O silêncio no escritório era ensurdecedor, dominando todo o cômodo de uma forma desconfortável. As grandes luzes de led branco piscavam de forma leve e com um curto intervalo entre as piscadas, pareciam inquietas demais. A pasta aberta em cima de minha mesa estava cheia de fotos e localizações, junto de alguns relatórios e evidências, mas que nada se encaixava e nem faziam sentido.Esse caso 1001 é um tipo de enigma que, desde que finalizei a faculdade, eu já estava acostumado a resolver e com certa facilidade. Mas... não sei dizer, algo estava diferente. Por que raios nada estava coincidindo com as informações!?
A vítima era um homem de vinte e oito anos, foi encontrado morto com o rosto desfigurado e com vários cortes pelo corpo em um beco do centro de Seul. E, aparentemente, não tinha nenhum histórico ruim ou indícios de algo suspeito. Também não tinha nenhum inimigo registrado, muito menos algum motivo plausível para que alguém queira retirar sua vida de forma cruel. No entanto, aprendi que as aparências costumam nos enganar. Sempre enganam aqueles não atentos.
Comecei a andar pelo grande cômodo e minha mente se revirava em cada detalhe da cena do crime. O cheiro da terra molhada pela chuva parecia ter ficado impregnado na minha cabeça. Mas eu preferia acreditar que era apenas o meu cérebro tentando preencher as lacunas que não estavam dando certo.
— Conseguiu avançar em algo?
A voz de Park me inundou com o seu tom aveludado que tanto amo, me tirando dos devaneios. Parte de seu corpo estava apoiado na porta, seu rosto demonstrava o cansaço, o que constrastava com os pequenos olhos determinados.
Mesmo que esteja em um momento turbulento e difícil, parecia que ele queria carregar todo o peso do mundo com uma força que eu nunca entendi completamente. Sempre foi assim com ele desde o colegial.
— Ainda não, amor. Tudo isso parece... não sei, meio vazio, sabe? Como se algo faltasse para que eu consiga juntar os fatos.
— É porque realmente falta. – se aproximou e pegou um dos vários relatórios, começando a folheá-los – A única coisa que tenho certeza é que o assassino sabia muito bem o que estava fazendo. Não deixou nenhum rastro óbvio, mas ninguém consegue cometer um crime perfeito. As mentiras sempre escapam.
Concordei, mesmo que eu estivesse com a mente longe demais para responder qualquer coisa.
Tinha algo que me incomodava demais nesse caso, mais do que o habitual. Não se resumia apenas na sua complexidade, acabava sendo mais pessoal do que uma forma que não tinha explicações.
— Você parece diferente hoje. – comentei na tentativa de me livrar dessas conclusões.
— E você cansado, querido. – ouvi seu suspiro, mas ele não me olhava – Descanse um pouco, irei cuidar disso por enquanto.
Não pude evitar em soltar um sorriso bobo nos lábios. Jimin sempre foi alguém bem preocupado.
Deixei o escritório e fui até a cena do crime. O corpo já tinha sido recolhido e embrulhado dentro de um saco plástico preto, mas ainda tinham manchas de sangue e uma marcação feita com giz branco. O beco estava vazio, exceto pelos policiais um pouco ao longe e o som das ambulâncias e das viaturas.
Me aproximei e me ajoelhei próximo o bastante da poça de sangue que já estava secando e que tinha algumas marcas ali.
Por que eu sinto que já estive aqui? Uma memória parecia querer me dar um soco.
Balancei a cabeça, deve ser apenas o cansaço.
Voltando para o escritório, Jimin ainda analisava as fotos com atenção. Parecia que estava perdido em suas próprias dúvidas e pensamentos, enquanto olhava para uma imagem em específica.
— Essa foto... – sussurrou, mesmo que eu tivesse ouvido.
— O que tem ela?
— Acho que encontrei algo.
Andei para perto de seu corpo, mas ele continuava a analisar e avaliar a foto em mãos, não olhando para mim. Seus lábios estavam sendo pressionados, formando uma linha fina.
— Irei para a cena do crime novamente amanhã. Deveria ir descansar.
Já era a segunda vez em que ele repetia isso... eu deveria começar a seguir esse conselho com mais seriedade.
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CASO 1001 - JIKOOK
Hayran Kurgu[ EM ANDAMENTO! ] O Caso 1001 parecia apenas mais um enigma a ser resolvido para o detetive Jeon Jungkook. A vítima, um jovem com uma vida aparentemente comum, esconde segredos que colocam Jungkook em um caminho de perguntas cada vez mais pessoais...