Lee Minho
Com a correria das aulas e as lutas, duas semanas se passaram voando. Han Jisung ainda estava em busca do namorado falso perfeito para o seu plano, enquanto eu me concentrava em conseguir dinheiro para consertar o amplificador, o que finalmente me permitiria parar de usar apenas os equipamentos disponíveis no prédio do curso.
As semanas transcorreram em dias quase iguais, criando uma espécie de rotina entre Jisung e eu. Todas as manhãs, ele deixava um bolinho em minhas mãos, com ingredientes que variavam conforme seu humor — que geralmente estava péssimo — fazendo-me experimentar as combinações de sabores mais inusitadas e estranhas. Algumas até eram boas, para a surpresa de nós dois.
À tarde, eu assistia Jisung se esconder dos amigos até o horário do meu treino na academia do campus. Com o plano mirabolante de Jisung e o fato de eu ser a única pessoa ciente dele, era obrigado a acompanhar todos os acontecimentos através de mensagens longas de áudio — todas indignadas e raivosas — seguidas pelos últimos áudios da tarde, que invariavelmente traziam seus lamentos manhosos e promessas vazias de que "tudo daria certo no dia seguinte".
À noite, eu tentava convencê-lo a aceitar meu plano inicial, divertindo-me com sua recusa e suas caretas diante das minhas insistentes tentativas.
Com a correria do início do período de provas, mal tinha tempo para avaliar o que acontecia no dia a dia. Só percebi que havia me acostumado com as mensagens de áudio e a presença de Jisung antes dos treinos quando, em uma sexta-feira, elas não aconteceram.
Peguei-me abrindo e fechando o aplicativo de mensagens, esperando que algum áudio de Jisung magicamente aparecesse no chat mais uma vez com seus lamentos. Mas, até o final do treino, nada.
Caminhei mais rápido que o usual até o dormitório e constatei o que suspeitava: Jisung não estava.
Lembrei-me da conversa de manhã, quando ele mencionara que teria outro encontro. Ele parecia confiante de que dessa vez daria certo e que em breve poderia apresentar o pretendente para Bang Chan e Seungmin.
O pensamento de que finalmente havia dado certo não me ocorreu nem por um instante. Minha mente apenas criava os piores cenários possíveis para justificar a ausência das mensagens de áudio.
Naquelas duas semanas, algo estranho aconteceu: comecei a me preocupar com o bem-estar de Jisung.
Ele parecia tão destruído quando chorava que comecei a temer que a situação que quase aconteceu com Isaac pudesse se repetir com outra pessoa. Não conseguia explicar por que sentia uma certa urgência em saber se ele estava bem.
Empurrei esse receio para o fundo da minha mente, evitando ao máximo pensar nos motivos ou reconhecer que eu poderia estar voltando a me importar com alguém.
Já era quase nove da noite quando Jisung entrou correndo no quarto, fazendo-me levantar em um pulo e me colocar na frente dele com uma velocidade impressionante, inspecionando-o de cima a baixo antes de endurecer minha expressão.
— Eu acho que achei! — Ele sorriu largo e passou por mim, sentando-se na própria cama para tirar os sapatos.
— Achei que tivessem te sequestrado ou te matado. Não mandou mensagem para lamentar. — Engoli em seco, tentando acalmar minha respiração.
— É porque me concentrei em conseguir informações sobre ele. Acho que dessa vez vai dar certo, então quero ter certeza de que não vou estragar nada. — Assentiu para si mesmo.
— Quem é ele? — Perguntei ao me sentar na cama, tentando fingir desinteresse, mesmo que meu coração estivesse um pouco acelerado, o que me deixava ainda mais nervoso.
— Ele é do curso de Gastronomia. Acho que estava perdendo tempo procurando em outros cursos. Ele sempre foi muito gentil comigo durante as aulas, mostrou-se interessado e bem romântico. Até soltou um apelidinho durante o café. Acho que é bem o perfil que vai incomodar. — Ele sorriu, empurrando os sapatos para longe da cama.
— Apelidinho? Qual apelidinho? — Arqueei uma sobrancelha e me ajeitei na cama, seguindo Dentinho com os olhos, que mais uma vez se encontrava ao lado dos meus pés.
