twenty three

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Acordei com uma forte luz branca sobre mim. Meu corpo todo doía, minhas pálpebras estavam incrivelmente pesadas e minha boca tinha gosto de ferro.

Eu estava ligado há vários aparelhos e... Aconteceu de novo.

Michael Clifford teve outra crise.

Talvez eu não seja forte o suficiente, talvez isso nunca tenha fim. Afinal, por que os meus pulmões não podem ser como os outros?

Já posso imaginar o quão magra e preocupada minha mãe está. E meu pai com certeza está bravo por eu ter atrapalhado os seus negócios.

– Michael Clifford? – Uma voz se fez presente no quarto e logo vi que não estava sozinho. Um homem vestido apenas de branco me observava com uma prancheta na mão. – É bom vê-lo acordado.

Eu tentei respondê-lo, mais não conseguia emitir nenhum som.

– Após várias semanas... Estávamos preocupados. – Ele continuou.

Então foram semanas. Na última vez foram apenas 4 dias. Eu estou piorando.

– Sua mãe está no andar superior, acha que pode recebê-la?

Novamente não consegui responder.

– Vou deixá-lo descansar. – Ele suspirou. – Alguma enfermeira irá trazer os seus remédios, não se preocupe. E novamente, é bom vê-lo acordado.

Tudo voltará a ser como era. Remédios e mais remédios, como se realmente eles fossem me curar, eu não sei porque todos ainda insistem em me manter vivo, eu estou cansado, seria melhor se me poupassem de passar por esse sofrimento.

– M-Michael? – Outro médico? – Você está mesmo acordado. – Um médico bastante novo por sinal, mas ele não usava jaleco e não tinha nenhuma prancheta em mãos. Que estranho... Vi os olhos dele se encherem de lágrimas e para minha surpresa, ele começou a chorar. Eu não estava entendendo nada.

– E-Eu est-tou tão feliz! – O garoto, se é que posso chamá-lo assim, mal conseguia falar por conta das lágrimas, eu podia sentir um leve aperto no peito, eu não sei... Mas sua voz parece tão familiar.

– Não se assuste, por favor, sei que isso parece loucura! Nós nos vimos algumas vezes e... Olha só pra mim, eu estou chorando! Eu sou um bobo, Michael. – Ele se aproximou e ficou ao meu lado. Quanto mais ele falava mais minha cabeça era bombardeada de pensamentos e sensações. – Vai ficar tudo bem...

E então eu lembrei. Essa era a voz dos meus sonhos!

– Será que posso tocar sua mã-

Eu não conseguia ouvir mais nada, apenas conseguia sentir que de alguma forma essa voz sempre esteve presente, e era bastante real pra ser alguma alucinação ou algo do tipo, mas eu não estava conseguindo realinhar meus pensamentos agora, uma dor aguda atingiu minha cabeça e tudo escureceu novamente.

-x-

pergunta: o que vocês fazem quando estão tristes?

eu: escrevo músicas, ou frases aleatórias...

recovery ⇔ muke.Onde histórias criam vida. Descubra agora