epilogue

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– Está pronta, Amy? – Luke disse descendo as escadas. Amy balançou seus pequenos braços e Luke a colocou no colo.

– O papai Mike não ganha abraço? – Eu disse e fiz um bico. Amy desceu do colo de Luke, me abraçou e apertou meu nariz logo em seguida. Ela desceu de meu colo e voltou para Luke.

Ele estava procurando alguns filmes de desenho para nós assistirmos juntos. Era a noite de família e como Amy ainda é praticamente um bebê os filmes são especialmente para ela.

Luke pegou alguns de animação bem coloridos, mas eu não sei bem o nome de cada um. Tem haver com pinguins e leões marinhos.

Amy pulava e apontava para algo enquanto Luke decidia se fazia pipoca doce ou salgada.

– O que você está querendo dizer, princesa? – Amy apontou para algo em meio aos dvds. – Você quer que eu pegue? – Ela assentiu e seu sorriso era quase maior que o seu próprio rosto. – Quer assistir bob esponja? – Eu perguntei e Amy ficou emburrada. Continuei procurando e Amy negava cada um. O único que sobrou era a gravação de meu casamento com Luke. – Você quer esse...? – Amy sorriu e bateu suas minúsculas mãos. Isso foi um sim?

– O que acha, amor? – Luke perguntou enquanto voltava da cozinha com duas tigelas de pipoca, doce e salgada. – Nossa pequena quer ver o nosso casamento. – Ele continuou, logo em seguida atacou Amy com milhares de beijos.

– Não acredito que você vai trocar hora de aventura por isso, Amy. – Ela fez uma careta e mostrou sua língua. – Dois caras feios... Prefiro Finn e Jake. Vamos Amy, cante comigo, a aventura vai começar, todos junt-

– Mike! Não seja bobo. Nós vamos assistir, foi para isso que gravamos, para assistir depois a qualquer momento.

– Eu estou brincando, babe. – Eu disse e beijei a ponta de seu nariz.

Agora nós gravamos todos acontecimentos importantes. Não sabemos quando algo... Ruim, pode acontecer.

– Pode buscar algumas cobertas? Está frio e Amy pode ficar doente. Se quiser eu vou e você fica com ela, tudo bem?

– Eu vou, não se preocupe. – Eu disse e comecei a subir as escadas. – Não comecem sem mim! – Gritei quando já estava no topo.

Peguei alguns cobertores, algumas meias e estava tentando pegar uma calça para Amy. Não sei porque Luke guarda tudo em lugares altos. Comecei a pular para alcançar, mais acabei caindo e derrubando algo.

Era um álbum de fotos, na capa havia uma foto minha e de Luke nos abraçando. Estava escrito recordações na primeira página com a letra gordinha de Luke. Na segunda há uma mensagem escrita por ele também:

"A vida é uma caixinha de surpresa, coisas extraordinárias podem acontecer debaixo de seu nariz e você sequer dará conta. Você poderá seguir em frente ou desistir de tudo. A vida também é feita de escolhas, de memórias e recordações. E aqui são as nossas.

Luke & Michael."

Sorri e comecei a folhear o álbum.

Eu lembro que sempre esperava a hora em que Luke chegaria no hospital para contar mais uma de suas recordações e a cada dia eu me apaixonava por seu jeito doce de ser. A verdade é que, até hoje, eu me apaixono cada dia mais por Luke.

Depois que eu já havia saído do hospital e já estava em casa, Luke sempre me visitava e me contava como havia sido o seu dia e eu fazia o mesmo. Ele me levou para conhecer Maggie, ela faz desenhos incríveis. Quando ela soube o que havia acontecido fez vários desenhos para mim, como se fossem fotografias, algumas estão no nosso álbum, o qual eu guardo até hoje. Também conheci Calum e Ashton. No começo era estranho, eu até cheguei a achar que Ashton gostava de Luke, mas na verdade ele namorava Calum, até hoje eles namoram. Agora nós saímos em casais. E é tão lindo a maneira como Calum olha para Ashton, é como eu olho para Luke, da forma mais pura e doce.

