Capítulo 14

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| Sakusa Kiyoomi

Eu nunca soube lidar com pessoas como Miya Atsumu. Ele era um furacão, uma força imprevisível que não respeitava barreiras ou convenções.

Desde o momento em que entrou na minha casa, como se fosse um velho amigo que eu não via há anos, já havia me desestabilizado completamente.

E, no entanto, ele parecia tão à vontade que até meu desconforto começou a parecer fora de lugar.

— Então, Omi, o que a gente vai fazer? — Ele perguntou, jogado no meu sofá como se fosse dele, uma das pernas pendurada no braço da poltrona enquanto esticava os braços para trás.

— Primeiro, você pode começar me dizendo o motivo real de ter vindo até aqui, — retruquei, cruzando os braços.

— Ué, já disse, — ele respondeu com um sorriso despreocupado. — Eu queria te ver. E, bom, eu não sabia que você morava num lugar tão... minimalista. É tipo sua personalidade em forma de apartamento.

— Isso foi um elogio? — perguntei, estreitando os olhos.

— Sempre, Omi. Eu sou só elogios quando se trata de você, — ele respondeu, piscando.

Suspirei, balançando a cabeça, mas não pude evitar o pequeno sorriso que escapou. Ele era ridículo, mas de alguma forma, parecia estar exatamente onde deveria estar.

— Se vai ficar aqui, pelo menos faça algo útil, — eu disse, tentando parecer severo. — Escolha um filme.

Ele arregalou os olhos, surpreso.

— Kiyoomi Sakusa sugerindo um filme? Isso é novo.

— Não faz drama, Miya. É só um filme.

— Tá, tá, — ele respondeu, levantando-se para vasculhar minha estante com entusiasmo infantil.

Depois de muito debate (que na verdade foi só ele insistindo que eu não tinha bom gosto enquanto descartava metade das opções), acabamos assistindo a uma comédia leve.

Miya tagarelava durante o filme inteiro, comentando sobre as cenas, imitando vozes e soltando pequenas piadas que, para minha surpresa, me fizeram rir algumas vezes.

— Tá vendo? Eu sou ótimo em escolher filmes, — ele disse, entre uma mordida e outra em uma batata que tinha tirado do bolso da jaqueta.

— Quem carrega comida no bolso, Atsumu? — perguntei, incrédulo.

— Gente prevenida. Quer um pouco?

— Passo.

Ele deu de ombros, voltando a se concentrar no filme. A leveza dele era desconcertante, como se não houvesse nada no mundo que pudesse realmente abalá-lo. Eu odiava admitir, mas aquela presença fácil e cheia de vida era estranhamente reconfortante.

Quando o primeiro filme acabou, ele já estava vasculhando novamente, insistindo em colocar algo de ação desta vez. Eu cedi, incapaz de resistir àquele sorriso travesso.

— Sabe, Omi, você deveria relaxar mais, — ele comentou no meio do segundo filme, esticando-se preguiçosamente no sofá. — A vida é mais legal quando você não tenta controlar tudo o tempo todo.

— E você deveria aprender a levar as coisas a sério, — retruquei, mas meu tom saiu mais brando do que eu pretendia.

— Ei, eu levo coisas a sério quando importa, — ele respondeu, sorrindo de canto. — Só acho que tem que saber quando deixar a seriedade de lado. Tipo agora.

Eu não consegui responder. Não porque ele estava certo, mas porque havia algo na maneira como ele me olhava que me desarmava completamente. Era tão fácil para ele estar ali, e eu...

Not Fall In Love | Sakusa x Atsumu Where stories live. Discover now