fifty

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– Luke Hemmings? – Algum médico me chamou quando eu já estava quase adormecendo na sala de espera.

– Sim?

– Me acompanhe, por favor. – Ele disse. – A propósito, me chamo Henrique. Dr. Henrique. – Ele sorriu e eu me esforcei para retribuir tal ato.

Nós passamos por uma das recepções e o Dr. Henrique pegou sua prancheta e cumprimentou algumas pessoas. Ele está feliz. Então Michael está bem. Certo?

Assim que chegamos no quarto meu coração parecia ter ganhado vida própria - não que ele estivesse morto mas é isso -, sequer consegui disfarçar que estava nervoso. A mãe de Michael estava sentada em uma poltrona ao lado de Michael e quando sentiu nossa presença levantou-se rapidamente e veio me cumprimentar com um longo abraço. Ele sorriu para mim, mas ela não estava tão feliz.

– O que está fazendo aqui? – Michael disse assim que notou minha presença.

Como assim? O que eu estou fazendo aqui? Que tipo de pergunta é essa?

– Eu vim lhe ver. – Suspirei. Eu queria correr para abraça-lo mas ele parecia tão frágil e assustado. – Eu não aguentava mais lhe ver de olhos fechados. – Dei um sorriso fraco e me aproximei com cuidado.

– Por que está chorando? – Ele disse e se afastou um pouco.

Michael está brincando?

– Porque eu achei que ia lhe perder... Porque eu pensei que nunca mais iria ver seus olhos, seu sorriso, eu pensei que nunca mai-

A mãe de Michael estava chorando. Ela me puxou para outro abraço e chorou ainda mais. Eu não sei o que está acontecendo!

Luke, ele não lembra quem é você. Ele perdeu suas memórias mais recentes. - Ela sussurrou. Eu lhe abracei ainda mais forte.

É como se eu estivesse ali por metade, é como se Michael estivesse ali por metade.

Eu sinto muito. Ela continuou.

Michael não se lembra de mim! Meu namorado não faz a mínima ideia de quem eu sou. Isso doi tanto... Eu sou um completo estranho para ele.

– Mãe? Pode me dizer quem é ele? – Ele disse baixinho. Acho que ele não queria que eu ouvisse. Eu só consigo chorar.

– Esse é o Luke, bom, ele é seu namorado, meu amor. – Ela disse se sentando na ponta de sua cama e passando a mão em seus cabelos.

– Namorado? – Ele deu uma pausa como se estivesse pensando. Meu coração havia encolhido naquele instante. Eu quero tanto abraça-lo. – Eu tenho um namorado? – Ele olhou para mim e deu um mínimo sorriso. Ele apoiou suas mãos na cama e fez força para se sentar. – M-me desculpe, não consigo me le-lembrar de você. - Ele disse e uma lágrima desceu por sua bochecha, como em um impulso eu a limpei, Michael se afastou um pouco com o meu toque.

– Podemos deixar eles à sós? – Karen disse. Ela e o Dr. Henrique saíram da sala em seguida.

– Me desculpe por isso... Não quis assusta-lo. – Eu disse e ele apenas acenou. Isso será tão difícil. Ter Michael aqui e não poder lhe tocar.

– Nós namoramos há muito tempo? – Ele perguntou após um tempo de silêncio.

– Não, nós íamos fazer um mês.

– Íamos? Não me lembro de ter terminado com você.

– Não me faça chorar ainda mais, por favor. – Eu disse e Michael ficou calado. – Você quer que eu vá embora? Eu posso voltar amanhã! Ou talvez daqui alguns dias, você prefere uma semana? Talvez você queira um mês ou en-

– Você sempre fala demais, Lukey?

– Você já falou isso pra mim uma vez. – Meu sorriso ocupava praticamente meu rosto todo. Por um instante é como se nada tivesse mudado.

– Mas é verdade. – Ele sorriu. – E respondendo você: eu não quero que você se afaste, pelo contrário, eu quero que você me ajude a lembrar de tudo. – Eu estava em choque. Ele poderia me odiar por dizer que éramos namorados, ele poderia dizer que eu estava louco e que ele nunca namoraria alguém como eu. Mas não. Michael as vezes me surpreende. – Você tem fotos nossas? Vídeos?

– Recordações. – Eu disse baixinho. – Eu nunca tirei fotos com você, eu gostava de ficar lhe admirando e nunca parei para pegar uma câmera fotográfica. E nunca pensei na possibilidade de vídeos, foi tudo tão rápido, eu só gostava de ficar com você o maior tempo possível.

– Me conte suas recordações, Luke. Temos todo o tempo do mundo. – Ele disse e deu um tapinha em sua cama para que eu lhe fizesse companhia.

– Tudo começou quando eu tive a ideia de ser voluntário no hospital...

××

– Eu consegui ver tudo na minha imaginação, Luke. Você é bastante... detalhista. – Michael sorriu e colocou suas mãos em seu rosto para impedir que eu o visse.

Karen e o Dr. Henrique entraram na sala e só então lembrei que estávamos no hospital, eu não vi quando o tempo passou, já estava de noite. O tempo passa tão rápido quando eu estou com Michael.

– Está na hora de você ir para casa, Luke. Eu liguei para sua mãe e ela está preocupada. – Karen disse.

– Michael irá para casa? – Perguntei a ela mas quem se pronunciou foi o Dr.

– Ele ainda ficará por alguns dias no hospital. – Ele disse e anotou algo em sua prancheta.

– Amanhã você vem ver ele novamente, meu bem. – Karen disse sorrindo e olhou para o Dr. – Ele pode, não é? – E o Dr. Henrique sorriu como resposta. Isso definitivamente foi um sim.

Me aproximei de Michael que observava a conversa atentamente e sorri.

– Nos vemos amanhã? – Perguntei baixinho.

– Para mais recordações, Lukey.

Então amanhã irei voltar, irei contar mais recordações para Mike e quando ele sair do hospital, nós iremos fazer novas recordações. E talvez iremos gravar tudo isso.

-x-

me desculpem por isso, eu me esforcei para ficar algo legal, me digam se gostaram, por favor?

recovery ⇔ muke.Onde histórias criam vida. Descubra agora