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Eu particularmente evito muitas coisas.

Eu evito conversas, pessoas, lugares, objetivos e o que puder, quiser surgir em minha mente naquele momento.

Passando a minha vida inteira evitando ser um incômodo, um fardo para aqueles que estavam ao meu redor.

Vivendo de maneira comportada, silenciosa.

Contudo, aos poucos comecei a afrouxar esse lado me permitindo experimentar ao menos pequenas diversões, emoções, sensações que lia em meus livros.

Um, dois, três encontros para ser exato.

E, o número três nunca foi tão atraente para mim como é até hoje.

— Do que você está falando sozinha? — ele dizia se aproximando mais de mim quando viu que eu murmurava comigo mesma. Um velho hábito que adquiri na infância e que agora sendo adulta não conseguia deixar de fazer, abrir mão.

— Dialogar comigo mesma em voz alta acaba sendo automático! — eu dizia para ele, que ao ouvir sobre isso ficou com um semblante surpreso.

— Você está dialogando com você mesma ou está imaginando estar conversando com alguém? — ele dizia tentando compreender melhor aquilo tudo.

— Isso faz alguma diferença? — eu dizia não entendendo bem aquela pergunta que ele tinha me feito.

— Claro que tem! Por que você iria imaginar uma conversa com uma pessoa ao invés de ir falar diretamente com ela? — ele argumentava tentando explicar o objetivo daquilo tudo.

— Eu não sei... — eu dizia começando a entender lentamente o ponto no qual ele estava se referindo, percebendo que realmente não fazia muito sentido. Mas também não sabendo justificar a razão de como começou ou motivo pelo qual ainda continuava com isso.

— Então, você precisa ver isso com um profissional logo. Antes que acabe se perdendo da realidade! — ele dizia em meio aos risos se afastando de mim. E, quando eu percebi, ele não estava mais ao meu lado.

Sonhando com o OceanoOnde histórias criam vida. Descubra agora