12.

19 11 0
                                    

Eu acabei sendo acordada pela enfermeira, que indicava que já era hora do jantar e que já tinham deixado a minha bandeja contendo o meu jantar em cima da mesinha que ficava ao lado da minha cama. Concordei balançando a minha cabeça indicando para ela que eu tinha compreendido, e enquanto me levantava percebi que as luzes do quarto já estavam acesas.

Depois que começava a escurecer todas as janelas do quarto mantinham as suas persianas fechadas, de modo indireto dizendo para os pacientes de que não era permitido a saída ao jardim ou para a horta, apenas nas áreas fechadas que eram permitidas dentro do hospital até uma determinada hora. Pois depois de algumas horas após o jantar não se era permitido sair do quarto sem a permissão do médico ou enfermeiro, indicando que era hora de descansar dentro da sua ala, quarto.

Não éramos obrigados a ir dormir, apenas nos casos de quem sofria com problemas de sono, que acabavam tendo o auxílio de remédios para conseguirem ter um descanso por completo fisicamente e mentalmente.

Como eu acabei dormindo a tarde inteira, fui permitida a ficar na área de atividades. Um ambiente localizado dentro do próprio hospital. Era um local espaçoso que continha uma televisão, sofás, uma enorme estante contendo inúmeros jogos de tabuleiros, e etc.

Até cogitei em ficar por um tempo nessa sala de atividades, que por coincidência ou não, eu estava autorizada pela minha psiquiatra a ficar, caso eu quisesse. Um pensamento que surgiu em minha mente de que ela já imaginava que eu provavelmente poderia querer estar lá, justo no dia em que durante a nossa sessão, pela primeira vez desde que estou aqui, não soube responder uma pergunta tão simples feita por ela.

Responder ao fato de eu não ter apresentado ou falado aos meus pais a respeito do meu envolvimento com Kyo, visto que estávamos morando juntos há bastante tempo.

Eu não fazia ideia da razão de não ter mencionado sobre ele, ainda mais depois de tanto tempo em que estamos juntos. Mesmo que minhas idas para casa dos meus pais seja algo que eu goste de fazer, eu sempre dialogo com a minha mãe a respeito do meu trabalho e de coisas que eu desejo cozinhar durante a semana. Sendo que o motivo principal das ideias para cozinhar são de comidas que Kyo estava desejando levar em sua marmita para o trabalho ou para jantar junto comigo.

Mais um motivo relevante e de uma possível brecha para eu ter mencionado sobre o Kyo, pelo menos com a minha mãe.

E, quanto mais eu pensava nisso, mais a minha mente me deixava frustrada por não saber uma resposta que fosse pelo menos plausível e um pouco aceitável.

Assim que terminei o meu jantar decidi aceitar a sugestão de ficar um tempo na sala de atividades, para o caso de alguém estiver por lá também e poder trocar uma conversa e distrair os meus pensamentos sobre essas coisas que estavam começando a atormentar os meus pensamentos. Porém, infelizmente ao dar uma olhada rápida pela sala de atividades, observei que a mesma estava vazia.

Parecia que naquela noite todos os pacientes, menos eu, estavam tendo uma noite no qual só desejavam dormir ou ficar em sua própria ala.

Eu sabia que não ficaria sozinha, pois algumas das enfermeiras surgiriam a qualquer momento no ambiente, mesmo que permanecessem a certa distância de mim, como forma de me dar privacidade. Contudo, como eu não queria fazê-las ficarem ali somente comigo, voltei para a minha ala, quarto.

No momento que entrei na minha ala, quarto, minhas colegas de quarto já estavam deitadas em suas camas. Provavelmente cansadas do dia corrido que tiveram cuidando das hortas e dos jardins. Algo que também acontecia comigo desde que comecei a estar neste hospital.

No entanto, essa noite, pela primeira vez desde o tempo em que estou internada aqui, eu sabia que não teria a mesma noite de sono tranquilo e feliz que tive nos dias anteriores.

Pela primeira vez, desde o dia da minha internação, estava começando a desejar, cogitar que o Kyo viesse aqui me ver. Pelo menos um pouco que fosse.

Sonhando com o OceanoOnde histórias criam vida. Descubra agora