Luke me pediu em namoro alguns meses depois do acontecido, até hoje eu me lembro de seu rosto corado, suas mãos estavam praticamente destruindo seu suéter de tanto nervosismo. Eu achava que ele nunca iria me pedir em namoro. Ele parecia surpreso quando eu aceitei, e ficou mais surpreso ainda quando eu o beijei.

Com o passar do tempo nós recriamos algumas das recordações de Luke, fomos ao parque, ao cinema e as vezes ele cantava para mim dormir. Agora ele canta para Amy dormir, nossa filha.

É incrível a maneira como nós nos completamos. Hoje eu já não sei o que seria de mim se Luke tivesse desistido de tudo isso.

Depois de alguns anos de namoro nós resolvemos que estava na hora de dar um passo a mais e resolvemos nos casar. Foi quando Luke me pediu em casamento na frente de todos os nossos familiares. Eles concordaram e ficaram felizes com a novidade. E claro, alguém gravou e está guardado até hoje.

Meu pai também foi a favor de tudo, ele pediu perdão sobre tudo que havia acontecido. Ninguém nunca me disse ao certo o que aconteceu, Luke apenas disse "Tem coisas que é melhor não se recordar." Ele e minha mãe não estão mais juntos, mas não é como se fossem dois estranhos.

Luke sempre gravava momentos que ele considerava importante e é claro ele gravou nosso casamento.

Tudo estava tão lindo, cada coisa parecia que foi feita para fazer parte daquele momento. É uma pena que vídeos não possam transmitir cheiro, as flores estavam esplêndidas naquele dia.

Depois de casados, Luke disse que nós iríamos voltar a estudar, porque nunca é tarde demais. Luke hoje em dia é psicológico e eu sou professor de música. Ele tem o seu próprio consultório e eu dou aula em escolas e orfanatos. E foi lá que conheci Amy.

Ela tinha apenas uma semana de vida quando a vi pela primeira vez, tão pequenina e frágil. Luke foi visita-la assim como pedi e ele se apaixonou por ela assim como imaginei. Após alguns meses de muita papelada nós conseguimos a doação. Hoje eu posso dizer que nós não viveríamos sem Amy.

Me levanto da cama para guardar o álbum e limpo algumas lágrimas que insistem em cair. Já era para mim estar lá embaixo assistindo. Peguei os cobertores e a calça de Amy, mas as meias caem, então começo a pegar tudo novamente.

– MIKE! RÁPIDO, TRAGA A CÂMERA! ESQUEÇA TUDO! TRAGA A CÂMERA! – Luke gritou e eu praticamente joguei tudo para o ar. Abro as gavetas derrubando algumas coisas e pego a câmera. Desci as escadas e encontrei Luke chorando e Amy passando o pirulito em seu rosto. – Ligue a câmera! – Ele suspirou. – Diga de novo, meu amor! – Amy permaneceu em silêncio. – Por favor, baby, diga de novo.

– P-papa! Papai! – Ela disse jogando o pirulito no chão e abraçando Luke. – Papai, papai! – Ela disse assim que me viu. – Papai!! – Ela repetia e eu e Luke só conseguiamos chorar.

– Essa é a primeira palavra dela, Mike!

– Eu sei, meu amor. – Sorri, limpando suas lágrimas. – Hey pequena, dê tchau. – Disse fazendo o gesto, Amy tentou imitar e eu encerrei o vídeo.

– Acho que precisamos de um novo álbum. – Luke sussurou e selou nossos labios.

– Nós devíamos comprar um só para Amy.

– Ainda terá muitas primeiras vezes para ela. – Ele disse para si mesmo e Amy sorriu como se estivesse entendo tudo o que estávamos falando.

– Nós iremos gravar tudo, querido.

– As recordações de Amy. – Ele sorriu.

Nossas recordações.

recovery ⇔ muke.Onde histórias criam vida. Descubra agora