T1 e ep.1 - o começo

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Na pequena cidade de Valdarez, os habitantes viviam suas rotinas aparentemente normais, enquanto o mundo ao redor desmoronava em caos. A poluição sufocava as florestas e rios, as máquinas dominavam os trabalhos, e o consumismo desenfreado corroía os valores da sociedade. As pessoas seguiam distraídas, exceto por um grupo de amigos que se reunia com frequência para debater o rumo que o mundo estava tomando.

Josefina, uma jovem idealista, estava sentada à mesa de um bar simples, cercada por seus amigos. Ela era determinada, sempre questionando o impacto das novas tecnologias e do consumismo sobre a humanidade.

Josefina:
- Não consigo entender como chegamos a esse ponto. A tecnologia avança, e nós parecemos estar cada vez mais desconectados de quem somos.

Clondines, um jovem cínico e pragmático, responde, mexendo em seu celular:
- Acho que isso faz parte da evolução. Sempre foi assim. Se não fosse a tecnologia, não estaríamos aqui, certo?

Rodrigues, um homem mais velho, interveio:
- Clondines, essa não é a questão. A tecnologia deveria servir à humanidade, não nos dominar. Olhe à sua volta, as pessoas não conseguem ficar um minuto sem esses aparelhos.

Paulo Toledo, um engenheiro ambiental, preocupado com as mudanças climáticas e a poluição, balança a cabeça:
- E não é só isso. Estamos destruindo a natureza. A ganância por lucro a qualquer custo está nos levando ao colapso. As florestas estão desaparecendo, os mares estão sendo envenenados. O que vamos deixar para os nossos filhos?

Nesse momento, Olivia, uma estudante de filosofia, acrescenta:
- O problema é que perdemos o sentido de coletividade. O consumismo nos ensinou que felicidade está em coisas, não em pessoas. E quando você está ocupado comprando a próxima coisa, não se importa com o que está destruindo no processo.

Oliver, irmão de Olivia, um escritor que passava mais tempo refletindo sobre as questões da vida do que participando de debates, finalmente fala:
- Concordo, mas acho que o problema é mais profundo. A questão não é apenas o que estamos fazendo, mas por quê. Nós fomos manipulados a acreditar que o valor de uma pessoa está no que ela possui, não no que ela é. A publicidade nos vende ilusões, e nós as compramos.

Cristina, ativista ambiental, sempre direta em suas palavras, desabafou:
- E o que faremos sobre isso? Podemos continuar reclamando, mas enquanto não agirmos, nada muda. O que importa é mudar nossas práticas. O que está acontecendo com o planeta não pode ser ignorado.

Romeu, um jovem empresário que se sentia preso entre sua ambição e seus valores, respondeu:
- Vocês sabem o quão difícil é mudar o sistema. Eu mesmo estou no meio disso. Eu quero fazer algo bom, mas sinto que estou constantemente comprometendo meus princípios por causa da pressão do mercado.

Maria, esposa de Romeu, olhou para ele com empatia e disse:
- Você não está sozinho, Romeu. Mas a verdade é que todos nós precisamos mudar nossa forma de pensar. Não é só sobre a ambição de uma pessoa ou a ganância de uma empresa. É sobre todo um sistema que foi construído em cima de valores errados.

De repente, um som de risada ecoou pelo bar. Todos se viraram para ver um homem estranho entrando. Ele usava um terno preto bem ajustado, com olhos brilhantes e um sorriso sinistro no rosto.

Homer Jackson, um antigo conhecido de Rodrigues, parecia estar diferente daquela última vez que o viram. Ele havia perdido peso, mas sua presença era marcante. Ao seu lado, uma figura ainda mais enigmática se fez notar: um homem de terno vermelho, com um semblante perverso.

Homer:
- Bem, bem... Vejo que o debate aqui está interessante. Vocês estão todos preocupados com o destino da humanidade, não é? Como se pudessem mudar alguma coisa.

Diabo, o homem de vermelho, com um sorriso cortante, interrompeu:
- Exatamente. Humanos... sempre preocupados com o que não podem controlar. Vocês estão presos em suas pequenas existências, acreditando que suas ações fazem alguma diferença. Patético.

A atmosfera na mesa ficou pesada, mas Lauram, uma artista que sempre acreditava na força da criatividade, olhou diretamente para o homem de vermelho e o desafiou:

Lauram:
- Quem é você para nos dizer o que podemos ou não fazer? O que você fez além de observar e zombar? Se estamos em caos, é por causa da ganância que você representa!

O Diabo deu uma gargalhada, enquanto todos à mesa olhavam para Lauram com admiração e cautela.

Diabo:
- Ganância? Vocês falam como se eu fosse o único responsável por isso. O que vocês acham que é o mundo agora? Todos estão atrás de mais. Mais dinheiro, mais fama, mais tecnologia. Tudo isso para alimentar o vazio dentro de vocês. Eu só mostro o caminho.

Josefina, com raiva, se levantou:
- Não é verdade! Não somos assim. Queremos um mundo melhor, e vamos lutar por isso!

Diabo:
- Lutem quanto quiserem, querida. Mas vocês, humanos, sempre caem nas mesmas armadilhas. Eu apenas as criei para facilitar o caminho. A verdade é que vocês não resistem ao brilho do ouro, à promessa do poder, ao conforto da tecnologia.

Homer Jackson, que parecia estar sob controle do Diabo, falou em um tom zombeteiro:
- E vocês acham que são melhores do que isso? Vocês são todos iguais. Eu estive em seus sapatos, tentando mudar o mundo, e sabem o que aconteceu? Eu me vendi. Todos vocês se venderiam, cedo ou tarde.

Rodrigues, com um olhar firme, replicou:
- Talvez muitos de nós já tenham caído. Mas ainda há aqueles que acreditam que podem mudar. Não se trata de perfeição, mas de intenção.

O Diabo olhou ao redor, como se estivesse entediado com o discurso. Então, ele disse:

Diabo:
- Vocês querem uma saída? Uma maneira de resolver todos os seus problemas? Vocês podem ter tudo, basta renunciar à luta. Deixem a maré os levar. É mais fácil assim, acreditem em mim.

Houve um silêncio inquietante. Era como se o tempo tivesse parado. Até que Oliver, que havia ficado em silêncio a maior parte da conversa, olhou para o Diabo e disse:

Oliver:
- Nós somos capazes de muito mais do que você pensa. A humanidade comete erros, sim. Mas é na busca pelo melhor que nos tornamos mais fortes. E talvez seja essa luta que nos faz realmente humanos.

O Diabo estreitou os olhos, mas Oliver continuou:

Oliver:
- Você pode zombar, tentar nos desviar do caminho. Mas não pode nos fazer desistir. Nem todos se rendem à sua ganância. Há esperança.

O Diabo ficou quieto por um momento, e então deu um sorriso irônico antes de desaparecer na escuridão. Homer Jackson parecia ter recobrado parte de sua sanidade, e o grupo sabia que a batalha estava longe de terminar. Mas naquele momento, sentiam que haviam recuperado algo ainda mais importante: sua fé no futuro e em si mesmos.

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