A luz da manhã filtrava-se pelas persianas parcialmente fechadas do dormitório, criando faixas douradas que dançavam nas paredes. O ambiente, inicialmente tomado pelo silêncio da madrugada, começou a ganhar vida com o som de despertadores insistentes e resmungos abafados.
No beliche superior, Marqueza abriu os olhos lentamente. Ela espreguiçou-se, batendo de leve a cabeça no teto baixo, e soltou um suspiro exasperado. No beliche inferior, Christy continuava imóvel, enrolada em seu cobertor como um casulo.
— Christy, levanta. — Marqueza desceu com cuidado da cama, os pés descalços tocando o chão frio. — Se não sair agora, vai perder o banheiro de novo.
Christy resmungou, virando-se para o lado.
— Só mais cinco minutos...
Marqueza arqueou as sobrancelhas e chutou de leve o colchão de Christy.
— Cinco minutos é tempo suficiente para Beatryz ocupar o chuveiro por meia hora.
Ao ouvir o nome da irmã, Marqueza sentiu o estômago revirar, mas não deixou transparecer. Beatryz, como de costume, já estava de pé, ajustando a cama com perfeição militar. Seu cabelo estava preso em um rabo de cavalo alto, e ela usava roupas esportivas.
— Vocês deveriam aprender a ter disciplina — comentou Beatryz sem olhar para as outras, enquanto puxava os lençóis com força desnecessária.
— Disciplina, claro... — murmurou Christy, saindo finalmente do beliche e se espreguiçando. — O mundo seria tão chato sem você para nos lembrar disso todo santo dia.
No outro canto do dormitório, Laryssa já penteava o cabelo curto em frente ao espelho, enquanto Gabryela estava sentada na cama inferior de seu beliche, observando tudo com seu olhar indiferente.
— Vocês duas nunca cansam de ser infantis? — Gabryela perguntou, a voz carregada de tédio.
— Não é que somos infantis, Gabryela. Somos humanas. — Christy deu uma piscadela antes de caminhar em direção ao banheiro.
— Tecnicamente, somos Descendentes, não humanos. — Beatryz corrigiu imediatamente, lançando um olhar de reprovação para Christy.
Marqueza revirou os olhos e foi até sua mochila, tirando suas coisas para o banho.
— O que importa é que eu vou tomar banho primeiro. — E, com isso, ela seguiu para o banheiro antes que Beatryz pudesse responder.
Refeitório – Café da Manhã
O cheiro de café recém-passado e pão quente preenchia o refeitório movimentado. Marqueza e Christy sentaram-se juntas em uma mesa no canto, enquanto Beatryz, Laryssa e Gabryela preferiram manter uma distância educada, ocupando uma mesa próxima.
Marqueza analisava seu prato com um ar desinteressado — café preto e uma torrada queimada.
— Alguma coisa decente hoje? — perguntou Christy, que pegava frutas e ovos mexidos.
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Raro Diamante
TerrorA linha tênue entre a sanidade e a insanidade. O que reside além do véu da realidade? São as vozes que ecoam em nossas mentes frutos de uma mente perturbada ou sussurros de um mundo oculto? A história se repete: relatos de possessões, visões e exper...