospital, fora tranquilizada por sua amiga enfermeira, que lhe garantiu que aquilo não passava de mais um ciclo menstrual.

Camila, a enfermeira, fora colega de escola de Giovanna e tentara tranquilizá-la, mas só aquilo não fora suficiente para garantir sua paz de espírito enquanto aguardava.

Quando a médica finalmente apareceu, Giovanna já estava uma pilha de nervos, quase fazendo um belo buraco no meio do corredor e deixando as outras pessoas na sala tão nervosas quanto ela.

- Senhora Giovanna Torres?

Ela chamou com a face carrancuda de que não tinha muita paciência para acompanhantes nervosas.

- Sim, sou eu. Onde ela está? Como ela está? O que aconteceu com ela?

Giovanna estava tão nervosa que tropeçou nas palavras quase intercalando-as.

A doutora arqueou uma sobrancelha. Estava mais do que acostumada com aquelas cenas.

- Em primeiro lugar senhora, tente se acalmar. Assim poderemos conversar.

Giovanna respirou fundo, tentando conter em vão a vontade que tinha de sacolejar aquela mulher até que ela lhe dissesse sem rodeios o que Maya tinha. Por isso fechou os punhos numa tentativa desesperada por controle.

- Desculpe.

Disse quase num sussurro.

- A senhorita Manoela está ótima. O desmaio nada mais é que conseqüência do estresse ao qual ela vem sendo submetida.

Ela suspirou.

- Sim, compreendo. Ela realmente passou por muito estresse no ultimo mês e ainda mais hoje.

- Sim, portanto, não há com o que se preocupar. A recuperação incluirá apenas repouso, tranquilidade e boa alimentação. Evite aborrecimentos a ela o maximo que puder, pelo menos pelos próximos 7 dias. Em breve ela estará nova em folha e pronta para outra.

Ela sorriu tristemente. Havia deixado Clarice escapar. Não tivera tempo de encontrá-la na festa. Será que Maya deixaria que cuidasse dela? Especialmente depois daquela conversa no jardim?

- Farei o que puder doutora.

- Perfeito senhora Torres. Sua namorada receberá alta em meia hora.

Acenando com a cabeça, a doutora se despediu e fez menção de sair, mas antes que ela fosse, Giovanna lembrou-se de algo.

- Doutora espere.

Ela aproximou-se da mulher, meio receosa em não parecer tão paranóica, mas algo dentro de si lhe pedia que falasse diretamente com a médica, apesar de Camila ter-lhe tranquilizado, ela só ficaria em paz se ouvisse da doutora que ela estava bem.

A médica olhou-a com cara de poucos amigos.

- Sim senhora Torres?

- Doutora, eu sei que a enfermeira já me falou que está tudo certo, mas...Estou preocupada com o sangramento que vi...

Doutora estreitou os olhos.

- É o ciclo menstrual dela senhora. A senhorita Manoela não sofreu nenhum tipo de ferimento. Não há com o que se preocupar. Sua mulher está ótima.

A professora - MaGiOnde histórias criam vida. Descubra agora