capítulo 4

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Maiara não tinha mais forças para chorar. Seus olhos estavam inchados, o rosto marcado pelas lágrimas incessantes da noite anterior. Ela permanecia ao lado da cama, segurando a mão da irmã com tanta força que seus próprios dedos doíam. O barulho das máquinas que mantinham Maraisa viva era um lembrete cruel de que ela estava entre a vida e a morte.

O médico entrou novamente no quarto, a expressão ainda mais grave do que antes.

— Precisamos agir agora. A condição dela se agravou, e os pulmões estão comprometidos. Vamos precisar entubá-la imediatamente.

— Não! ( Maiara gritou, levantando-se de súbito. ) Ela já está sofrendo tanto! Não façam isso com ela!

— Se não fizermos, ela não vai sobreviver. ( O médico respondeu, a voz firme, mas cheia de empatia. ) É a única chance que temos.

Almira segurou os ombros de Maiara, tentando acalmá-la, embora ela mesma mal conseguisse ficar de pé.

— Filha, deixa eles fazerem o trabalho deles. Ela precisa disso.

Maiara olhou para a mãe com os olhos cheios de desespero, mas finalmente assentiu, embora o nó em sua garganta tornasse difícil respirar.

Os enfermeiros entraram e começaram a preparar o procedimento. Maiara foi empurrada para fora do quarto, junto com Almira, Marco César e Bruno. Ela tentou lutar, mas Bruno a segurou, tentando oferecer algum tipo de consolo.

— Não podemos perder ela, Bruno... Não podemos! ( Ela soluçava, agarrando a camisa dele como se aquilo pudesse impedir o inevitável. )

— Eu sei. ( Bruno respondeu, a voz rouca. ) Mas precisamos acreditar que ela vai lutar.

Lá dentro, Maraisa parecia tão pequena e frágil enquanto os médicos colocavam o tubo em sua garganta. Os sons das máquinas se intensificaram, os números nos monitores oscilando entre a vida e a morte.

Quando finalmente permitiram que eles voltassem ao quarto, o que viram foi um golpe ainda mais cruel. Maraisa agora estava entubada, os lábios secos e rachados, a pele tão pálida que parecia translúcida. O tubo que saía de sua boca era um lembrete brutal de que ela não conseguia mais respirar sozinha.

Maiara caiu de joelhos ao lado da cama, o corpo tremendo.

— Você não pode me deixar assim, irmã... Por favor. Eu não sei viver sem você. ( Sua voz era um sussurro rasgado, as lágrimas voltando com força. ) Eu trocaria de lugar com você se pudesse.

Almira se aproximou, tentando consolar a filha, mas não havia palavras que pudessem aliviar aquela dor. Marco César permanecia ao fundo, as mãos nos bolsos para esconder os tremores, encarando a cena com os olhos vermelhos de lágrimas que ele se recusava a derramar.

Bruno, sem saber o que fazer, se aproximou de Maiara e a puxou para um abraço apertado.

— Ela vai superar isso. A Maraisa é forte.

— E se não for? ( Maiara sussurrou, a voz cheia de amargura. ) E se ela não quiser lutar?

Bruno não tinha resposta. Ninguém tinha.

O tempo passou em câmera lenta. Horas pareciam dias. Almira e Marco César se revezavam no quarto, enquanto Maiara recusava-se a sair. Ela cochilava por breves momentos, mas logo acordava com pesadelos, o som das máquinas ecoando em sua mente como um aviso constante de que o fim poderia chegar a qualquer momento.

Na madrugada seguinte, o médico retornou com novas notícias.

— Houve uma pequena melhora nos níveis de oxigênio, mas o estado dela ainda é crítico. Precisamos de mais 48 horas para avaliar se ela terá condições de sair da ventilação mecânica.

Love in us ● Carla MaraisaOnde histórias criam vida. Descubra agora