— Bombomzinho. — Disse como se não fosse nada demais, jogando-se de costas no colchão.
Fiquei alguns segundos encarando seu corpo deitado, esperando que ele soltasse uma risada ou desmentisse, mas nada aconteceu.
— Ah, você está falando sério? — Franzi o cenho, confuso em como reagir.
— Ele me chamou de bombonzinho e sugeriu que eu o chamasse de pudinzinho. — Ele voltou a se sentar, cruzando as pernas e ajeitando-se na cama antes de me encarar. — O que foi?
— Você só pode estar de sacanagem! — Não consegui conter minha risada, sentindo minha barriga doer e algumas lágrimas molharem minhas bochechas. — Você só pode estar brincando comigo, não é possível!
— O que tem? São apelidos carinhosos. Eu gosto de apelidinhos. — Seu rosto assumiu uma expressão emburrada.
— Mas esses são ridículos! Não acredito que você acha normal. Bombonzinho? Pudinzinho? Ah, que nojo imaginar vocês se chamando assim! Não dá para levar a sério! — Neguei com a cabeça firmemente.
— Mas vai servir muito bem para o que eu quero. Confesso que não achei os melhores apelidos, são ridículos, mas... Estou mais focado no meu plano. — Deu de ombros.
— Se ele pensou nesses apelidos, mal posso esperar pelo combo completo. Espero que ele seja bonito, pelo menos. Caso contrário, pode dar adeus ao seu plano todinho. — Neguei mais uma vez com a cabeça. — Você está definitivamente perdido.
— Você vai ver que vai dar certo dessa vez. — Bateu uma mão na outra e pressionou os lábios, tentando transparecer confiança.
— Espero assistir, sim. Por favor! Não estava nos seus planos dizer a Bang Chan que somos melhores amigos, já que ele me odeia? Aceito agora, só para poder estar nesse jantar. — Mexi as sobrancelhas de forma cômica e me deitei de lado na cama, encarando sua expressão quase ofendida.
— Olha, se quer saber, até que gostei dele. Ele me deu bastante atenção, coisa que eu gosto muitíssimo. Ele também cuidou para que tudo fosse perfeito e me trouxe em segurança. Ele parece ser um cara decente e correto. Duvido que ele participaria de lutas ilegais ou mentiria, como Bang Chan faz.
— Estava quase me esquecendo dessa sua boca de sacola. Não me compare a Bang Chan. Eu parei de te ofender semana passada. — Revirei os olhos antes de fechá-los. — Não vou discordar de você porque ainda não o conheço, mas mal posso esperar. Marque o jantar para amanhã, estou livre na parte da noite.
— Pode deixar, eu vou mesmo. Tente ser agradável, pelo menos, está bem? Se vai se passar pelo meu melhor amigo, por favor, seja gentil e carinhoso.
Mexi as sobrancelhas de forma cômica e afofei meu travesseiro antes de finalmente suspirar aliviado. — Posso até fingir ser seu amigo, mas por favor, não confunda as coisas. Não vou ofercer meu ombro para você chorar quando tudo der errado.
— Assim fica parecendo que você tem outros motivos para querer o papel de namorado. — Estreitou os olhos. — Você é gostoso, mas não é nada perto do que eu preciso.
— Eu ainda não tentei te mostrar que sou bom. Não estou desesperado, só não aguento mais ver você falhar quando tudo que quero é me divertir as custas de Bang.
— Você fez algumas tentativas...
— Não fiz, apenas tentei te irritar. — Fui sincero e soltei um suspiro em seguida.
...
Heey!
O que vocês acham que vai acontecer nesse jantar? Hum? :) agora está diferente de Intense, né? Difícil saber o que vai acontecer u.u
+65 comentários e eu volto ;)
Os comentários podem ser nos posts sobre o e-book de Intense lá no meu Instagram :) se vocês me ajudarem a passar os que tiveram em Lados Diferentes, eu penso em trazer mas dois capítulos até segunda-feira :) 🍓
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Before We Love | MinSung | EnemiesToLovers
FanfictionLee Minho tentava levar uma vida fácil e sem dramas. Sua vida universitária resumia-se a momentos de alívio passageiro e a um constante sentimento de que seria difícil ser amado, devido às suas cicatrizes corporais e emocionais. Porém, isso muda qu...