capítulo 3

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Maiara chegou ao hotel em pânico depois de receber uma ligação apressada de Bruno. Ela mal conseguia processar as palavras dele ao telefone, mas entendeu o suficiente, Maraisa estava entre a vida e a morte. Assim que entrou no quarto, encontrou Bruno de joelhos no banheiro, as roupas manchadas de sangue e a toalha que ele usava para tentar estancar o fluxo completamente encharcada.

— Meu Deus, Maraisa! ( Maiara gritou ao ver a irmã no chão, pálida como nunca, o corpo mole e os pulsos marcados por cortes profundos ) Ela caiu de joelhos ao lado de Bruno, o coração batendo tão rápido que parecia prestes a parar.

Bruno olhou para ela, o rosto molhado de lágrimas.

— Eu... Eu fiz o que pude... Mas não está parando. Maiara, ela está...

— Não! Não fala isso! ( Maiara gritou, segurando o rosto da irmã ) Maraisa, me ouve! Por favor, reage! Não faz isso comigo!

Maraisa não reagia. Seu corpo estava frio, e os olhos fechados transmitiam um silêncio que rasgava o coração de Maiara.

— Você ligou para a ambulância? ( Maiara perguntou a Bruno, a voz trêmula. )

— Sim, eles estão a caminho, mas eu... Eu não sei se vai dar tempo.

— Vai dar tempo! Tem que dar! ( Maiara gritou novamente, pressionando os cortes com suas próprias mãos, enquanto as lágrimas caíam descontroladamente )

O som das sirenes finalmente ecoou pela rua, e Maiara correu para abrir a porta, gritando por ajuda. Os paramédicos entraram rapidamente e começaram a trabalhar em Maraisa ali mesmo, tentando estabilizá-la antes de movê-la. Maiara observava tudo de perto, segurando as mãos de Maraisa enquanto murmurava:

— Não me deixa, irmã... Por favor, não me deixa...

Quando finalmente chegaram ao hospital, os médicos a levaram às pressas para a sala de emergência. Maiara e Bruno foram deixados no corredor, ambos cobertos de sangue e lágrimas. Maiara estava em choque, andando de um lado para o outro, com as mãos tremendo.

— Como isso aconteceu, Bruno? Como deixamos chegar a esse ponto? (ela perguntou, a voz quase sem força.)

Bruno balançou a cabeça, incapaz de responder. Ele também se culpava.

— Eu... Eu estava lá, mas não vi. Ela parecia tão... perdida. Eu devia ter feito algo.

Horas se passaram. Cada segundo parecia uma eternidade. Finalmente, o médico apareceu, com o semblante grave.

— Conseguimos estabilizá-la, mas o estado é crítico. Ela perdeu muito sangue, e os cortes foram profundos o suficiente para atingir as veias principais. Precisamos de transfusões e um acompanhamento constante. A próxima noite será decisiva.

Maiara sentiu as pernas fraquejarem e caiu na cadeira mais próxima, a respiração pesada. Bruno segurou seu ombro, tentando oferecer algum apoio, mas ele mesmo mal conseguia se manter firme.

Quando Maiara finalmente foi autorizada a entrar no quarto, encontrou Maraisa conectada a tubos e máquinas, o bip constante do monitor cardíaco ecoando no silêncio. Ela se aproximou devagar, sentindo um nó na garganta.

— Por que você fez isso, irmã? Por quê? ( sussurrou, as lágrimas escorrendo novamente )

— Eu sei que a vida tem sido difícil, mas... eu estou aqui. Sempre estive aqui. Por que você não me chamou?

Ela segurou a mão de Maraisa, fria e imóvel. O peso da culpa a esmagava. Ela sabia que Maraisa estava lutando contra a ansiedade e a depressão há meses, mas nunca imaginou que fosse chegar a esse ponto.

wound of ● Carla Maraisa Onde histórias criam vida. Descubra agora