Kiyomi Uchiha: O Segredo do Clã.

Laços No Meio do Caos?

O dia seguinte trouxe o início de mais uma etapa do Exame Chunnin, mas para Kiyomi, as memórias da noite passada ainda estavam frescas. O encontro com Gaara havia deixado uma marca que ela não conseguia ignorar. Era como se, por um breve momento, alguém tivesse enxergado o que ela guardava tão profundamente.

No entanto, não havia tempo para distrações. A segunda fase do exame começou com um desafio dentro da Floresta da Morte, um lugar tão hostil quanto o próprio nome sugeria. Os participantes foram divididos em equipes, e Kiyomi, seguindo as ordens de Orochimaru, deveria manter-se disfarçada e observar os movimentos de Sasuke.

A floresta era densa e sombria, os sons de animais e ninjas rivais ecoando ao longe. Kiyomi movia-se silenciosamente, sentindo o peso de sua nova habilidade. O Sharingan, que despertara em meio ao caos, agora era uma arma poderosa, mas também um lembrete constante de tudo o que ela havia perdido — e de tudo que queria recuperar.

Enquanto avançava, um ruído chamou sua atenção. Parou, escondendo-se entre as árvores, e viu um grupo de ninjas atacando um time menor, claramente mais fraco. O líder do time atacado era ninguém menos que Gaara.

Ela observou enquanto Gaara enfrentava os oponentes com uma facilidade assustadora. Sua areia parecia viva, protegendo-o de cada golpe e atacando com uma precisão mortal. Os olhos dele brilhavam com uma fúria fria, e Kiyomi percebeu que a solidão de Gaara se manifestava de um jeito muito mais destrutivo do que ela imaginava.

Os outros membros do time de Gaara — Temari e Kankuro — mantinham distância, observando enquanto ele dizimava os inimigos com uma eficiência brutal. Kiyomi sentiu um arrepio ao ver o sangue manchando o chão, mas também não pôde deixar de sentir admiração pela força implacável de Gaara.

Quando a luta terminou, o silêncio tomou conta do lugar. Kiyomi hesitou por um momento antes de sair das sombras.

— Você não precisava... acabar com eles desse jeito.

Gaara virou-se abruptamente, a areia ao redor dele se movimentando como se tivesse vida própria. Os olhos verdes dele a fixaram com uma intensidade que quase a fez recuar.

— Eles eram obstáculos. Obstáculos devem ser eliminados. E além disso, eles me olharam feio.

— Talvez. — Kiyomi deu um passo à frente, ignorando o perigo. — Mas você não parece precisar fazer isso por sobrevivência. Parece que está lutando contra algo maior.

Gaara franziu a testa, mas não respondeu de imediato. Temari e Kankuro trocaram olhares desconfiados, mas não intervieram.

— Por que você se importa? — Gaara finalmente perguntou, sua voz baixa, mas carregada de algo que soava como vulnerabilidade mascarada.

Kiyomi hesitou, as palavras lutando para sair.

— Porque eu entendo como é ser levado pela raiva. Mas também sei que, às vezes, ela nos consome antes que possamos controlá-la. – Respondeu a garota, enquanto sentia sua marca da maldição pulsar em seu ombro.

Por um instante, o rosto de Gaara suavizou. Ele não esperava ouvir algo assim, muito menos dela.

— Você também carrega algo — disse ele, como se estivesse lendo sua alma. — Algo que te corrói.

— Talvez. — Ela olhou para ele, seus olhos vermelhos do Sharingan reluzindo brevemente. — Mas não vou deixar que isso me controle.

Os dois se encararam em silêncio, como se estivessem desafiando um ao outro a dizer mais. No entanto, antes que a conversa pudesse continuar, o som de passos apressados os alertou.

— Kiyomi! — Era Kabuto, surgindo das sombras com um olhar tenso. — O tempo acabou para distrações. Precisamos continuar com o plano.

Ela virou-se para Gaara uma última vez.

— Espero que a gente se encontre de novo, Gaara.

Ele não respondeu, mas seus olhos disseram tudo. Havia uma conexão ali, um entendimento mútuo que nenhum deles sabia como explicar.

Enquanto Kiyomi seguia Kabuto, uma sensação estranha a acompanhava. Gaara não era como os outros. Ele era uma força da natureza, alguém que entendia o peso de viver na escuridão. E, de alguma forma, ela sabia que aquele não seria o último encontro entre eles.